Seja bem-vindo!

A estrada da tua felicidade não parte das pessoas e das coisas para chegar a ti; parte sempre de ti em direção aos outros. (Michel Quoist)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos





MONTE BELO


O PARAÍSO


DOS MEUS SONHOS



Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo - 2002 -

NESTOR DE OLIVEIRA FILHO

E-mail: nofzpto@gmail.com 
Vila Biasi – cep 13466-706
AMERICANA -SP



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Todos os direitos desta Obra são reservados ao Autor.
(Edição deste exemplar Agosto de 2010)



AGRADECIMENTOS

Primeiro agradeço a Deus por me dar a vida, a Jesus por me ensinar o caminho e ao Espírito Santo por me dar a inspiração. Agradeço aos meus pais por me darem a vida humana, e fazer com que eu me tornasse um homem. Também, à minha esposa Zenaide e aos meus quatro filhos: Maria Auxiliadora, Nestor Ezequiel, José Roberto e João Paulo, juntamente com meu genro Edivaldo, e noras Viviane e Jussara; pelo incentivo, e por me compreenderem em todas as circunstâncias da vida.

E ofereço este trabalho aos meus netos, Bruno Albert, Aline Maria, Vitor Henrique, Gabriel, Estêvão, que estão ao meu lado, ao Vinicius Henrique que está com Deus; e, ainda, à outros que hão de vir, se Deus quiser!


Os netos são as flores de um jardim que, um dia com muita dedicação, um casal amorosamente cultivou e plantou!
O Autor.




APRESENTAÇÃO

Não é minha pretensão, ao apresentar este trabalho, que me chamem de poeta, mas, simplesmente um sonhador. Pois é sonhando que se tem esperança, e quando tem esperança se sente confortado, e este conforto traz a paz. Na paz sente-se realizado, e a realização traz a felicidade. Na felicidade encontra-se o amor; e vivendo o Amor – ágape – vive-se em Deus!

Na minha infância, em casa com toda a família reunida, ou na lavoura quando cada um com uma enxada os acompanhavam nos trabalhos da roça, meus pais contavam-nos belas histórias, contos e estórias. Contavam-nos muitos fatos interessantes acontecidos na família, fatos que vinham desde a mocidade de seus avós, de seus pais, passando pela infância e juventude de meus pais e chegava até nós, com nossas peripécias e artes. Esse carisma de meus pais marcou-me muito, e assim tornei-me um sonhador...

Obs: Se algumas datas ou alguns fatos não estiverem de acordo com os reais – mesmo eu tendo me empenhado ao máximo para acertar – perdoem-me, porém, o meu intuito foi escrever um livro mais poético que histórico.

ESTE É UM TRABALHO BEM SIMPLES, MAS, É NA SIMPLICIDADE QUE SE ENCONTRA DEUS.

NOF
Americana, 2002.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos                                                                                                              

MONTE BELO, COLINA - SP

“O PARAISO DOS MEUS SONHOS”

Nestor de Oliveira Filho


****

Eu nasci no São Joaquim,
Lá vivi um ano de vida.
Depois vivi mais quatro,
Na fazenda Aparecida.

São Joaquim é em Colina,
Nesta, terra em que eu nasci.
Aparecida é da vizinha,
Cidade de Jaborandí.

Com cinco anos de idade
Fui morar em Monte Belo.
Foi lá que eu passei, na vida,
Os meus anos mais belos.

Bom tempo, aquele, seu moço!
De alegria e pé no chão.
Beber água limpa no poço
Jogar filipe e rodar pião.

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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Monte Belo tão querido
Não me sai do pensamento
Vou falar, aqui, de ti;
Pois é meu contentamento.

Tens as cores da bandeira
Branco, azul, verde e amarelo.
Eu te amo imensamente
Meu querido Monte Belo.

Tem azul no teu riacho
E o teu céu é cor de anil
Manto azul lá na capela
Da padroeira do Brasil.

Os teus campos, verdejantes.
Verde é a cor das plantações.
No esporte o branco e o verde
Sempre honraram as tradições.

Amarelo é a cor do ouro,
Na colheita; é o grão de milho,
Na laranja madurinha,
Bons trabalhos de teus filhos.

Ouro forte era o café
Naquele tempo de outrora.
Tu eras um grande produtor!
Não sei se és, ainda, agora.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

O teu chão abençoado
É todo branco, no areião.
Branco é a cor da paz sagrada
Conquistada em oração.

De manhã na fazenda amiga
Desponta o sol no horizonte
Pássaros farfalham em cantigas
Voam as aves e jorra a fonte.

Vê o azul, no verde monte...
Onde o céu com a terra se liga.
De um carro transpondo a ponte
Ouve-se longe uma cantiga.

Ouve-se o mugido da boiada
O zurrar dos burros pastando
O relinchar da cavalhada
E no terreiro o galo cantando.

No futebol o Monte Belo
Foi o maior na região.
Com o pé fazia o gol
E erguia o troféu com a mão.

Monte Belo é um bairro rural
Da cidade de Colina -SP-.
Cidade, meu, berço natal.
Falar bem de ti é minha sina.

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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos                                                                                                            

A festa da padroeira
Era sempre em setembro.
Dia oito era santo,
Isso ainda eu me lembro.

Lá havia uma árvore,
Ela era a maioral,
A mais gigante da terra,
Eu nunca vi outra igual.
A festa se realizava
À sombra daquela figueira.
Os seus galhos protegiam
A comunidade inteira.

Tinha o bar e as barracas,
O coreto pro leilão,
Todo povo da redondeza,
Uma grande multidão.

A festa já começava
Com uma bela alvorada.
E com o padre e os fiéis,
Uma missa era rezada.

Via-se naquele povo
Uma grande devoção.
Seguir a imagem da Santa,
Todos juntos em procissão.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Terminado o preceito,
Com Jesus, o rei da messe,
O povão com alegria;
Iam todos pra quermesse.

Nos meus versos a seguir
Vou testar minha memória
Monte Belo, anos cinqüenta,
Recordar a sua história.

Eu não sou pretensioso
De recordar todo o passado.
Mas, daquilo que me lembrar,
Espero que seja aprovado.

De alguns eu não me lembro.
Vou falar de quem lembrar.
Os outros que me desculpem,
Peço pra me perdoar.

O senhor Antônio Paro,
Família de tradição,
Às crianças do Monte Belo
Ele ensinava a religião.


Seu Antônio falava firme
Com fé e convicção.
No catecismo; algum barulho,
A varinha pedia atenção.

     


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Poderia escrever mais coisas,
Do seu Antônio, com carinho.
Todos os meses, trocar fubá,
Eu ia ao seu moinho.

Dona Eugênia Girardi Paro
Bem pouco eu conheci.
Vítima de dor reumática
Nem à capela podia ir.

Dona Lúcia é a predileta,
Dos pais, o braço direito.
Educou até sobrinhos,
Pajeou neném de peito.

A Lúcia, bem cuidadosa,
Zeladora da capela.
Benemérita do bairro,
Devemos favor a ela.

Seo Luiz com dona Santa
Pais do Zezinho, Nilo e Nenê,
Do Zeferino, Zico e Lurdinha,
Do Luizinho, que eu queria ver.

No armazém, Zeferino e Zezinho.
A Clarinha em casa ficava.
O Zico era o músico da igreja
E o Nenê no café trabalhava.

   
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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

O Nilo foi longe estudar
Luizinho, menino, brincava.
Lurdinha moça faceira,
Em casa, sua mãe ajudava.

Bepim Paro, Dionisia Giachetto,
Grande prole, digo assim.
Administrava. Jogava baralho.
Na bótia, era bola ou bolim.

O Toninho guiava trator
O Paulo arava o solo
Maria Eugênia menina bonita
E o Nilo garoto de colo.

A Gilda e a Vera eu via
Brincando em frente o armazém
Jair e Marquinhos lutavam
Rolavam e brigavam também.

Eu e o Jair, grandes amigos,
De arapuca e estilingue saia caçar,
Brincar de esconder, à noite no pasto,
No poço do rio, à tarde nadar.

Era, sim, uma grande família,
Dez pessoas, não sei bem o certo.
Só depois que eu mudei de lá
Nasceram a Tânia e o Gilberto.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

O João Paro, homem tão bom!
Piquira, apelidado, no esporte.
Atacante, de bico chutava.
Parecia um canhão de tão forte.

Foi prefeito da nossa cidade
Ajudou muita gente; os pobres.
Limpou a sujeira imunda
Sempre teve a conduta de um nobre.

Dona Ercília, naquela escola,
Grande mulher e boa professora
Dois anos eu fui seu aluno
Minhas dúvidas sanava na hora.

Na escola meus companheiros,
Os teus filhos, Celso e Isaias.
A Zezé eu à via na missa
E a Marisa, pouco eu via.

O Tonico jogou na defesa
Daquele famoso esquadrão
Se jogasse assim hoje em dia
Ele iria para seleção.

A Nilza Spechoto eu vi lá,
Seus filhos sempre cuidando.
Tonico, patrão, bom e honesto.
Eu ouvia meu papai falando.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

A Mariniza e a Rita, meninas.
O Wagner menino arteiro
O Paulinho e o Ricardo não tinham
Eles vieram por derradeiro.

Seu Nivaldo, diretor da escola.
Sua esposa, não me lembro o nome.
Além de bom diretor
Foi juiz, também, esse homem.

Henrique Paro, muitas fazendas.
Muito gado de raça boa
Fomos felizes morando ali
Dona Silvia era nossa patroa.

A fazenda quem administrava
Era o João, o seu filho herdeiro.
Severino, fiscal, bem durão;
Mas, leal e bom companheiro.

João Henrique, esposa Adelaide.
Filha Marilda e filho Jan-João
Duas gêmeas, e caçula César.
Assim formava a família do patrão.

Dona Adelaide, meu pai me falou,
Mulher bondosa, grande coração.
Mamãe doente, socorro pediu,
Ela assistiu e teve compaixão.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Senhor Nestor e dona Maria
Sete filhos tinham, então.
Quando mamãe mudou-se de lá
No ventre trouxe o (Bosco) João.

Meu pai, honesto e trabalhador,
Dizem que foi até bom da bola.
Com seu pai aprendeu a escrever
Sem, nunca um dia, ter ido à escola.

Naquele tempo, mamãe querida...
Para nos criar, muito sofreu.
Crianças arteiras e às vezes doentes
Com carinho, sempre, nos defendeu.

Minha irmã Lídia, filha primeira,
Elogiada na bonitez
Casou-se e teve dois filhos
Com o bom, Waldomiro Camolez.

Unidos foram trabalhar
Na fazenda do seu tio Zelão
Ali nasceu o Zé Roberto
Primogênito, lido garotão.

José meu irmão, moço forte,
Bonito de se gabar
Fazia garotas do bairro,
Por ele, brigar e chorar.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Bom de bola foi o Antônio
No gramado foi batalhador
Se a bola, por ele passasse,
Não passava o jogador.

Sobre mim não sei falar,
Nem vantagens e nem castigos
Isso eu deixo para vocês
Que são meus grandes amigos.

Para a Maria meu pai dizia
É macieza, essa filha minha.
A Tiana é a filha caçula.
Muito meiga é a Terezinha.

O senhor Emílio Paro
Bom massagista, ele foi.
Foi juiz e vendia doce
Era o matador de boi.

Na colônia se alguém, doente,
Precisasse tomar injeção,
Seu Emílio fervia a agulha,
Prestativo fazia a aplicação.

Dona Alice sua esposa,
Fez calça social e esporte.
Em sua casa eu brincava,
E tomava um café forte.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Cláudio e Nego, no campinho,
Eu e o Tonho meu irmão,
Sempre juntos lá brincávamos
Com a bola de capotão.

Éramos amigos de verdade
Aonde um ia todos queriam ir.
Nadar, jogar bola, ou no pomar,
Nestor e Antônio, Cláudio e Claudenir.

A Adenir ia lá em casa
Passear com minha irmã.
Cresceu ficou moça e casou
Com o moço, Gelino Trevizam.

Na família eram em cinco,
Passado tempo veio um mais.
José Emílio um lindo garoto,
O caçula teve o nome do pai.

Belo sítio, o do João Paro.
O Angelim e a dona Pina,
Compadres dos meus pais,
Por eles tinham grandes estima.

Dos filhos me lembro, dois;
Paulinho bom filho era.
Junto com o Nino, um dia,
Em seu olho eu joguei terra.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Senhor Elpídio, homem bom,
O servente da escola.
No sábado passava cinema,
Era fanático na bola.

Sua esposa dona Matilde.
Filha Aparecida virou freira.
Com o Antônio José, na escola,
Sentei na mesma carteira.

Ademir é o filho terceiro.
Isabel tem no nome, Maria.
Moraram no grupo escolar
Essa, boa, querida família.

A saudade dos meus avós
Eu carrego à vida inteira.
No sítio do Elpídio Alves
Morou o Ezequiel de Oliveira.

Guerino Tonus, bom e pacífico,
Tinha uma filharada.
Dona Aurélia, alma bondosa,
Sempre foi mãe dedicada.

Seu Guerino homem de fé
Rezava com os congregados
Fim de semana, no armazém,
Trabalhava para os cunhados.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Senhora Aurélia, sempre, eu via.
Lá na igreja a rezar,
Também passando em seu sítio,
Quando eu ia, meus avós, visitar.

A Terezinha, moça formada,
Deus convocou, ela escutou.
Deixou a família e o sítio
E no convento se internou.

Com muita fé seguiu Jesus
Foi fiel sua vocação
Saiu pregar a lei de Deus
Com amor e devoção.

José Antônio foi coroinha
Na igreja eu vi rezar
Deixou a casa ainda menino
Foi pra cidade estudar.

Luiza, bondosa e meiga,
Fascinada pela religião
Foi morar longe de casa
Seguiu a irmã e o irmão.

Zé Mário, na bola e na escola,
Foi meu parceiro também.
Braço direito do pai,
Na roça, trabalhou como quem.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Zenaide na idade da infância
Já trabalhava sem embaraço.
Nas refeições só queria frutas,
Igual o, passarinho, sanhaço.

A do Carmo e a Isabel
Na escola e igreja, eu às vi.
A Lourdes e a Bernadete
Só mais tarde, eu às conheci.

Antônio de Souza e família
Vi no sítio capinando
João, José e Aparecida.
Muitos filhos tinha o baiano.

O baiano depois foi morar
Lá no sítio do Ernestinho.
Um dia em frente o armazém
Eu vi ele tombar o carrinho.

Estavam o Pedro e o Paulo,
Também, Juvenal seu irmão.
Foi moleque pra todo lado,
Naquele grande poeirão.

Deixemos a brincadeira
Vou dizer a pura verdade
Tinha o cavalo, guarani,
Uma boa velocidade.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Da família Maciel,
Olavo, Orlando e Zezé.
No pasto vacas leiteiras,
Na lavoura muito café.

Das meninas, lembro da Norma,
Da Marta, Nadir e Marli.
Naquele grupo escolar
Estudamos juntos ali.

José Alves com sua charrete
No bairro andava garboso.
Dona Florípedes era sua esposa,
Seu empregado era João Veloso.

Solteiros, o Nené e o Pio,
Filhas, Luiza e Odete.
Amélia casou-se com Afonso,
Boleiro que passava o beque.

Maria casada com Osvaldo
Que na Três Pontes morou
Perto da mata dos Junqueira
Onde meu pai, madeira tirou.

João Alves tinha a Bela.
Girardi e Maciel, seus parentes.
E os da dona Filomena
Não posso deixar ausentes.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

O Pedro é o mais novo.
José, Luiz e Armando.
Odete, Alvina e Olinda,
Mais alguém, estou lembrando.

No Antônio Girardi o Parizoto,
Bom sanfoneiro, tocador,
Seu nome era Arlindo
E do seu filho, Salvador.

Ali morou meu tio José,
A Ziza minha madrinha.
Bom na enxada (Zé Carioca),
Este apelido ele tinha.

Eles tinham uma filharada
Nina, Nino, Zé Paulo, Luzia.
Tinha o Dídio e mais alguns,
Um por ano ali nascia.

Noutro sítio certa ocasião,
No eito, Carioca saiu na frente.
Alguém atrás gritou nervoso,
No bolso você tem a cobra serpente? !

Ele respondeu, isso eu não faço!
O meu Deus tem a cruz no calvário.
Nossa Senhora é minha protetora
E no bolso eu trago o meu rosário.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

O senhor Atílio Zari;
Lindas filhas ele tinha,
Sua esposa dona Florinda,
Sempre foi boa vizinha.

Nossa vizinha, dona Isabel,
(Espanhola) Rodrigues Aragão.
Antônio, Luiz, Paco, Diogo.
E Domingos; moleque brigão.

Depois vieram os Pampolins
Ana, Arlindo e irmão.
Também a mãe era Izabel,
E o senhor, chamava-se, João.

Da família Pegorari
O Antão e a Cidinha,
O Ricardo e a dona Amália,
Mais uma Cida, ali, tinha.

João Pegorari, na bíblia,
Sempre fazendo oração.
Seu filho João, na escola,
Era o primeiro na lição.

O rapaz Nim Pegorari,
Sua mãe era Maria,
A Piera levava o almoço,
Naquele caminho, eu via.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

O Zé Pegorari e meu pai
Com uma turma bem unida,
Com o engenheiro na frente,
Iam tirando a medida.

Na fazenda Henrique Paro,
Que ia fazer a doação.
Ficaram um mês, inteirinho,
Trabalhando no sertão.

Na colônia do Henrique,
João Soares morou sim.
Lá conheci o Zé Jocarelli
E, também, seu irmão Gim.

Oziel Nunes Duarte
Um carioca dos bons
Era um pouco sistemático
Mas tinha um bom coração.

Maria Belo nem se fala
Bela morena e faceira
Fazia pão como ninguém
Muito dada e trabalhadeira.

Antônio Belo homem calmo
Trabalhador pra valer.
Com o Oziel e Maria, morava,
Pra não sozinho viver.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

João Nunes, Lino e Wilson.
Da minha idade o Zezinho.
Paulinho o mais novo de todos
Nunca brincava sozinho.

Conheci o Eduardo Leite
Sua esposa dona Maria
Frente à casa, grande árvore.
Ali a noite era alegria.

Os colonos da fazenda
Ali faziam a reunião.
Jogar baralho e contar piadas,
Muitas histórias de assombração.

O Primo, filho mais velho,
Falador como ninguém,
O Zezinho, mais calado,
A Dirce, filha também.

Naquela casa de tábua,
Na beira do estradão,
Morou muita gente lá,
Eu tenho recordação.

Minha avó Teresa Hermann
Joaquim Pires meu avô
João Pires e o tio Neno
Moraram lá sim senhor.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Minha tia Patrocina
A caçula tia Antônia
Era a casa que eu mais gostava
De passear nessa colônia.

Joaquim Pires, contador de causo,
O melhor dos benzedores,
Com arruda e oração,
Afastava quaisquer dores.

Todo ano fazia fogueira
Pra São João, o precursor.
Passava descalço na brasa
Não sentia nenhuma dor.

Meu avô no mês de junho,
No Santo Antônio e São João,
Carregava bem o morteiro
Pra fazer a explosão.

O tiro era tão forte
Só acredita quem escutou.
Com o baque do estrondo,
Uma mula derrubou.

Vovó Teresa herdou, no sangue,
Bons costumes dos alemães.
Para alegria da netaiada,
Bolacha, cufah, todos os pães.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Parede-meia também morou,
Pouco tempo, eu te falo...
Meu tio Lázaro e tia Júlia,
Terezinha, Lídia, Vítor e Zé Paulo.

Maria do Carmo e Dito goiano,
Moraram ali me lembro agora.
Raul, Irene, Zé Marcos, Claudinei.
Se falar piaba, Osvaldinho chora.

Dona Regina, mãe do Maneco.
José Teixeira, bom retireiro.
Com a turma, naquele riacho,
Seus filhos caçavam bichos brejeiros.

Lembro-me do Eduardo negro.
Filho mais velho, o Salvador.
João dos Santos, quando jogava,
Sempre foi bom goleador.

O Zuza, um homem forte,
Foi um retireiro legal,
Tinha a Mariinha e vários filhos,
Lembro-me dele no curral.

Na colônia dos camaradas,
- A minha idéia fugiu -,
Só lembro do Olegário, carroceiro,
E do seu filho Darío.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Também o Bastião-pé-sujo
Vi, descalço, trabalhando.
Andava ao lado da carroça
Sempre, com os burros, gritando.

A família dos Fogali,
Moravam lá no Zelão,
Bem numerosa e unida,
José e Marcos eram irmãos.

Luiz Fogali um bom rapaz
O Albino um companheiro
Antônio é dos mais velhos
E Osvaldinho meu parceiro.

Da Inês e a Natalina
Lembro-me neste momento.
A Quinha muito bonita
A Ana foi pro convento.

Antônio Penachioni e Palmira
Na colônia, também, moraram.
Jorge, Nim, Zé, Malvina...
Comigo, eles brincaram.

Senhor Humberto Camolez
Sua esposa, Santa Paro.
Ermelino, moço, grã-fino...
Comprava objeto caro.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Waldomiro, simples, religioso.
Aquiles, juiz do lugar,
Sempre que eu ia ao campo,
Eu via ele apitar.

O Carlito me deu água
Bem fresquinha lá do pote.
Suas irmãs Neuza e Antonieta
Sua mãe Nair Chiarote.

Homem bom e exemplar
Amor e fé, belo dueto.
Já nasceu com estes dons
O nosso amigo Mireto.

O Waldomiro sempre eu via,
Na sua bicicleta, montado.
Casou-se com minha irmã Lídia,
Tornando-se meu cunhado.

Anésia casou com Lupércio
O grande beque da região
Quando ele estava em campo
Seu nome era caminhão.

Tinha cinco filhos pequenos
Este homem meu amigo.
Beto, Edson, Cláudio, Mário,
E Paulo, que trabalhou comigo.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Beatriz com Ismael Martins,
Que tinha um Ford-bigode.
Seu chute era tão forte
Que a bola, quase, se explode.

Duas filhas e três filhos
Todos eles bem clarinhos.
Seus colegas, na escola,
Chamavam-lhes, canarinhos.

Seu Antônio e dona Maria,
Crepaldi, seu sobrenome.
Tinha o Zeca e o João.
Das meninas, não sei o nome.

Ali perto existia
Há muito tempo, uma escolinha.
Não cheguei estudar lá
Pois, idade eu não tinha.

Muitas flores no jardim,
O Eleutério e a Hortência.
Voltemos lá pro Zelão
Pra não perder a seqüência.

Lembrei-me do Favareto
Que no sítio trabalhou,
Ao falar da dona Hortênsia
Minha mente se lembrou.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Ela é filha do Fernando
É irmã do Moacir
Que o destino traiçoeiro
Fez um dia ele cair.

Celso, Orlando, Zé Roberto,
Degair; na mocidade,
Meu tio João carioca
Com eles tinha amizade.

Com Zé Carlos do Eleutério
Brincamos de jogar bola
No campinho de sua casa
Depois de sair da escola.

Vi o Eleutério de bicicleta
A Hortência pouco saía
Marta, Paulo e Fernando;
Completam esta família.

Da família Zanzarim
Eu não me lembro bem
O Evaristo e o Sebastião.
E tinha o Zé, também.

Guido Bosi trabalhou
Capinando o cafezal
Dona Itália, Alécio, Antônio,
Amélia, Angelina e Natal.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Garotos da minha idade
Era o Carlos e o João.
O Antônio, caçulinha.
Pai, eles não tinham não!

A família do Torelli
Tocava muito café
Braços firmes na enxada
O seu nome era Mané.

João e José eram primeiros.
Alexandre, o derradeiro.
O Adolfo, mediano;
E o Domingos era barbeiro.

Tinha filhas o Seu Torelli
E sua esposa era Chiaroti,
O nome delas me esqueci,
Que azar; falta de sorte.

Recordando esta colônia
Vejo uma grande paineira
Nesta casa eu vi morar
O Sebastião de Oliveira.

O seu pai era José
Sua mãe a Jovelina
Foi a mulher mais santa
Que eu conheci em Colina.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Sebastião homem direito,
Trabalhador e amoroso.
Lia a bíblia todos os dias,
Sempre muito religioso.

Na casa do Sebastião
Eu brincava bem contente.
Dona Joana é muito boa,
Lá comi biscoito quente.

O Luiz é o mais velho,
O segundo é o Zezinho.
Depois dele é o João
E em seguida o Avelino.

Eram seis filhos na casa
Deste casal, meu parente,
Antônio e Paulo, caçula.
Depois, nasceu mais gente.

Já falei, vocês se lembram,
Que morei no Henrique Paro.
Mas pra tocar café à meia,
Mudamos pro Antônio Paro.

Neste sítio vizinhamos
Com Lavezo e Moretti
Com o Fávaro e Silvano
O Panhossi e o Pétri.


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29
Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Do Cesarini Lavezo;
Filho Wilson, apaixonado.
Queria namorar a Lídia
Mandou eu levar recado.

Pétri; Mano e Leví.
Cida casou com o Nenê.
Tinha mais gente na casa
Me esqueci, não sei porque!

A família do Panhossi
De Ibiúna se mudou
Na fazenda Jacó Paro
Muito café capinou.

Seu Eduardo e dona Teresa
Leonildo, Pedro e Adelino.
Quinha, Cida e Alice
Rosalina, Nico, menino.

Eu e o Nico, de estilingue,
Espantamos passarinho.
Pescamos e jogamos bola,
E nadamos no pocinho.

Com a enxada carpi café
Com o rodo fiz ruação
Com o machado eu rachei lenha
Com a tic-tac fiz plantação.


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30
Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Brinquei de passar anel
Eu brinquei da cobra-cega
Corri atrás de vaga-lume
E brinquei muito de pega.

Peguei peixe com anzol
Peguei peixe com peneira
Cobra-d’água perto de mim
Eu já saia na carreira.

Silvio Oliveira, esforçado.
Pedro e Antônio, meus amigos.
Das meninas da família
Lembrar, nomes, não consigo.

Com os dois eu fui caçar
E roubamos melancia.
Foi lá no Canto-Chorado
E saímos na correria.

Fui na casa do avô deles
Na fazenda do Antenor.
Seo Morais um homem místico.
Benzedor, ou curador! ?

Aqui abro um parêntese, pra contar um fato.
Quem contou isso, tio Manoel Bellini.
Ele presenciou, e disse a verdade.
Peço a vocês, que não me incrimine.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Desse seu Moraes conto essa história
Pouco engraçada, muito arrepiante
Serviu de lição para alguém que não ama
E não respeita, seu próprio semelhante.

Tio Manoel Bellini, e o seu Moraes
Numa distração, perderam a jardineira.
Sábado à tarde, não tinha mais jeito
Caminhar na estrada, enfrentar a poeira.

Estrada, Colina, rumo à Monte Azul
Lá na caixa d’água o fato se deu
Passando por eles uma camioneta
Freando na frente, e se retrocedeu.

O cara malandro, uma beira ofertou.
Ao ouvir o sim, da carona anunciada,
Ele acelerou, fazendo um poeirão.
E disse pros dois, peguem a beira da estrada.

Na hora Moraes, ajoelhou-se no chão.
Traçando uma cruz, se pôs a falar
Senhor Manoel, pro senhor lhe garanto
Em cima da ponte, o caminhão vai parar.

Saíram andando, falando da vida
Das coisas da terra, lembrando o passado
Ao chegar no vale, do rio Zé Venâncio
Lá estava na ponte, o malvado parado.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Antes que ele viesse, pedindo perdão.
Moraes foi dizendo, com autoridade
Tu ficas aí, só mais um pouquinho
Pois não deves fazer, pro irmão a maldade.

Eu vou para casa, tomar o meu banho
Depois vou fazer, minha refeição.
Só depois eu vou, tira-lo daí
E que isso te sirva, de grande lição.

O carro ficou, entalado na ponte
Olhei para traz, de cima do morro
O homem empurrava, sem ter sucesso...
A quem lá passava, pedia socorro.

Deixamos o homem, ali resmungando
Segui à direita, para o Monte Belo.
Seu Mores seguiu, para a Consulta
Só bem de tardinha, desatou o elo.

Chegando em casa, assustado e com medo
Rezei no meu quarto, Pai-nosso amém.
Este fato eu conto, é bom que tu saibas
Que nunca se deve, humilhar a ninguém.

Vamos deixar de lado
A mística e o suspense.
Voltemos pro Monte Belo
Linda terra Colinense.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Na mata do João Henrique
Eu entrei para caçar
Ouvi o canto do jacu
Também do surucuá.

Lembrando dessa mata
Meu sentido até sumiu,
Recordei que eu sempre ouvia
O mugido do bugio.

A matinha do Alonso
Atravessei pela picada.
E na divisa com a Figueira
A capoeira eu vi queimada.

Leonildo Moretti e Osvaldo,
Páscoa Hespanhol e Augusta.
Dois irmãos, duas irmãs,
Uniram-se para a labuta.

Cortou cabelo, o Osvaldo,
Foi barbeiro não fez fiasco.
Procurou melhora com o irmão
Deixou Colina e foi pra Osasco.

Seu Fioreli e dona Laura
Moraram ao nosso lado.
Era caçador e pescador,
Tinha cachorro treinado.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

A Luca casou com o Nardo
A Maria casou com o Nim
Eu brincava no quintal
Com o Zé Fávaro e o Niquim.

Guiomar já era moça,
A Inês na minha idade.
Pedro e Duda, dois loirinhos.
Humberto, caçula da irmandade.

Seu Francisco era padrasto
Do rapaz, chamado Dito.
Que brigou por uma moça,
Este sujeito esquisito.

O Dito era brigão
O Alcides, mais pacífico.
Catarina com sua avó,
Maria, coração aflito.

Bravo; Joaquim paraibano,
Que no Tonico morou.
Expedito e Antônio:
Junto com o pai, trabalhou.

Sua esposa, Marssunília,
Nome próprio do sertão.
E o das filhas é Maria,
Todas elas, sem exceção.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Maria das Graças, Maria das Neves,
Maria Rita, e da Conceição,
Do Livramento, e Aparecida,
Auxiliadora, e Encarnação.

Joaquim Vitório, homem calado.
Aparecida, mais faladeira.
Teresa, Vitória, Darci e Sérgio.
Com o Zé, nem brincadeira.

Antes de vir a charrete
Já existia o famoso trole.
Na fazenda Monte Belo
Morou também o Campanholli.

Depois de um belo banho
Já usei água-de-cheiro.
Ouvi muitos falarem bem
Do Seu Adriano Monteiro.

O chapéu vai à cabeça
E o dinheiro na carteira.
Conheci morando lá
Família Alcindo Soldera.

Eu vi aves, eu vi bichos,
Animais, igual um safári.
Conheci no Monte belo
A família do Palhares.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

No café do Antônio Paro
Trabalhou o Querentim.
Também o Antônio Zari
E o seu filho Alvarim.

Dos dois filhos do seu Jonas
Eu não me lembro direito
Só lembro que trabalhavam
Com aquele burro; Benfeito.

Pra ter salário no sítio
Não havia nem dissídio
Lá também eu conheci
A família do Ovídio.

O Bellini é Manoel.
Minha tia, Carmelina.
Luiz Antônio e Marinho,
E a Aparecida é minha prima.

O Ataíde e o Zezinho,
Da abelha, chuparam o mel.
Terezinha, Luiza e Lurdes,
Todos são do seu Manoel.

Monte Belo, Monte Belo!
Meu pedacinho de chão
Tuas imagens do passado
Eu guardei no coração.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Na roça eu colhi milho
Do café eu colhi o grão
No terreiro tratei galinha
No chiqueiro peguei leitão.

No campinho eu joguei bola
No riozinho eu nadei
Nas festas me diverti
Na procissão eu rezei.

Eu andei muito a cavalo
Da vaca, apartei o bezerro.
Eu chutei bolas de meia
No gramado e no terreiro.

Da copa (58 e 62)
No meio da plantação,
Do rojão eu ouvi o tiro...
Festejando a seleção.

Quem tem a mesma minha idade
Já tem lá os seus cinqüenta
Sempre diz da felicidade
De ter nascido nos quarenta.

Sempre fui bem comportado,
Na escola, muito estudei.
Mas, por um caderno borrado,
Da professora eu apanhei.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Professor Adão Corrêa Melges
Era o nosso Grupo Escolar.
Hoje o nome é Benedito Paro,
O patrono do lugar.

Bela igreja, aquela então,
Da Senhora Aparecida,
Boa mãe de manto azul
Abençoava a nossa vida.

Domingo, sempre, foi santo.
Reunião com a família,
Na capela lá do bairro
Celebrar a Eucaristia.

O missionário padre Geraldo
Na igreja fez pregação,
Nesse dia eu recebi
A Primeira Comunhão.

Subindo o rio acima
Vou chegar lá no Jacó.
Vi o Chile trabalhando
No meio daquele pó.

Guerino Paro e Iolanda
Vi na casa da fazenda,
Pertinho da figueirona
Que eu arrematava prenda.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Dos seus filhos eu lhes digo
O Carlão e o Zé Roberto
O Henriquinho e a Vera
E também o Dagoberto.

Muita gente ali morou
No meu tempo de moleque.
Eu não me lembro de todos
Mas, me lembro do Sperque.

Seu Joanim, o povo dizia,
Sua esposa, dona Maria.
Zélia Sperque com minha irmã
Grande amizade parecia.

O Nego, rapaz, solteiro.
A Naide com Zé Torelli.
O Henrique era casado
Com a Palmira Jocarelli.

Eu vi coruja no toco
E pica-pau bicando o poste.
A Zulmira era casada
Com o senhor João Maloste.

Toda boa costureira
Tinha uma vigorelli.
Neste novo trocadilho
Lembro do Aide Morelli.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

O Ernestim também é Paro
Irmão do Jacó e do Antônio
Dono de muitas terras
Tinha grande patrimônio.

Do seu Ernesto, família grande.
O Zeca, bola, jogou.
Célio e Celso, só estudavam.
O João, no campo, machucou.

Das moças eu conheci
Carmem, Lurdinha e Rosa.
Seu Ernesto, bem calado,
Não entrava em qualquer prosa.

A família dos Splendores
Mudou-se pro Paraná.
O povo do Antônio Zanco,
Também, conheci lá.

O João e o Zé, no futebol,
Brincou e jogou comigo.
Porém, das suas irmãs,
Lembra-las eu não consigo.

Conosco estudou também,
No caderno e papel almaço.
A Mauricia (morou lá)
Da família dos Talasso.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Carreguei água no balde
No garrafão e no jarro.
Lembro-me do João Polizeli
E a senhora Catineta Paro.

A vida do lavrador
É trabalhar de sol-a-sol.
No Monte Belo morou,
O senhor José Hespanhol.

Dona Ana, sobrenome, Tonus.
A Cida casou com o Bino.
Jacira casou com Cezar
E a Consulta foi seu destino.

O Osmar jogou comigo
O Osvaldo não foi de bola
A Luzia e a Santina
Conhecemos lá na escola.

Seu Alberto Meneguello,
Dali, morador antigo.
Dona Aurora sua esposa.
Amaurí, meu grande amigo.

Odila, Antônia e Amábile.
Moço forte era o Zinho.
Seu sítio era na cabeceira
Onde nasce o corguinho.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Ovídio Paro e dona Estela
Tinham filhos de montão,
João, Joanim, Tunin e Décio.
Três famílias, na união.

Das moças, que eram muitas...
Não sei bem quantas são.
Sempre eu as via na igreja
Pra fazer a oração.

Pensando bem, lembrei-me três,
Uma delas é Ondina,
A segunda é a Mafalda
E a mais nova é Isolina.

O Alonso, melhor goleiro
Que existiu na região.
Luiz Décio, seguindo o pai,
Também jogou na posição.

Laerte, filho mais novo,
Sempre quis ler e escrever.
Pendeu pra outro lado,
Não quis o gol defender.

Traje social é terno,
Traje de banho é biquíni.
Boa gente, morou lá,
A família Bianchini.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Quem ganha uma disputa
É quem recebe o prêmio.
Os dois são Bianchini
O Júlio e o Arsênio.

Branca como o jasmim
É a flor da camélia.
São da mesma família
A Alice e a Zélia.

Passava no Monte Belo
De Colina à Figueira
Carlos Paro dirigindo
A famosa jardineira.

Nas terras do Policarpo,
No riacho nadei desnudo.
Eu nadei lá muitas vezes
E pesquei peixe cascudo.

Água corrente é riozinho,
No remanso é bebedouro.
Luiz Giácomo, o marruco,
Na bola parecia um touro.

O Lacinha é Antônio
A mocinha é Maria
Sua mãe Ana Hespanhol
Isso me disseram um dia.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Lavraram muito chão
Cortaram vários capins
Moraram no Policarpo
Pedro e Chico Martins.

Geraldo chutou de esquerda
O Célio também chutou
Carolina maça bonita
Com o Zeca se casou.

Tinha mais gente na casa
Não sei se é só meninas
Me lembro o nome de duas
É a Neuza e a Josefina.

Ali morou o Nardo
Muito trabalho ele tinha.
João Domingos e Antônio
As irmãs, Maura e Rosinha.

Irmã mais velha é a Hilda
A mãe, era Aparecida,
Muito cedo veio pra ela,
Deste mundo, a despedida.

Lá eu vi belas pastagens
Muita grama e colonhão.
Agora eu vou pular
Pra fazenda do Antônião.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Nevair Paro, bom de bótia.
Sua esposa é Hespanhol.
O Hélio foi meu colega
Na escola e no futebol.

Quando não está sorrindo
A pessoa está séria.
Maria é o nome da esposa
E da filha é Valéria.

Por causa de uma coruja,
Em noite escura, eu levei susto.
São filhos do Nevair,
Rominda, Pedro e Augusto.

O Lupércio, bom jogador.
O Amável foi goleiro.
Se a bola por ele passasse
Já gritavam: oh! Frangueiro.

O Cuti chamava Pedro,
Bola, eu vi ele chutar.
Também tinha o Sidnei,
Este eu não vi jogar.

A família dos Malpica
Bons roceiros, pra cultivar.
Arrendavam muitas terras
Pra cereais e algodão plantar.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Aurélio Cestari, bom no laço,
Retireiro e dos bons,
Cuidava de todo o gado
Do nosso patrão, João.

Filho primeiro, o Antônio.
Sua esposa, não conheci.
O mais novo era o Milton,
Três mocinhas e o Valdecir.

Muitas fazendas por ali.
Três Pontes, Lagoa e Capim.
Fazenda dos Hespanhol,
Giácomo, Ernesto e Carlim.

Hespanhol (grande família)
Muitos nomes, imensidade.
Nem todos eu conheci.
Mas, ali tive amizade.

A TV Tupi, naquelas terras,
Pra fazer a transmissão,
Instalou uma grande torre,
Quem a operava era o Pedrão.

Seu Pedro e sua esposa,
Filho e filha tinham, então.
Foi naquela casa da torre
Que eu conheci televisão.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

O senhor Antônio Francisco,
Lembro-me, aqui agora,
Morou lá no João Alves
Naqueles tempos de outrora.

Sua esposa dona Isaura,
Seus filhos Antônio e José,
Maria, Dirce e Ana,
Carpiram muito café.

Tinha mais gente na casa
Mas, lá, eu não conheci.
As moças, moda caipira
Cantavam, isso eu vi.

A família Orestes Marin
Para futebol era o destino.
Foram bons de bola, Antonio,
Otávio-Ângelo-Olavo-Vitalino.

O meu pai sempre plantou
E colheu feijão roxim.
Avô Ezequiel, grande amigo,
Do senhor Amadeu Marin.

Dona Mafalda Spechoto Marin
Tinha grande filharada.
Adébio, Tchida, Clarinha,
Pedro; e mais uma criançada.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

É do Aurélio Paro
A fazenda Tamburi.
No Germano Sandrini,
Eu também estive ali.

Eram famílias grandes,
Os Conti, Hermínio e José,
Moravam no Pedro Paro,
Cuidavam de muito café.

Enxada bem afiada
É macia, corta o mato.
Morou lá na ocasião
A família Sagioratto.

Spechoto, Pedro e Antonio.
Muitas terras tinham lá,
Boa lavoura de café
E um moinho de fubá.

Spechoto, grande família,
Todos os nomes, não sei citar.
Vários foram meus colegas
Na bola e no estudar.

Eu joguei muita bola
De jaqueta e calção.
Na fazenda da Figueira
Eu catei muito algodão.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Morei em casa de tábua,
Morei em casa de tijolo.
Proprietários do São Brás,
Ismael, Mário e Manolo.

No distrito de São José,
Pouco, eu estive lá.
Por que será, de macaco,
O povo foi te apelidá?!

O burro puxa o arado,
A carroça e o carroção.
Tinha um sítio ali
A família do Parão.

Voltemos ao Monte Belo
Pra falar da diversão
Todo ano, grande festa,
Santa missa e procissão.

Tem o grupo, tem escola,
Tem o campo e o armazém,
Tem quermesse e tem leilão
E tem, igreja também.

Vi os bois puxando o carro
Na subida do estradão.
O carreiro daquele carro
Era o senhor Antonião.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Vi meu povo jogar bótia,
Vi também jogar baralho,
Vi bem cedo, madrugada,
Todos irem pro trabalho.

Nesse tempo de criança,
Muita alegria a gente tinha,
Na gangorra uma balança,
E muita carne de galinha.

Comia muito angu,
Carne de porco e canjiquinha.
Mamãe fazia tutu,
Torresmo, feijão e farinha.

Descalço, eu andei na grama,
Descalço, eu pisei no chão,
Descalço, eu chutei bola,
Descalço, fiz poeirão.

Com o barro eu fiz pelotas
Pra tacar na passarada.
No estilingue não tive mira
Não acertei uma pedrada.

Eu colhi café maduro,
Cortei arroz e ranquei feijão,
Colhi mamona lá na roça,
Debulhei milho na mão.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Cortei mato de todo jeito
Beldroega, pelinho e colchão.
Caruru, capim angola e gordura,
Pé-de-galinha, carrapicho e picão.

Manejei muito a enxada,
O rastelo, o rodo e o enxadão.
O martelo, a foice e a peneira,
A faca, a pá e o cambão.

Do livro mil e uma noites
Ouvi, do meu pai, toda história.
Ele falava a noite inteirinha
Pois, tinha boa memória.

História do João com a Joana
E do saci pererê.
A da mula sem cabeça
E do escuta a grama-nascê.

Contava da branca de neve
E aquela do quero pacuera,
A do sertão do major Camilo
Que ficava atrás da serra.

Até a história da bruxa,
A do compadre folharada,
Engraçada era a do tatu,
Suspense; a do rei da bicharada.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Noite escura, o medo aumenta,
Já pensava em assombração.
O curiango batia as asas,
Já saíamos num carreirão.

O tropel da cavalhada
Em noite de lua clara eu vi,
A coruja assustava os cavalos
E nós corríamos do saci.

Naquele brejo, no taboal,
Aquele foguinho também eu vi,
Diziam que era alma penada
Que à noite passeava ali.

Outros falavam é cobra-de-fogo
Que tem o nome de boitatá.
Acho mesmo que era vaga-lume.
Mas nós, crianças, corríamos de lá.

Neste mundo tudo passa
A infância também passou.
Foi chegando a mocidade
E pouco tempo ela durou.

Tem que ser bem responsável
Quando chega a idade adulta,
A gente perde a inocência,
A nossa vida é uma labuta.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Ao chegar mais a idade
Tudo volta na lembrança,
A imagem aflora na memória,
A gente quer voltar criança.

Quer voltar a jogar bola
Como nos tempos de outrora,
Mas agora é só saudade
A velhice não demora.

Para matar a saudade
Vou falar do meu timão,
Monte Belo no futebol
Era alegria e emoção.

Aos domingos, grande festa,
Faça chuva ou faça sol,
A vitória era certa,
Todos lá no futebol.

Vários times lá jogaram,
Foi debalde a sua luta,
Porque o nosso esquadrão
Ganhava toda disputa.

Eu já pus no sol bem quente
A mamona pra estralar.
O nosso time de futebol
Agora vou relembrar.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Tonico, João Benedito, Antenor, Armandão, Lupércio, João Colombo, 
Nenem, Afonso, Piquira, João Ernesto, Otávio Marin

No gol era o Alonso
E no beque o Antenor
No central era o Lupércio
Nosso grande defensor.

O Tonico na defesa
Era jogador de seleção.
Aimar no meio-campo
Parecia um paredão.

Foi o melhor na posição
Isso eu garanto e falo sério,
Muito tempo eu vi jogar,
De centroavante, o Eleutério.

O Ismael jogava bem,
Defendeu esse esquadrão.
Mas, um adversário desleal,
Eu vi ele derrubar no chão.

Bruno Moraes foi muito bom,
João Benedito ali foi craque,
Aurélio Paro eu vi jogar
E o Olímpio foi bom no ataque.

Aquele chute do Piquira
Que todos queriam ver
De bicuda à meia-altura
E na rede, a bola morrer.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Para driblar e chutar faltas
O Otávio Marin foi especial.
O Afonso muito ligeiro,
Como um coelho, era o tal.

Naquele campo muito eu vi
Bom jogo, rasteira e tombo,
O Henrique Sperque e o Neném,
O Olavo e o João Colombo.

Ali jogou, o Cuti e o Zezinho,
O que eu digo não é segredo,
O João e o Zeca do Ernesto,
Os do Fagundes e o Alfredo.

Luiz Décio jogou no gol.
O gol, o Dida Paro defendeu.
O Armandão pegou um frango,
Neste dia o time perdeu.

Nosso time não tinha retranca
Só jogava na dianteira.
Também jogou com boa panca,
O lateral Hermes Soldera.

Dito goiano eu vi jogar,
No titular e no segundão.
Vi muita gente, naquele time,
Do Monte Belo e da região.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Vi jogar os novos e os velhos,
Os veteranos e aspirantes,
Os titulares e os reservas,
Todos foram triunfantes.

Jogou o Mário Martins,
O Zico e o Célio, eu vi jogar.
Zeferino, Laerte e o Zinho.
O craque Chile, vi no titular.

Do Capim para o Monte Belo
Wilson Fagundes e Teixeirinha.
O Puína também jogou,
Talvez no meio, ou na linha.

Se um jogador machucava
E ficava na grama a rolar
Seu Emílio Paro corria
Já ia logo curar.

Na caixa de cruz vermelha
Tinha álcool, bandagem, algodão.
Curativo e massagem fazendo,
Com éter, levantava-o do chão.

Desculpem-me, não sei dizer
Quem era o treinador.
Mas, os craques daquele time
Não precisavam de professor.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Eu assistia aos jogos
Não pagava na portaria,
Dinheiro, era para os doces
E para a laranja-melancia.

Entravam homens e mulheres,
A rapaziada e as mocinhas,
A criançada fazia a torcida
E o time a vitória mantinha.

Nós crianças, éramos só alegria.
Mas havia, também, confusão.
Quando o jogo era pra fora
Todos iam de caminhão.

Todas as vezes que dou asas
Para o pensamento voar
Ele vai pra minha terra
Pra minha saudade matar.

Vejo a colônia comprida
Povoada de boa gente
E a criançada brincando
Como era antigamente.

Eu sinto o cheiro do mato
E o cheiro da terra batida.
Vejo todo aquele povo
Da minha infância querida.


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58
Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Este filme está gravado
Dentro do meu consciente.
Quando a saudade aperta
A cena se torna presente.

Os projetos pra minha vida,
Sempre com amor eu selo.
O pensamento vai muito longe,
Sempre vai pro Monte Belo.

O canarinho canta alegre
O sabiá vejo gorjear
A rolinha anda na areia
E a pomba voa no ar.

A boa laranja juonune,
Quem chupou não esqueceu,
Com seu sabor e sua doçura
Outra igual não apareceu.

Verdes campos da minha terra
Eu jamais os esquecerei
Enquanto vida eu tiver
O meu povo exaltarei.

Na minha terra o sol brilha mais,
E a lua faz maior clarão,
As estrelas são mais românticas
Que enobrece o coração.


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59
Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

A gente sente ser mais gente
Vendo as estrelas a brilhar,
Os sentimentos voam no espaço
Sentindo um Deus a nos amar.

Eu já disse no início,
Vou repetir por derradeiro,
Se do teu nome eu me esqueci,
Me desculpe, companheiro.

É certo, a memória falha,
Muita gente lá conheci.
Vai ficar sem descrever
Muitas coisas que lá eu vi.

Tudo que eu, aqui, escrevi
É um pedacinho da história,
De um povo tão gentil,
E de uma fazenda cheia de glória.

O povo do Monte Belo
Sempre foi especial,
É pacífico e ordeiro,
Trabalhador e leal.

Todos os Montebelenses
Tiveram a vida, qual um mel.
Numa só voz ouço dizer,
Provaram um pouco do céu.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Com alegria e muita saudade
Vou terminar minha poesia.
Os que moraram no Monte Belo
Desejo encontrar um dia.

Desejo a todos muita saúde,
Felicidade e paz na vida,
Com as bênçãos, de Jesus...
E Nossa Senhora Aparecida.

Eu vos deixo, na paz de Cristo,
Num abraço, muito, fraterno.
Viva o Monte Belo; viva!
Com as bênçãos do Pai Eterno!

Do monte Belo é, grande, a história,
Ainda, hoje ela continua.
Venha poeta conte mais coisas,
Vá em frente, a história é sua...!

~~~~~~ *** ~~~~~~







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61
Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

MATANDO A SAUDADE

Menino, daqui, eu saí
Rumo a outras paragens
Boa educação eu levei
Dentro da minha bagagem.

No meu sonho de criança,
Conhecer outras cidades.
Desvendar os horizontes
Buscar novas amizades.

Eu olhei nos verdes campos,
Da minha casinha amarela,
Dei o meu último adeus
Debruçado na janela.

Eu deixei meu cão, tiziu,
Cachorro de estimação.
Nos teus olhos eu vi lágrimas
Que caiam pelo chão.

Foi tão grande a minha dor
Distante do povo meu
Deixando uma cicatriz
Daquele saudoso adeus.

Não sabia que a partida
Fosse assim tão dolorida.
Quem parte sofre a saudade
De sua terra, mãe, querida.


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62
Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Hoje eu volto aqui contente
Rever tudo o que foi meu
Muito alegre eu agradeço
A chance que Deus me deu.

Tudo é festa, é quermesse!
Frango assado pro leilão.
A alegria é contagiante
Eu só vejo animação.

Na estrada, bem atento,
Eu ouvia muita prosa
Um dizia eu levo cravo
Outro falava eu levo rosa.

Pra enfeitar lá na capela
O altar da Mãe querida
E prestar nossa homenagem
À Senhora Aparecida.

Aqui eu venho abraçar
Estes meus irmãos queridos
E rever os verdes campos
Que sempre estão floridos.

Gosto do meu Monte Belo
Sou feliz neste rincão.
Pra todos os Colinenses
Dou meu aperto de mão.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

COLINA (SP), TERRA AMADA

Eu nasci, nasci bem longe daqui.
É bela a terra em que nasci
Onde tem moça bonita
Os rapazes são muito ordeiros
Os velhos são exemplares
E as crianças querem prosperar.

Lá na terra em que nasci
O povo é muito bom
Todos vivem trabalhando
Fazendo a plantação
Todos querem prosperar
Por isso vão trabalhar
Plantando laranja, arroz e feijão.

Na indústria e no comércio
Tem colinense trabalhando
Tem no esporte e no laser
E muitos jovens estudando
Povo bom e hospitaleiro
Espírito dócil, más, guerreiro.
Bons produtos exportando.

Nessa terra tão querida
Também existe doutor
A cidade é pequenina
Más é bela como a flor
No território paulista
Colina é progressista
E nos acolhe com amor.

De Colina tão amada
Eu tenho muitas saudades
Lá eu vivi minha infância
E também a mocidade
Agora aqui tão distante
Relembro a todo instante
Da minha velha irmandade.

Todos cantam sua terra
Por isso é que estou cantando
Pra Colina tão bonita
Que hoje está aniversariando
Morando em outra cidade
Mando-lhe felicidade
Junto com meus conterrâneos.

* Americana SP 21/04/1980 *


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

SER CAIPIRA

Minha escrita é bem simples
Bem simples eu sou também
A simplicidade trás em seu bojo
O grande amor que a pessoa tem.

Dizem que sou caipira
Tento disfarçar e não consigo
Pois o tema que me inspira
Com certeza, nasceu comigo.

O caipira é um homem bom
E ser simples é uma virtude
Há caipira na cidade e no sertão
O que importa é a boa atitude.

Sou caipira porque expresso
A riqueza do sertão querido
Terra, água, plantas, que beleza
Sou feliz, pois lá eu sou nascido.

O caipira trás na alma
A pureza da mãe terra
A beleza do canto do pássaro,
O clarão da lua detrás da serra!

Deus fez o homem lá no Éden
Com o barro do sertão abençoado.
Perfeita mistura de amor e terra!
Ele viu que era bom o que foi criado.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

CAPELINHA, DA MINHA INFÂNCIA

Ao passar naquela estrada
Que passei, quando em criança.
Avistei a capelinha
Tão pequena, bonitinha
Toda pintada de branca.
Eu parei na frente dela
Já me veio na lembrança
Que lá aprendi a religião
Juntinho com meus irmãos,
Essa foi minha grande herança
Que eu ganhei de meus pais
Há muito tempo atrás
Na minha saudosa infância.

Ao parar lá na capela
Tive muita emoção
Eu entrei pra dentro dela
Abri as suas janelas
Fui fazer uma oração.
Lá eu vi a santa imagem
Dobrei meus joelhos no chão.
À Senhora Aparecida
Nossa eterna mãe querida
Padroeira da nação,
Fiz uma prece fervorosa
Pra Santa ofertei uma rosa
E rezei pra meus irmãos.

Depois disso eu saí
Fui correr no cafezal
Também fui lá na palhada
Estava toda formada
Que beleza o milharal.
Vi o gado e os cavalos
No pasto e no curral.
Eu subi na laranjeira
Fui também na goiabeira
Que tem muito, nos quintais,
Da colônia que eu vivia
Junto com minha família
Más, já fazem muitos natais.

Os colegas que eu encontrei
Já estão todos formados.
Eles já não me conhecem
Com o tempo a gente esquece
Pois também, estou mudado.
Perguntei sobre seus velhos,
E fiquei muito chocado,
Vamos te falar companheiro
Nossos velhos já morreram
Restou a saudade do passado.
Também, depois me falaram
Que todos eles se casaram
E que tem filhos criados.

E assim querida gente
Falei um pouco da minha vida.
Eu já chorei e já sorri,
Trabalhei e me diverti
Junto com minha querida.
Pois com amor a gente vence
Faz a vida mais florida.
Construímos lar e uma família,
Onde há união e o amor brilha,
Louvando a Mãe Aparecida.
Eu, minha amada, e as crianças,
Que são nossas grandes esperanças,
Damos a todos, a despedida.

COLINA, 20/04/1980


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

RIACHINHO DA MINHA TERRA

Eu voltei na minha terra
Fui rever como é que era
O rincão onde eu nasci.
Tudo estava tão diferente
Não encontrei àquela gente,
Grande dor então senti.

Vi o riacho correr mansinho,
Vi no poço alguns peixinhos,
A saudade aumentou.
Relembrei meu velho pai
Pois ali, tempos atrás,
Neste poço ele pescou.

Água boa, bela e clara
Refletiu a minha cara:
No passado, um menininho.
No reflexo, qual um mergulhão,
Mostra o rosto de um ancião,
Hoje, as águas do riozinho.

A água corre entre o capim
Deixando um sulco dentro de mim
Das lembranças de menino.
Óh riacho, com seu fio-d’água,
Vem lavar a minha mágoa,
Depois segue o seu destino.

Mas nem tudo é sofrimento.
A vida tem bons momentos
Para quem cultivar o amor.
Então, eu olhei para frente
Vi meu neto brincar contente
No riacho do bisavô.

Essas águas vão pro mar
E unidas vão levar,
Com certeza, a minha dor.
Minhas lágrimas lavaram
Os meus olhos clarearam,
Já não sou mais sofredor!


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SAUDADE

Onde eu morei é Monte Belo
Doce rincão verde e amarelo
Venci na enxada um bom duelo
E dancei baile no terreiro
Eu trabalhei com braço forte
Com ferramenta de fino corte
Deus me ajudou e tive sorte
E fui feliz como roceiro

Na minha terra eu fui feliz
Separei dela, a sorte quis.
Mas lá ficou minha raiz
Distante eu choro a orfandade
Quem já viveu naquele mato
Tem sempre em mente o seu retrato
No peito, a dor é qual infarto:
Não tem remédio, choro a saudade.

Pra minha vida ser o que era
Vou voltar logo pra minha terra
De braços abertos ela me espera
Chão abençoado é o meu rincão
Flor e floresta sinto o teu cheiro,
Vou partir hoje, sou caminheiro,
Pra ser feliz não há dinheiro
Vou ser mais eu no meu sertão


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Homenagem dos Ex-moradores do Monte Belo ao Sr. João Paro

Paz e Bem

Quem conheceu e conhece o senhor João, percebe logo que ele é um “iluminado”, uma criatura que veio a este mundo com uma bela missão; e o mais importante, é, ele soube cumpri-la, e ainda hoje luta para que tudo isso se realize, e que seja tudo conforme a vontade de Deus. Homem de muita fibra, inteligência, discernimento, muito brio, bondade, amor e temor a Deus. Já desde menino demonstrava essas qualidades, tanto é verdade, que seu pai, o nosso queridíssimo senhor Antônio Paro (homem de grande alma, formador de cristãos, rocha firme na educação e no ensinamento moral e religioso para as famílias) viu nele a solução para resolver alguns problemas que existia em sua propriedade, e designou-o para ser o administrador da fazenda, quando ele tinha apenas quinze anos de idade. Pois bem, mesmo com essa pouca idade, ele desempenhou com bravura, coragem, honestidade, amor e mansidão a sua tarefa, a tal ponto que, acabou com todas as intrigas que havia entre os empregados e o patrão. João Paro grande homem, grande pai, grande educador. João Paro grande político, más, político com P maiúsculo, um político que balizou todas suas obras sob a luz da fé cristã. Com sua luta incansável conseguiu muitas melhorias para a nossa querida terra natal, Colina. Foi com seu espírito empreendedor e educador que ele levou o grupo escolar para o Monte Belo, onde, nós começamos a aprender o beabá nos livros e cadernos. Nessas suas lutas, sempre teve um grande esteio ao seu lado, a nossa queridíssima e saudosa mestra dona Ercília. João Paro, grande jogador de futebol, seu chute de esquerda, de bicuda à meia altura, era marca registrada do piquira.
Seo João o senhor fez muito pelo futebol do Monte Belo. Como prefeito, foi aquele que mais amou sua terra, com certeza, foi o melhor prefeito que tivemos em Colina. Na sua gestão houve grandes progressos em nosso município. Quem conversa com o senhor João, tem a grata satisfação de sempre aprender mais, pois ele tem lindas, belíssimas passagens em sua vida que vale a pena ouvi-lo. Sua vida é cheia de acontecimentos interessantes, miraculosos; é uma pessoa que sempre põe Deus em suas ações, e esse Deus misericordioso sempre lhe dá respostas, indicando assim, que está no caminho certo. João Paro, homem simples, mas, de refinada educação. Homem humilde, homem brincalhão, homem que sempre deu atenção a todas as pessoas, sem distinção de idade ou de classe social. João Paro, nós colinenses, somos felizes por desfrutar da sua amizade. Senhor João, nós povo do Monte Belo, nos orgulhamos em tê-lo em nosso meio. Senhor João Paro, a cidade de Colina é e ficará eternamente agradecida, por tudo o que o senhor como prefeito e como família Paro fez em benefício do nosso município.
Desejamos que Deus lhe proteja e continue abençoando o seu trabalho e sua dedicação para com o seu povo. Que Deus te dê paz, muita saúde, felicidades e muitos anos de vida!!!.

Seus companheiros e irmãos em Cristo... “Os Montebelenses”.
(NOF)


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VOLTANDO ÀS ORIGENS

Nestor de Oliveira Filho e Zenaide Paro Tonus

A família Tonus morava na Itália, na comunidade de Mansué, Província de Treviso. Na via do bosche n.102. Giuseppe Tonus (1879-1951) casado com Giuseppina Barbieri (1885-1970) tiveram 10 filhos; Maria (1906), Santa (1907) Luigi (1909), Vitório (1910), Antônio (1912), Virgínio (1914), Guerino (1916-1996), Anna (1919), Rina (1922) e Platino (1923). Lá eles tinham o seu pedaço de terra, sua casa, suas vacas, porcos, galinhas, etc., e plantavam frutas, trigo, milho. Faziam um bom vinho, com uvas colhidas na videira de sua propriedade. Também tinham criação de bicho-da-seda, e uma boa plantação de amoreiras para alimentar os bichinhos. A casa onde moravam, era como um sobrado. O pavimento térreo servia como despensa, onde armazenavam os tonéis de vinho, lingüiça de carne de porco, e outros tipos de carnes defumadas além de milho, trigo, fubá, sal, azeite e outros gêneros alimentícios. O pavimento superior era, propriamente, onde moravam. Ao lado, encostado na casa, era o estábulo, onde as vacas e outros animais da família dormiam. Em época de muito frio, para se esquentar, a vovó fazia crochê sentada em uma cadeira no meio das vacas. Também era costume, nessa época de frio, neste estábulo, colocar algo no chão para forrar, bem no centro, onde a família se reunia, tendo as vacas deitadas em volta, assim todo pessoal se aquecia. A vovó Pina sempre nos contava que moravam perto da ponte sobre o Rio Piave (a famosa ponte dell Piave), e viviam razoavelmente bem e felizes.


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Nisso surge a primeira grande guerra (1914-1918), aí tudo mudou. Com a situação se agravando, e com os filhos ainda crianças, Seo Giuseppe precisou refugiar-se para não mais ir combater na guerra. Por este motivo foi dado como desertor. Ele cavou um buraco no solo, distante da residência, e se escondeu dentro, onde ficava o dia inteiro, só voltava para casa algumas noites. Durante o dia sua esposa, Giusephina, saia pelos campos, com a carroça, buscar sementes de vassoura, a qual depois de socada no pilão, fazia-se a comida para alimentarem, pois não havia mais nada para comerem. E nessas saídas ela aproveitava, também, para levar água e alimento para seu marido que estava escondido. Quando os soldados alemães invadiam uma aldeia, destruíam quase tudo. Matavam os animais, saqueavam as despensas, estouravam os tonéis de vinho e destruíam as plantações, não sobrava nada. Chegou dia que precisaram comer capim para não morrerem de fome. Para conter os soldados alemães, o então comandante da Itália (Mussolini) mandou bombardear a grande ponte dell Piave. A vovó contava que houve um banho de sangue neste rio, ela dizia que o rio ficou vermelho como sangue. Nossos avós contavam-nos certos causos inusitados, diziam; certo dia um soldado alemão veio roubar uma vaca do senhor Giuseppe, enquanto o soldado puxava a vaca pelo cabresto, o seo Giuseppe tentava segura-la pelo rabo, para que o mesmo não à levasse embora, mas, não teve jeito. Quando terminou a guerra alguns soldados alemães eram capturados, suas calças eram amarradas em cada perna, na altura dos tornozelos, e dando-lhes óleo de rícino o espancavam até terem uma tremenda desinteria que chegava leva-los, muitas vezes, à morte. Um alemão, no final da guerra, chegou perto da senhora Giuseppina, na cozinha, e lhe disse várias vezes (mama copute), quer dizer, mamãe vou matar-me. Em seguida ele foi para o quintal no fundo da casa e se matou.


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Pois bem, foi nesse ambiente de guerra, exatamente no dia (07/04/1916) que nasceu o sétimo filho do casal, um belo garoto ao qual, os pais puseram o nome de Guerino Tonus. Este filho nasceu em Gorgo Al Monticano, vizinha de Mansué.

Os anos pós-guerra foram terríveis, precisava reconstruir tudo, houve muita doença e fome. Inclusive um de seus filhos, o Luigi, foi atingido enquanto brincava com uma granada (que não havia sido explodida), causando-lhe grandes ferimentos. Seo Giuseppe e dona Giuseppina resolveram, então, aventurar nova vida nas Américas. No ano de 1923 partiram como imigrantes para o Brasil. A viagem foi terrível, durou dois meses, conta-se que o navio quase naufragou devido a uma tempestade que durou vários dias. Foram obrigados a ficarem fechados nos porões para não verem o que acontecia na superfície das águas, pois podiam se desesperar e haver grande tumulto, o que seria uma tragédia. Com a fúria das ondas o navio balançava e, lá no fundo, eles eram arremessados de um lado para o outro. Entrou muita água no navio, que era tirada com baldes e dreno. Só souberam de tamanha gravidade quando passou a tempestade e puderam novamente viajar na superfície do navio. Foi também nesta viagem, em alto mar, que nasceu o último filho do casal, ao qual puseram o nome de Platino, (nome este em homenagem ao navio que havia rompido a tempestade e lhes salvado as vidas), pois o navio levava o nome de Plata. Quando desembarcaram no porto, o garoto tinha 22 dias de idade, mas, pelo estado precário da viagem e pelas condições de seu nascimento, adoeceu e, meses depois, morreu em terras brasileiras. Soube-se posteriormente que, esse navio ao retornar para a Itália naufragou-se.


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Chegaram ao Brasil, passando pelo porto do Rio de Janeiro, antes de chegar ao porto de Santos onde desembarcaram. E de lá seguiram para São Paulo. Deram entrada no serviço de imigração no dia 27/12/1923, e na estação da Luz, em São Paulo, tomaram um trem da Companhia Paulista com destino a Colina (SP). Da cidade de Colina para o Monte Belo, foram de carro de boi, e lá começaram a trabalhar na lavoura de café, na fazenda do senhor Luiz Paro (pai dos srs. Policarpo, Alonso, Carlos, Antônio Luiz Paro (Antônião).
Em janeiro de 1924 começaram a trabalhar na lavoura velha, e também na plantação de mudas de café para formarem nova lavoura. Em 1931 mudaram-se para a fazenda Estiva que pertencia, se não me engano, a família Pascon, também, para cultivar café e cereais. Em 1935 foram tocar café de colono na fazenda do senhor Antônio Paro, no Monte Belo, moraram em uma casa de tábua, que depois morou a tia Catineta, essa casa ficava em frente ao armazém. Em 1938 mudaram para a fazenda Uriage, pertencente ao Sr. Ernesto Piai (pai do tio Mário e do Sr. Vitório) sendo o Sr. Vitório o motorista da jardineira que fazia a linha de Colina à Monte Azul e depois, de Colina à Barretos. Nesta fazenda moraram até 1940.


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A família Paro, também era de Treviso (Itália), chegaram ao Brasil em 13/02/1887, e se instalaram no município de Ribeirão Preto (SP), onde havia grandes fazendas de café. Quando chegaram cada um já tinha sua família em formação Eram eles: João, Antonio, Benedito e mais uma irmã, que não temos o nome, que foi morar na Argentina. Porém, Antonio faleceu na Itália, veio só sua esposa e seu filho Luiz.. O patriarca da família Sr Luggi Paro, que vem a ser tataravô da Zenaide, faleceu na Itália; no entanto a matriarca Giovana Gobbo, veio com os filhos. A fazenda que o senhor Benedito Paro administrava era tocada com a mão-de-obra dos antigos escravos, que foram libertados alguns anos antes. Nas terras de Ribeirão Preto, com o trabalho e fazendo economias, a família Paro guardou um bom dinheiro. Dali se mudaram para a fazenda Estiva no município de Colina (SP), também para cultivar lavoura cafeeira, onde em 1896 compraram um sítio. Depois de muito trabalho e uma acirrada economia, conseguiram guardar mais um bom dinheiro, e no ano de 1911 adquiriram terras (virgens) neste mesmo município de Colina (SP), onde, depois de terem derrubado a mata plantaram enormes lavouras de café. Deram a esta fazenda o nome de fazenda Monte Belo, que depois, por ser muito grande e bonita foi denominada Bairro Monte Belo. Prosperaram nesta nova terra, e exerceram grande influência no crescimento da cidade, tanto na parte financeira como na religiosa, além, das tradições e dos bons costumes; costumes estes que permanecem ainda hoje. O senhor Benedito Paro (21/03/1854-28/09/1930) era casado com a dona Luiza Cardini (15/05/1856 -01/02/1926), e dessa união nasceram sete filhos, Antônio (18/04/1882), Jácomo (1884), Elvira, (1887), Catharina (1990), Ângelo (1893), Marina 1895 e Ernesto (1897).
Em suas terras, em agradecimento à graças recebidas, construíram uma capela em louvor a Nossa Senhora Aparecida, (inaugurada no dia 15/12/1928 com uma missa celebrada pelo padre Jaime Garzaro) e está em atividade até hoje.


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Nesse ano, antes da construção da capela, o padre Vítor Coelho de Almeida (de Aparecida (SP)) havia pregado uma Missão ali na fazenda Monte Belo. Também construíram um armazém (venda), um campo de futebol, e um Grupo Escolar que foi inaugurado no dia 09/04/1954. Foi neste Grupo Escolar que cursamos o nosso primário, onde (no dia 12/12/1957, Nestor e 12/12/1961, Zenaide) recebemos o diploma de 4º- ano.

O senhor Antônio Paro chegou ao Brasil com quatro anos de idade, ele nasceu em Treviso na Itália. O senhor Antônio casou com dona Eugênia Girardi nascida no dia 20/08/1884 em Gênova, também na Itália, e veio para o Brasil com nove meses de idade, filha de José Girardi e Luiza Chapim. Do senhor Antônio Paro (18/04/1882-21/12/1973) e dona Eugênia Girardi (20/08/1884-21/09/1969) nasceram doze filhos. O primeiro chamava-se João, que nasceu no ano de 1904 e faleceu em 1920, com 16 anos de idade, vítima de apendicite aguda. Os outros são, Luiz Antônio (25/10/1905), Luiza (1906), Genoveva (1909), Pedro (1910), José Antônio (31/08/1912), Lúcia (12/10/1913), Matilde (31/05/1916), Aurélia (05/05/1918), Joana (1920), João (16/11/1923) e Antônio (11/02/1930). O nome dado à Joana e ao segundo João, foi em homenagem ao primeiro filho da família que havia falecido. A casa construída em alvenaria, que por sinal é muito boa e bonita, e ainda hoje é sede da fazenda, foi inaugurada no dia 13/12/1924. A primeira casa (sede) era construída com tábuas de madeira, e localizava-se à direita desta de alvenaria mais ou menos oitenta metros de distância e cinqüenta metros para baixo.
O senhor Antônio Benedito Paro (depois de adulto ele recebeu o pronome Benedito, para identifica-lo como filho do Benedito, diferenciando-o assim, de um outro fazendeiro que tinha o mesmo nome). Foi um homem muito respeitado e muito querido na região, tanto na fazenda Monte Belo como nas cidades da região.


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Com aquele coração bondoso, ele ajudou muita gente naquela região de Colina, Bebedouro e Barretos. Na capela, além de ajudar celebrar a missa e rezar o terço, ensinava o catecismo da igreja católica para toda criançada daquele bairro. Também alguns de seus filhos fizeram isso, aqui posso citar: a Lúcia, o João e o Tonico. E mais, seu filho João Paro, além de bom vereador, foi prefeito na cidade de Colina, e exerceu com responsabilidade e muita dignidade este alto cargo que o povo colinense lhe outorgou.

Aqui transcrevo, com as próprias palavras do Sr. Prefeito João Paro, parte do documento de acerto de contas com o eleitorado colinense, no final de seu mandato (1963). – Com a consciência do dever cumprido e com imensa satisfação, podemos nos apresentar aos nossos munícipes para expor o que por nós foi realizado no quatriênio 1960 – 1963. No dia sete de setembro de 1959, apresentamos ao eleitorado colinense, um programa de 30 (trinta) itens apontados como problemas de Colina, propondo-nos solucioná-los se fôssemos eleitos. Aí está caros eleitores, nosso programa de trabalho totalmente cumprido com exceção de pouca coisa, que não nos foi possível, por certas circunstâncias, embora tivéssemos nos esforçados para isto. Mas, como compensação, realizamos muitas obras que não constavam em nosso programa (totalizando quarenta e seis itens) e, embora exista alguém não querendo enxerga-las, aí estão elas a vistas de todos, e aqueles que ainda não viram, mas que conheceram Colina a quatro (quatro) anos atrás, analise, e vê o que foi feito na atual administração. Colinenses, o cumprimento de um programa de governo conforme o que foi prometido pela atual administração nos credencia a solicitar mais uma vez o seu voto e o seu apoio. E a vocês, isso representa a confiança em João Ademar Paro, meu candidato. (Obs.) E este foi eleito, e o sucedeu-lhe.


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Além do senhor João Paro, Colina teve mais três prefeitos Paro, todos João, (e uma imensidade de Paro na vereança do município).

- Segue abaixo uma pequena genealogia desta família Paro, da qual a Zenaide faz parte. Mas há outras, Paro, no município.

Patriarca Luiz Paro e Matriarca Giovana Gobbo
seus filhos:
1 - Giovani >> Henrique >> João Henrique >> João Henrique Filho.
2 - Antonio >> Luiz >> Antonio >> Lupércio Luiz.
3 - Benedito >> Antonio >> Aurélia >> Zenaide.


Guerino Tônus (07/04/1916-13/11/1996) e Aurélia Paro (05/05/1918-24/06/1990) se uniram em matrimônio no dia 18/11/1939, na igreja matriz de São José em Colina (SP), e dessa união nasceram dez filhos, que são: Maria Terezinha (16/10/1940), José Antônio (01/06/1942), Luiz Aparecido (1943) – que faleceu recém-nascido -, Luiza Aparecida (21/06/1945), José Mário (16/05/1947), Zenaide (21/01/1951), Maria do Carmo (29/05/1953), Maria Isabel (26/08/1954), Maria de Lurdes (04/02/1959) e Maria Bernadete (26/12/1961). Tinham, no Monte Belo, sua propriedade e trabalhavam na lavoura de café. Também cultivavam arroz, milho, feijão, e no pasto tinham umas cabeças de gado e uns bons cavalos, criavam porco, galinha, pato e peru. Criaram os filhos com boa educação, e sempre orientados na santa religião de Jesus Cristo, tornando-os fervorosos católicos.

Quando o senhor Guerino casou, ele morava na fazenda dos Piai, e a senhora Aurélia morava na fazenda Monte Belo, - o costume italiano era, o filho homem casar e ficar morando na casa dos pais - então continuaram morando na fazenda Piai até junho de 1940. Terminado este ano agrícola mudaram novamente para o Monte Belo, na fazenda do sr. Carlos Paro (que é filho do sr. Luiz Paro que foi o primeiro patrão do nosso avo, quando chegara da Itália), também aqui, continuaram morando juntos na casa do pai.


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Nesta fazenda nasceram os filhos: Maria Terezinha, José Antônio, Luiz Aparecido, Luiza Aparecida e José Mário.
Em 1948 o senhor Guerino separou da casa de seu pai e foi morar no (Tunim Cípio) sítio do Sr. Antônio Viquini, genro do Sr. Luiz Paro. Neste ano de 1948 o vovô Tônus e a vovó Pina foram morar na cidade, em Colina. No ano de 1950 a família Guerino Tônus se mudou para a fazenda do avô Antônio Paro, onde o Sr. Guerino foi tocar café a meia com o seu sogro. Moraram na casa de tábua, a primeira à esquerda da casa da sede, antes de chegar à colônia dos empregados. Foi nesta casa que nasceu a Zenaide, em 1951. Em outubro de 1952 a família do Sr. Guerino e Sra. Aurélia mudou-se para o seu sítio, propriedade que a dona Aurélia recebeu como herança de seu pai Sr. Antônio Paro. Sítio este que o Sr. Antônio havia adquirido do Sr. Luiz Galdino, cunhado dos srs. Antônio Spechoto (Tatão), Fernando Spechoto e outros, ambos, filhos da dona Santa Spechoto. Em março de 1965 a família Tônus foi morar na cidade, em Colina, e construiu a casa na cidade com os tijolos da casa do sítio (onde havia morado o empregado) que fora destruída.
Em 1966 o senhor Guerino vendeu o seu sítio e, no dia 21/04/66, mudou-se para Americana (SP), onde comprou uma boa casa para morar, e aqui trabalhou como charreteiro na praça. Nessa nova profissão, ele ganhou para o sustento da família, e fez boas amizades. Ainda hoje, a maior parte da sua família permanece em Americana, com exceção dos três mais velhos, Maria Terezinha (Freira), José Antonio e Luiza Aparecida que moram em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente.


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A família OLIVEIRA é de origem portuguesa, e vieram para o Brasil na época em que Dom João VI, Rei de Portugal, instalou seu reinado no Brasil. O Oliveira era oficial da corte do reinado. Passado a turbulência em Portugal, o Rei voltou para sua terra natal, e lá reinstalou seu reinado. O Oliveira gostou do Brasil, criou raízes no Rio de Janeiro, e aqui ficou. A família foi crescendo e se espalhou pelas cidades do interior do Estado, cidade estas como, Angra dos Reis, Barra Mansa, Volta Redonda, Lídice, São João Marcos, Rio Claro (RJ) etc... Em Rio Claro passava a estrada (naquele tempo era uma espécie de picada que cortava aquele sertão) que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo, ali era a rota feita pelos oficiais e, também pelo Imperador quando vinha para este Estado. Ali passavam constantemente os mensageiros do Reino, pois, levavam e buscavam ordens e notícias em São Paulo, já que era o Estado de maior progresso do Brasil.

O tempo passou e vieram novas gerações, até que: Em 1861 Joaquim de Oliveira (1839), descendente dessa família portuguesa, casou-se com Leopoldina Rosch (1842) descendente de alemães. - Seu pai chamava-se José Roberto Rosch (Joseph Robert Rosch), um militar de alta patente do exercito alemão, que viera ao Brasil em uma expedição que aquele país mandou para cá. O militar, Rosch, ficou encantado com a beleza da cidade maravilhosa, aqui ficou e tornou-se um cidadão brasileiro -. Deste casamento nasceram, José, Álvaro, Zózimo Isidoro (11/03/1864), Amália e Gertrudes. Também, com a união dessas duas famílias, misturou um pouco de sangue alemão no sangue português, pois, minha tataravó Leopoldina, era filha de alemão de sobrenome Rosch (?) (não sei se a grafia correta seria esta, mas, era assim que pronunciavam-no).


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Nestor de Oliveira Filho - Monte Belo, o paraíso dos meus sonhos

Joaquim de Oliveira possuía um sítio no alto da serra, bem ao pé do morro mais alto, que eram duas pedras e tinham o formato de um casco de vaca; o conjunto chamava-se unha de vaca, e uma das pedras era chamada de pedra do Bispo. Deram este nome à pedra porque, certa vez caminhando pela encosta, o bispo e sua expedição conseguiram chegar até o topo da montanha.

Mariano Antunes (1842), casado com Inês Gonçalves (1845), era seu vizinho, também tinha sítio lá. Mariano e Inês só tinham uma filha, e chamava-se Gertrudes, e nasceu no dia 16/11/1867. Meu pai conta que por motivos de divisa e de água – se o de cima represasse a água para tocar o moinho, faltava água para o de baixo – estavam sempre em litígio. Certa ocasião, Zózimo, filho de Joaquim de Oliveira, que namorava Gertrudes, (sua prima terceira) filha de Mariano Antunes, viu seu pai e seu futuro sogro discutindo na divisa dos sítios. Um com o dedo no gatilho da garrucha, pronto para atirar, o outro com a foice erguida, pronto para dar o golpe e decepar a cabeça do vizinho. Um dizia, pode atirar e o outro falava, pode cortar. Ficaram mais de horas nesta teimosia. Foi aí que Zózimo entrou em ação, se pôs entre os dois, e com sabedoria, paciência, inteligência e com uma santidade fora do comum, com boa conversa convenceu-os a deixarem as armas e irem cada um para sua casa.

Depois do casamento de Zózimo de Oliveira (11/03/1864) com Gertrudes Gonçalves Antunes (22/10/1867) as brigas por motivos de divisas terminaram. Pois, sendo a Gertrudes filha única, Zózimo foi morar e trabalhar com o sogro Mariano Antunes, ai nem precisavam mais de cercas, os dois sítios ficaram quase uma única propriedade, era tudo entre parentes.


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Do senhor Mariano Antunes, conta-se que além de ser sitiante, também, era tropeiro. Tinha suas tropas de carga, mulas e burros. Ele saía de Rio Claro (RJ) e ia negociar animais no Estado de Minas Gerais (comprar e vender), e de lá, além de animais, trazia queijos e doces para vender no Estado do Rio e de São Paulo. Seguia pelo litoral passando por todas cidades beira-mar, subia a serra e chegava em Sorocaba (SP), que era ponto de tropeiros e era um bom mercado de compras e vendas (tudo que trazia vendia), cavalgava mais alguns dias e chegava em Piracicaba (SP), seu ponto final de comércio. Fazia de duas a três viagens por ano, indo e vindo, de Rio Claro (RJ) a Minas Gerais e de Rio Claro (RJ) à Piracicaba (SP). Essas viagens duravam, às vezes, até sessenta dias, desde o dia da saída até o dia em que retornava à sua casa. Naquele tempo não havia estradas, essas viagens eram feitas através das picadas que eram feitas no meio daqueles sertões.

Fato curioso aconteceu em 1970. Meu pai conversando, com um senhor de idade (de sobrenome Toledo), soube que o senhor Mariano Antunes, meu tetravô, talvez tenha vindo aqui em Americana (SP), na fazenda Salto Grande comercializar seus animais. Este homem disse ao meu pai, que no seu tempo de criança, ouvia seu avô contar que a vida toda negociou bons animais, e que no seu tempo de moço fez bons negócios com um tal tropeiro que se chamava Mariano, e esse tal homem dizia ter vindo do Estado do Rio de Janeiro. Tudo é possível. Se ele demorava até dois meses na viagem para vir à Piracicaba, e Americana é perto de Piracicaba, pode ter sido mesmo o meu tetravô que esteve aqui onde moro hoje, ano de 2002.


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Da união de Zózimo Isidoro de Oliveira (11/03/1864-04/09/1939) com Gertrudes Gonçalves de Oliveira (16/11//1867-20/10/1946), nasceram nove filhos, Zozelina (1885), Leopoldina (1887), Antônia (1889), José (1891), Ezequiel (20/04/1894), Maria (1896), Vergília (1898), Antônio (1900) e Inês (1901).
Ezequiel de Oliveira (20/04/1894-11/07/1961) casou-se com Sebastiana Cândida de Oliveira (07/02/1895-26/10/1956), filha de Silvino Rodrigues Soares (1.854 - 05/1.938) e Eugênia Cândida de Oliveira (1.857 - 12/1.929). Os filhos de Silvino eram; Maria, Bernardino, Avelino, Paulino, Francisco, Manoel, Leopoldina, Sebastiana (1895), Jovelina (23/08/1897), Dora (que, ainda menina, morreu por causa da gripe espanhola), e José. O senhor Silvino Rodrigues Soares era fazendeiro em Rio Claro (RJ).

Da união de Ezequiel de Oliveira (20/04/1894-11/07/1961) com Sebastiana Cândida de Oliveira (07/02/1895-26/10/1956), nasceram nove filhos; Otília (1916-faleceu com dois anos e meio), Nestor (17/04/1918), Maria do Carmo (1920), Carmelina (1923), José (1925), João (1928), Irene (1931), Luiz (1933) e Terezinha (1940). - Otilia, Nestor e Maria nasceram em Rio Claro (RJ), Carmelina e José em Rezende, João, Irene e Luiz em Jaborandí, e Terezinha em Colina.

Entre a família de Zózimo e de Silvino há uma coincidência grande, houve cinco casamentos entre as duas famílias. Casaram, José e Ezequiel filhos de Zózimo, com Jovelina e Sebastiana filhas de Silvino, e, Manoel, Paulino e José filhos de Silvino, com Maria, Zozelina e Vergília filhas de Zózimo.
No ano de 1921, Zózimo Isidoro vendeu seu sítio em Rio Claro (RJ), e junto com os filhos, filhas, noras, genros e netos mudaram-se para Rezende (RJ), foram formar uma lavoura de café na fazenda Boa Sorte a dezoito quilômetros da cidade.


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Após o café formado, e com o término do contrato de cinco anos, souberam das famosas terras e dos bons cafezais do Estado de São Paulo, então, resolveram partir para nova aventura.
(Em 1923 o José, seu genro, já havia voltado para Rio Claro morar na fazenda do pai). Entre 1926, 1927 e 1929 saíram de Rezende (RJ) e foram para Jaborandí (SP). – Em 1926 saíram José, Paulino, Zózimo e Manoel, os três primeiros foram para Jaborandí e o Manoel voltou para Rio Claro. Em 1927 o Ezequiel saiu e foi para Jaborandí. No ano de 1929 o senhor Zózimo, morando em Jaborandí, mandou buscar as famílias das suas duas filhas que estavam em Rio Claro (RJ), e assim foram também, o Manoel e o José para as terras paulistas-. Seguiram de trem, primeiro pela Central do Brasil, até São Paulo, depois pela Companhia Paulista de Estrada de Ferro, até Colina (SP) e para Jaborandí seguiram de caminhão.

Antes de fixar residência em Jaborandí, meu bisavô Zózimo morou por pouco tempo em Aparecida (SP). Por serem muito religiosos, tanto meu bisavô Zózimo Isidoro quanto minha bisavó Gertrudes, quiseram parar nesta cidade, e lá moraram alguns meses. Meus bisavós acreditavam que estando em Aparecida, estariam mais em contato com Deus, queriam participar das santas missas todos os dias, e Aparecida era e é o lugar ideal, pois lá é a capital religiosa e a sede da Padroeira do Brasil. Tudo o que eles queriam tinha em Aparecida, só não contavam com a saudade dos filhos e dos netos, que começou amargurar seus corações, então seguiram viagem em frente e se juntaram com os filhos em Jaborandí. .
Nesse espaço de tempo, em que morou em Aparecida, meu bisavô comprou um pequeno hotel e começou a trabalhar. Mas, por ele não ser do ramo, logo precisou vende-lo, pois, os negócios não iam bem.


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Meu bisavô Zózimo Isidoro foi um homem muito santo, tinha uma paciência de Jó, nunca xingava e nem dizia palavrões. Se ele, por exemplo, tropeçasse em alguma coisa, olhava para o objeto, olhava para o céu e dizia; louvado seja Deus. Com a recitação do Magnificat ele afastava qualquer temporal para longe da sua casa, e quaisquer pragas das suas plantações. Homem de oração, homem de fé, estava sempre ligado a Deus. Na sua vida tudo era oração, tudo acontecia por vontade do Pai celeste, Deus. (Obs: Este homem nunca foi benzedor e nem curador; foi sim, muito religioso e muito ligado às tradições da religião católica. O pároco da cidade, Pe. Ezequiel, era seu compadre, pois, além de batizar, foi também padrinho do meu avô Ezequiel, e ainda mais, este mesmo padre, fez o casamento do meu avô e o batizado do meu pai. – Fato engraçado (para não dizer esquisito) aconteceu no batizado do meu pai. Pelo nome que meu pai foi registrado em cartório, o padre disse que não faria o batizado, pois, não era nome de santo, nunca ouvira falar de São Alcides. Então meu avô sugeriu o nome de Nestor, aí o padre disse: por este nome eu batizo, pois este é nome de santo).

No dia 21/12/1940, Nestor de Oliveira (17/04/1918) casou-se com Maria Pires de Oliveira (12/06/1920-27/08/1998), filha de Joaquim Pires de Oliveira Franco (26/12/1886-27/10/1967) e de Teresa Hermann (02/02/1895-16/07/1971). Os pais de Joaquim Pires eram, José Pires (1860) e Maria Mariana de Jesus (1862), que eram de Ouro Preto (MG), também o Joaquim era de Ouro Preto, (que naquela época era capital mineira). No início do século vinte a família Pires mudou-se para a cidade de Araras (SP). – Meu avô, Joaquim, dizia que na família do seu pai eram em vinte irmãos -. Dos filhos dos meus bisavós José Pires e Maria Mariana de Jesus, só lembramos alguns nomes: além do Joaquim, meu avô ainda tinha, Manoel, João, Antônio, Francisca, Lázaro, Maria, José etc... .


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A família Pires morou em vários municípios da região de Araras, cidades estas como; Conchal, Cordeirópolis, Leme, Sto.Antônio de Posse... .
E os pais de Teresa Hermann (02/02/1895) eram, José Hermann (1869) e Mathilde Cambher (1870), nascidos em Berlim (Alemanha), também a Teresa era nascida lá, e veio para o Brasil no finalsinho do século dezenove. Os filhos do casal, Hermann, eram, Maria, Verônica, Teresa, José, Nardina, Ana, Mathilde, João e Rosa. Minha avó Teresa contava que o seu avô, pai do José Hermann, chamava-se Augusto, mas ela não o conheceu. Ele faleceu na Alemanha.

A família do senhor José Hermann chegou da Alemanha em 1899 e foram morar em uma fazenda de café no município de Araras (SP). Nesta cidade criaram raízes, saíram algumas vezes para aventurarem em outro município, mas logo voltavam para Araras. Moraram na fazenda São Jerônimo que se situava entre o povoado da Vila dos Americanos (hoje cidade de Americana (SP) e o povoado do bairro Tatú, município de Limeira (SP). Moraram também na fazenda Orlândia que, na época, tinha mais de um milhão de pés de café, fazenda esta que, o proprietário, Sr. Orlando Junqueira doara partes de sua terra para a criação do patrimônio onde se formou a cidade de Orlândia (SP). Lá, ficaram apenas um ano e voltaram novamente para Araras).
– (Minha avó Teresa dizia que nesta fazenda tinha muito cupim. Como não havia forno nas casas da colônia, seu pai Sr. José Hermann cavou um buraco interno no cupinzeiro, deixando apenas uma porta, pôs fogo dentro para desinfeta-lo, e sua mãe usava-o como forno e ali assava os pães e bolos) -.


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Na Segunda década do século vinte deu broca no cafezal, foi uma praga terrível. Esta praga era tão destruidora que acabou com a lavoura cafeeira da região de Araras. Nessa época, em 1924, a família Hermann, juntamente com outras famílias e também a Pires, mudaram-se para a cidade de Colina (SP) e Jaborandí (SP). Nesses municípios a lavoura cafeeira estava em alta, então, lá criaram famílias e viveram felizes. Parte da família ainda vive na região de Colina, parte foi para outras cidades, e uma parte, porém, retornou para Araras, desta vez foram morar na cidade, e não mais nas fazendas.

Da união de Joaquim Pires de Oliveira (26/12/1886-27/10/1967) com Teresa Hermann (02/02/1895-16/07/1971) nasceram nove filhos: José (que faleceu com dois anos de idade), Flora (também esta faleceu pequena), Ana (1918), Maria (12/06/1920), Lázaro (1922), Flávio (25/07/1924), Olívia (1927), Patrocina (1930), Antônia (10/06/1933) e João (02/05/1938). Quando, ainda, eram casados de novo, meus avós, Joaquim e Teresa, mudaram-se de Araras para Guarulhos. Meu avô foi trabalhar em uma cerâmica e minha avó cuidava do lar. Nessa época não havia cidade no varjão do rio Tietê, suas águas eram limpas e claras. Minha avó lavava as roupas da família às margens do rio, com águas do próprio Tietê. O único inconveniente que havia eram os jacarés, que na época eram muitos. Certa vez ao colocar uma blusa vermelha nas águas do rio para enxágua-la, um jacaré tirou-a de suas mãos e levou embora para o fundo do rio. Pouco tempo, porém, moraram em Guarulhos, não acostumando longe dos parentes, voltaram para Araras. No ano de 1924 foram para Colina (SP) trabalhar na lavoura cafeeira da fazenda Colina, que era propriedade do Sr. Lamouniere de Andrade, genro do Coronel José Venâncio Dias.


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Da união de Nestor de Oliveira (17/04/1918) com Maria Pires de Oliveira (12/06/1920-27/08/1998) nasceram oito filhos; Lídia (10/10/1941), José (22/12/1942), Antônio (06/08/1944), Nestor (22/11/1946), Maria Aparecida (27/01/1950), Terezinha (06/10/1953), Sebastiana (27/01/1957) e João Bosco (07/11/1962). – (Agora temos mais sangue alemão misturado com o sangue português, pois minha avó Teresa Hermann é alemã) -.

Meu pai tinha três anos de idade quando se mudou da fazenda de seu avô, em Rio Claro (RJ), para a fazenda Boa Sorte no município de Rezende (RJ), e nove anos, quando saiu de Rezende e foi morar em Jaborandí (SP) na fazenda do Sr. Amauri, filho do Nhô Moço. Morou oito anos no município de Jaborandí e mudaram para o município de Colina (SP) na fazenda Mandaguari, de propriedade do coronel Luciano de Mello Nogueira, nessa época ele contava com dezessete anos de idade. Quando ele tinha vinte e um anos de idade a família do meu avô mudou-se para a fazenda do Turvo, também em Colina.
Meu pai sempre lembra da mudança que fizeram de Rezende para Jaborandí no ano de 1927. Ele nos conta que saíram da fazenda Boa Sorte de manhã, e, a pé. Andaram dezoito quilômetros até chegar na cidade de Rezende, onde embarcaram no trem. Nessa caminhada, meu avô carregava duas malas de roupas, uma em cada mão, minha avó Sebastiana carregava o João no ventre, o José no colo e puxava pela mão a Carmelina. Meu pai, como já tinha nove anos de idade, foi incumbido de levar a cartucheira (espingarda de estimação do senhor Ezequiel). Antes de viajar meu avô desmontou-a, separando o cano da coronha, embrulhou-a muito bem em um papel de jornal, e a entregou-a aos cuidados do meu pai e disse assim: só separe dela quando chegarmos em Jaborandí; (e a ordem foi cumprida).


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Minha mãe tinha quatro anos quando se mudou de Araras (SP) para o município de Colina (SP). Sua infância e juventude foram na fazenda Colina - do coronel José Venâncio Dias –, e na fazenda dos Paro – na Gurita – perto da sub estação de Palmar.
Quando moços, tanto Nestor como Maria, moravam na fazenda São Francisco do Turvo em Colina, lá se conheceram e se gostaram.
No dia 21/12/1940, na igreja matriz de São José em Colina, uniram-se em matrimônio. Trabalharam nas lavouras de café, milho, arroz, feijão, algodão e mamona, tinham vacas leiteiras, cavalo, burro e criavam porcos e galinhas. Moraram nas seguintes fazendas: São Francisco do Turvo, propriedade da viúva do Sr. Martiminiano Junqueira (de 10/1939 a 09/1945), onde nasceram os filhos, Lídia, José e Antônio; fazenda Colina, propriedade do Dr. Lamouniere de Andrade (de 10/1945 a 09/1946); São Joaquim, propriedade do Dr. Lucas Duval (de 10/1946 a 09/1947), onde nasceu o Nestor; fazenda Aparecida, propriedade do Sr. Plínio Ferraz Sampaio, que no ano de 1950 vendeu-a para o Sr. Fábio Uchoa (de 10/1947 a 09/1951), ali nasceu a Maria Aparecida; Monte Belo, propriedade do Sr. Henrique Paro (de 10/1951 a 09/1957), ali nasceram a Terezinha e a Sebastiana; Monte Belo, propriedade do Sr. Antonio Paro (de 10/1957 a 09/1962).
No ano de 1962, por causa da queda no preço do café, os cafeicultores arrancaram todas as suas lavouras menos produtivas, deixando apenas os cafezais mais novos, diminuindo acentuadamente os empregos na região. Por este motivo, no dia 17/09/1962, a família do senhor Nestor e dona Maria deixou Colina (SP) para aventurar nova vida na cidade de Americana (SP), nesta cidade nasceu o último filho do casal o João Bosco, onde, ainda hoje se encontram todos seus familiares morando.


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(Sobre o Sr. Plínio Ferraz Sampaio, meu pai conta um fato pitoresco. Por ser morador na capital paulista, ele ia uma vez por mês em sua fazenda, e lá permanecia até uns quinze dias trabalhando, tanto na administração da fazenda como na representação de uma concessionária de tratores. Na opinião de meu pai, este senhor era o único homem, naquela época e naquela região, que usava bermuda. Nessa época o delegado de polícia de Colina era o Dr. Miguel (muito respeitado por sinal), mas, por ele ter baixa estatura, lhes chamavam de Miguelzinho. Certo dia, vestido com bermuda, dirigindo o seu trator o Plínio foi até a cidade de Colina. Quando o delegado viu aquele homem em cima do trator vestindo calça curta, parou-o e lhe intimou a ir numa loja comprar uma calça comprida e vesti-la, pois do contrário ele iria para a prisão. O Sr. Plínio, que não era bobo, obedeceu ao delegado, mas, continuou usando suas lindas bermudas lá na sua fazenda).

A data da fundação da Paróquia de São José, de Colina, é 30/07/1918, mesmo ano em que nasceu meu pai 17/04/1918. Antes, neste mesmo lugar, havia uma capelinha construída com madeiras. Conta-se que no ano de 1918 houve uma grande geada na região de Colina. Foi devastadora sobre a lavoura cafeeira. Naquela noite, o cel. Luciano de Mello Nogueira (grande produtor de café) fez uma promessa: Se a sua lavoura de café não fosse devastada pela geada, ele ajudaria construir com tijolos uma outra igreja bem maior, no local da capela de madeira. Notou-se que seu cafezal foi o que menos sofreu com a geada naquela região. E assim ele cumpriu sua promessa, dando uma maior contribuição financeira para a construção desta grande e bela igreja.


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Os maiores doadores foram: Cel. Luciano de Mello Nogueira 15:739$000. , D. Inácia Junqueira 10:000$000. , Dogelo de Souza 2:500$000. , Benedito Paro 2:500$000. , Mário Lima 2:500$000. , Tenente José Antônio de Souza 2:000$000. . Além desses doadores, houve acima de duas centenas de outras pessoas contribuintes, com parcelas menores. O sino desta Matriz é um dos mais belos que existe no interior paulista, jamais foi encontrado um de igual sonoridade e valor. Seu peso está calculado em 750 quilos. Mede 1,00x1,10m de altura e boca. Mesmo à grande distância, suas badaladas são ouvidas nitidamente, cujo som grave traz lembranças dos tempos da infância. O sino principal foi fundido em bronze e ouro (um quilo deste último), a fim de aumentar a sonoridade do mesmo. O preço total deste sino foi de 10 contos de réis, incluindo sua instalação. Seu doador, também, foi o Cel. Luciano de Mello Nogueira. Na parte lateral há estes dizeres: A PESTE FAME ET BELLO LIBERA NOS DOMINE.

- Sobre como começou o seu namoro, meu pai conta que, no dia 06/10/1939, quando ele estava descarregando a mudança de cima da carroça, na fazenda do Turvo, ali, na mesma hora e na mesma colônia a umas dez casas a frente, também a família da minha mãe descarregava a dela. No dia 11/10/1939 quando meu pai voltava com seu pai e seus irmãos de uma inspeção na lavoura, encontraram-se com minha mãe que ia com seu pai e seus irmãos para conhecer a lavoura que iriam trabalhar. Ele lembra que meu avô Joaquim - que foi um homem muito alegre e conversador – parou e cumprimentou meu avô Ezequiel – que era muito extrovertido também -. Nesse primeiro encontro, meu pai olhou para aquela jovem bonita, que por sua vez, também olhou para aquele jovem lindo, e ali, naquele instante, começava uma nova e grande família. Passados sete dias ele a pedia em casamento, e alguns dias mais, foi falar com o pai da jovem, que o aceitando lhe deu um prazo de um ano para fazer o casamento. Namoram até novembro de 1940, casaram-se, e viveram unidos e felizes durante 58 anos. Hoje, em espírito, nossa mãe ainda continua unida com a família; e meu pai continua sua jornada aqui na terra, na mesma união, nos fazendo felizes e nos abençoando.-


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Os senhores e senhoras Nestor de Oliveira e Maria Pires de Oliveira, Guerino Tônus e Aurélia Paro Tônus, meus pais e meus sogros (respectivamente), foram, são, e sempre serão exemplos para as nossas famílias, pois, souberam ser fieis ao chamado de Deus. Amaram-se mutuamente, amaram seus filhos, confiaram e souberam amar o nosso Deus todo Poderoso, e Dele receberam as graças necessárias para formarem suas famílias, toda alicerçada, dentro de uma conduta moral e religiosa. São quatro pessoas que, ao olharmos para elas, nos reflete como um espelho a nos indicar, este é o caminho.

No dia 17/05/1969 Nestor de Oliveira Filho (22/11/1946) e Zenaide Paro Tônus (21/01/1951) uniram-se em matrimônio, na igreja matriz de São João Bosco em Americana (SP). Agora, estamos tentando no dia a dia, com a Graça de Deus, continuar esta história. História de fé, doação, desprendimento, resignação, entrega, perdão, paciência, trabalho, amor. E, além de tudo, muito amor a Deus e a Nossa Senhora, Maria Mãe de Jesus.
Rogo a Deus para que isso seja um indicador de rumos para nossos filhos e, gerações futuras, dentro de nossas famílias!...


AMERICANA ANO DA GRAÇA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO DE 2002.


NESTOR DE OLVEIRA FILHO & ZENAIDE PARO TONUS DE OLIVEIRA


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carteira de trabalho - caderneta agrícola (1956)


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DADOS BIOGRÁFICOS

Nestor nasceu em Colina (SP), na fazenda São Joaquim no dia 22/11/1946, viveu sua infância e parte da juventude na roça. Morou onze anos na fazenda Monte Belo.
Aos dezesseis anos de idade, no dia 17/09/1962, mudou-se, juntamente, com sua família para a cidade de Americana (SP), onde mora até hoje.

Filho de Nestor de Oliveira e de Maria Pires de Oliveira; seu pai é fluminense, nascido na cidade de Rio Claro (RJ), e sua mãe é paulista, nascida na cidade de Araras (SP).
Seus avós paterno: Ezequiel de Oliveira e Sebastiana Cândida de Oliveira são fluminenses. Seus avós materno: Joaquim Pires de Oliveira é mineiro de Belo Horizonte, e Teresa Hermann é alemã da capital Berlim.

É casado com Zenaide Paro Tonus de Oliveira, também nascida em Colina (SP), na fazenda Monte Belo.
É pai de Maria Auxiliadora, Nestor Ezequiel, José Roberto e João Paulo. E avô de Bruno Albert, Aline Maria, Vinicius Henrique, Vitor Henrique, Gabriel e Estêvão.
Sogro de Edvaldo, Viviane e Jussara.

Sua profissão foi Técnico Químico, trabalhou na indústria têxtil, onde se aposentou.
É líder comunitário católico, pertence à paróquia de São João Bosco de Americana.
É membro de uma família que sempre gostou de escrever e de cantar. Desde Rio Claro (RJ) terra de seu pai, como em Barretos, Jaborandi e Colina (SP) sua terra natal, e agora em Americana (SP).

OBRAS LITERÁRIAS: vários TRABALHOS publicados no jornal O Liberal de Americana (SP), e no jornal O Colinense de Colina (SP).
Participou da Antologia Literária no Livro; PAI, UM AMIGO, UM HERÓI, da Casa do Novo Autor Editora Ltda, editado em 2001.
MONTE BELO, O PARAISO DOS MEUS SONHOS; livro em edição.
POEMAS DE UM SONHADOR; livro em edição.
CANTAR A VIDA ATRAVÉS DA POESIA; livro em edição.
SONHOS & CAMINHOS; livro em edição.
GENEALOGIA FAMÍLIA PARO; livro em edição (parceria com Valdemar Vello)


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Na juventude a mesa fica repleta de vidas, na velhice fica repleta de ausências.

Envelheci; mas tenho tanta infância dentro de mim, tal como quando nasci.

Criei filhos; não são donos do mundo, mas, contribuí com o Criador.

Plantei árvores; se talvez não deram frutos, pelo menos fazem sombras àqueles que andam ofegantes ao calor do sol do meio dia.

Escrevi livros; pode ser que ninguém os leiam. Mas valeu a pena por eu ter tentado retribuir ao mundo, esses Dons que, de graça, Deus me deu.

Ser íntegro custa caro. Por não me dividir, sou feliz !

NESTOR





- Ter uma família é viver no interior de uma ternura! -

.............................................................Nestor de Oliveira Filho



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