POEMAS
DE UM
SONHADOR
NESTOR DE OLIVEIRA FILHO
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Todos os direitos desta Obra são reservados ao Autor.
Rua do Cobre no- 90 – Vila Biasi – cep. 13466 - 706
AMERICANA – SP
- 2002 -
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Nº-
|
ÍNDICE
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PÁGINA
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01-
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O Poeta
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13
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02-
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Ser Caipira
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14
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03-
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A Dor da Saudade
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15
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04-
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Realidade
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16
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05-
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Colina (SP), Terra Amada
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17
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06-
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Bom Homem
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19
| ||||
07-
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Voltando Às Origens
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22
| ||||
08-
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Genealogia
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43
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09-
|
Bodas de Pérola
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45
| ||||
10-
|
Capelinha da Minha Infância
|
46
| ||||
11-
|
Casa de Pau-a-pique
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49
| ||||
12-
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Casamento Sob à Lei de Deus
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50
| ||||
13-
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Defendendo os Inocentes
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51
| ||||
14-
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Conchinha
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52
| ||||
15-
|
Caçada Infeliz
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54
| ||||
16-
|
Dia de São João
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56
| ||||
17-
|
E o Setembro Chegou
|
59
| ||||
18-
|
Estado de São Paulo
|
61
| ||||
19-
|
Festas Juninas
|
63
| ||||
20-
|
Festa do Peão
|
65
| ||||
21-
|
Flor Mulher
|
67
| ||||
22-
|
Exemplo da Vida
|
69
| ||||
23-
|
Fogão a Lenha
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70
| ||||
24-
|
Francisco de Assis
|
71
| ||||
25-
|
Fogo Apaga Fogo
|
73
| ||||
26-
|
Homenagem ao Meu Pai
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75
| ||||
27-
|
Homenagem à Paróquia de Colina
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77
| ||||
28-
|
Homenagem ao João Paro
|
79
| ||||
29-
|
Homenagem ao Vicente e à Aparecida
|
81
| ||||
30-
|
A Mulher e a Flor
|
82
| ||||
31-
|
In Memorium
|
83
| ||||
32-
|
Lar Perfeito
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84
| ||||
33-
|
Uma Vocação a Serviço do Reino
|
85
| ||||
34-
|
Lembranças
|
87
| ||||
35-
|
Lindo Sertão
|
89
| ||||
36-
|
Mãe (AUX)
|
91
| ||||
37-
|
Mamãe (VIV)
|
93
| ||||
38-
|
Maria, Ensina-me o Caminho
|
94
| ||||
39-
|
Maria Flor da Roça
|
96
| ||||
40-
|
Maria Aparecida
|
98
| ||||
41-
|
Mensagem aos Meus Pais
|
99
| ||||
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42-
|
Mamãe Querida
|
101
| ||||||||||||
43-
|
Matando a Saudade
|
102
| ||||||||||||
44-
|
Menino & Moleque
|
104
| ||||||||||||
45-
|
Meu Jovem Pai
|
106
| ||||||||||||
46-
|
Mercado Trabalhista
|
107
| ||||||||||||
47-
|
Mãe (Maria Pires)
|
108
| ||||||||||||
48-
|
Tristeza
|
109
| ||||||||||||
49-
|
Saudosa Mãe (Maria)
|
110
| ||||||||||||
50-
|
Senhor Abençoe Nossa Família
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111
| ||||||||||||
51-
|
Meus Passos
|
112
| ||||||||||||
52-
|
Nosso Salvador
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114
| ||||||||||||
53-
|
O Orvalho
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115
| ||||||||||||
54-
|
O Caminho
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116
| ||||||||||||
55-
|
O Burro e o Porco
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118
| ||||||||||||
56-
|
O Casal de Tico-ticos
|
120
| ||||||||||||
57-
|
O Galo e Seus Amigos
|
123
| ||||||||||||
58-
|
O Homem que se Perdeu no Mato
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128
| ||||||||||||
59-
|
O Milagre no Rio Paraíba
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130
| ||||||||||||
60-
|
Obras de Deus
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132
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61-
|
Os Avós de Meus Filhos
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133
| ||||||||||||
62-
|
Parabéns Americana
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134
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63-
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Parabéns Minha Irmã (Tianinha)
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135
| ||||||||||||
64-
|
Parabéns (Zenaide)
|
136
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65-
|
Aniversário (Tere)
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138
| ||||||||||||
66-
|
Patriarca (O Tronco de Jacarandá)
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139
| ||||||||||||
67-
|
Peão Solitário
|
141
| ||||||||||||
68-
|
Pequeno, Menino Grande
|
143
| ||||||||||||
69-
|
Por Isso Estou Aqui
|
145
| ||||||||||||
70-
|
Plantando Você Terá
|
146
| ||||||||||||
71-
|
Quem Tem Fé e Trabalha, Deus Ajuda
|
147
| ||||||||||||
72-
|
Reconstruir
|
150
| ||||||||||||
73-
|
Reflexão no Espelho
|
151
| ||||||||||||
74-
|
Ressurreição
|
152
| ||||||||||||
75-
|
Retalhos - Em Pensamentos -
|
153
| ||||||||||||
76-
|
Rezando Com Maria
|
155
| ||||||||||||
77-
|
Riachinho da Minha Terra
|
156
| ||||||||||||
78-
|
Santa Maria Mãe de Jesus
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158
| ||||||||||||
79-
|
Santos Reis
|
160
| ||||||||||||
80-
|
Saudade da Infância
|
162
| ||||||||||||
81-
|
Saudosa Mãe (Aurélia)
|
164
| ||||||||||||
82-
|
Saudoso Pai (Guerino)
|
165
| ||||||||||||
83-
|
Suave Como Um Bálsamo
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166
| ||||||||||||
84-
|
Sessenta Anos
|
167
|
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85-
|
Sonho de Papel
|
168
| |||
86-
|
Sonho Lindo
|
169
| |||
87-
|
Terezinha
|
170
| |||
88-
|
Cão Tiziu
|
172
| |||
89-
|
Parece Mas Não É
|
173
| |||
90-
|
Comida Boa
|
175
| |||
91-
|
Amor e Paixão
|
176
| |||
92-
|
Usina Carioba ll
|
178
| |||
93-
|
Chão Molhado
|
179
| |||
94-
|
As Cores da Minha Tropa
|
181
| |||
95-
|
Vaidade
|
183
| |||
96-
|
Vejo Deus
|
185
| |||
97-
|
Paz; na Graça do Senhor
|
186
| |||
98-
|
Vislumbrando a Fé
|
187
| |||
99-
|
Sabedoria de um Ancião
|
188
| |||
100-
|
Ao Mestre com Carinho
|
190
| |||
101-
|
Melodia e Paz
|
191
| |||
102-
|
Ser Como Criança
|
192
| |||
103-
|
A Boa Planta Bom Fruto Dá
|
193
| |||
104-
|
Saudade
|
194
| |||
105-
|
Nossa Senhora
|
195
| |||
106-
|
Tropeiro
|
197
| |||
107-
|
Criança
|
199
| |||
108-
|
Sopapo do sapo
|
200
| |||
109-
|
Pleonasmo
|
202
| |||
110-
|
O Mistério das Flores
|
203
| |||
111-
|
Aniversário da Família
|
204
| |||
112-
|
Caridade = Amor
|
205
| |||
113-
|
Cadeira de Balanço
|
206
| |||
114-
|
A Graça
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207
| |||
115-
|
Trem da Ilusão
|
208
| |||
116-
|
Caminho do Amor
|
209
| |||
117-
|
Herói Lavrador
|
211
| |||
118-
|
Navegar; é Preciso!
|
212
| |||
119-
|
Filho
|
213
| |||
120-
|
Um Casal Exemplar
|
214
| |||
121-
|
Sonhar
|
217
| |||
122-
|
Paz: do Criador
|
218
| |||
123-
|
Minha deusa de amor
|
219
| |||
124-
|
Prece
|
220
|
125- Consideração 222
126- Árvore Genealógica 223
127- Dados Biográficos 224
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AGRADECIMENTOS
Primeiro agradeço a Deus por me dar a vida, a Jesus por me ensinar o caminho, e ao Espírito Santo por me dar a inspiração. Agradeço aos meus pais por me darem a vida humana, e fazer com que eu me tornasse um homem. Também, à minha esposa Zenaide e aos meus quatro filhos: Maria Auxiliadora, Nestor Ezequiel, José Roberto e João Paulo, juntamente com meu genro Edivaldo e noras Viviane e Jussara, pelo incentivo, e por me compreenderem em todas as circunstâncias da vida.
E ofereço este trabalho aos meus netos, Bruno Albert, Aline Maria, Vitor Henrique, Gabriel, Estêvão, que estão ao meu lado, ao Vinicius Henrique que está com Deus, e ainda à outros que hão de vir; se Deus quiser!
O Autor.
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APRESENTAÇÃO
Não é minha pretensão, ao apresentar este trabalho, que me chamem de poeta, mas, simplesmente um sonhador. Pois é sonhando que se tem esperança, e quando tem esperança se sente confortado, e este conforto traz a paz. Na paz sente-se realizado, e a realização traz a felicidade. Na felicidade encontra-se o amor; e o AMOR é DEUS!
Na minha infância, em casa com toda a família reunida, ou na lavoura quando cada um com uma enxada os acompanhavam nos trabalhos da roça, meus pais contavam-nos belas histórias, contos e estórias. Contavam-nos muitos fatos interessantes acontecidos na família, fatos que vinham desde a mocidade de seus avós, de seus pais, passando pela infância e juventude de meus pais e chegava até nós, com nossas peripécias e artes. Esse carisma de meus pais marcou-me muito, e assim tornei-me um sonhador...
Obs: Se algumas datas ou alguns fatos não estiverem de acordo com os reais – mesmo eu tendo me empenhado ao máximo para acertar – perdoem-me, porém, o meu intuito foi escrever um livro mais poético que histórico.
ESTE É UM TRABALHO BEM SIMPLES, MAS, É NA SIMPLICIDADE QUE SE ENCONTRA DEUS.
NOF
Americana, 2002.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
O POETA
O poeta traz em sua alma
O aroma de uma florada
Uma manhã serena e calma
Uma linda flor de palma
E o cantar da passarada.
O poeta traz em seu coração
O que tem de mais sagrado
Muito amor e louvação
Um gesto de gratidão
E oferece ao povo amado.
O poeta traz em sua lembrança
O passado com carinho
Uma mensagem de esperança
Às vezes volta a ser criança
E refaz o seu caminho.
O poeta traz em sua escrita
Amor e fé; e felicidade.
Coisa feia fica bonita
É um grande malabarista
Da história e da saudade.
O poeta traz em seu caminho
Um sorriso de alegria
Semeia flor, e não espinho.
Para encontrar, assim, mansinho;
A paz de Deus, no dia-a-dia.
13
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SER CAIPIRA
Minha escrita é bem simples
A simplicidade trás em seu bojo
O grande amor que a pessoa tem.
Dizem que sou caipira
Tento disfarçar e não consigo
Pois o tema que me inspira
Com certeza, nasceu comigo.
O caipira é um homem bom
E ser simples é uma virtude
Há caipira na cidade e no sertão
O que importa é a boa atitude.
Sou caipira porque expresso
A riqueza do sertão querido
Terra, água, plantas, que beleza!
Sou feliz, pois lá eu sou nascido.
O caipira trás na sua alma
A pureza da sua mãe terra
A beleza do cantar dos passarinhos
O clarão da lua, que surge atrás da serra.
Quando Deus fez o homem lá no Éden
Usou o barro do sertão abençoado
Foi perfeita essa mistura amor e terra
Ele viu que era bom o que foi criado.
14
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
A DOR DA SAUDADE
Quem é que não tem
a dor da saudade,
olhando o passado
no filme estampado
sua mocidade.
A casinha amarela
bem no pé da serra
onde eu morava.
Daquela janela
eu via aquela
que eu mais gostava.
Mas, ela foi embora
e meus olhos choram
à grande paixão.
Lhe dei meu amor
e ganhei a dor
no meu coração.
Eu vejo o caminho
que o meu vovozinho
comigo, ele, andava.
Pra roça ou cidade
com felicidade
meu pai caminhava.
Nossa brincadeira
rodar a peneira
o meu caminhão.
Brincar de boneca;
menino sapeca
rodar o pião.
Nadar no riozinho,
lá no monjolinho
o milho socava.
A fruta madura,
um melado doçura,
no pé eu pegava.
Ver a mamãezinha
lá na cozinha,
a lenha e o fogão.
A bolacha e o cuscuz.
Grande amor a Jesus,
da família, união.
15
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
REALIDADE
Vida; dom que só pertence a Deus,
doada às criaturas e aos filhos Teus.
Mas, um dia Ele vem buscar.
Dor; sofrimento, o mais profundo,
foi o pecado que o trouxe ao mundo.
E é só Deus quem pode curar.
Felicidade; tão necessária à nossa vida,
ora ela é real, ora é escondida,
e, só notamo-nos se ela acabar.
Morte; essa nossa companheira,
nos persegue a vida inteira,
em todo nosso caminhar.
Realidade; tudo está em nossa frente,
em tudo eu vejo meu Deus presente
que diz: meu filho deixe eu te Amar.
16
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
COLINA (SP), TERRA AMADA!
* 21/04/1980 *
Eu nasci, nasci bem longe daqui.
É bela a terra em que nasci,
Onde tem moça bonita,
É bela a terra em que nasci,
Onde tem moça bonita,
Os rapazes são muito ordeiros,
Os velhos são exemplares
E as crianças querem prosperar.
Lá na terra em que nasci
O povo é muito bom
Todos vivem trabalhando
Fazendo a plantação
Todos querem prosperar
Por isso vão trabalhar
Plantando laranja, arroz e feijão.
Na indústria e no comércio
Tem colinense trabalhando
Tem no esporte e no lazer
E muitos jovens estudando
Povo bom e hospitaleiro
Espírito dócil, más, guerreiro.
Bons produtos exportando.
Nessa terra tão querida
Também existe doutor
A cidade é pequenina
Más é bela como a flor
No território paulista
Colina é progressista
E nos acolhe com amor.
De Colina tão amada
Eu tenho muitas saudades
Lá eu vivi minha infância
E também a mocidade
Agora aqui tão distante
Relembro a todo instante
Da minha velha irmandade.
Todos cantam sua terra
Por isso é que estou cantando
Pra Colina tão bonita
Que hoje está aniversariando
Morando em outra cidade
Mando-lhe felicidade
Junto com meus conterrâneos.
Na indústria e no comércio
Tem colinense trabalhando
Tem no esporte e no lazer
E muitos jovens estudando
Povo bom e hospitaleiro
Espírito dócil, más, guerreiro.
Bons produtos exportando.
Nessa terra tão querida
Também existe doutor
A cidade é pequenina
Más é bela como a flor
No território paulista
Colina é progressista
E nos acolhe com amor.
De Colina tão amada
Eu tenho muitas saudades
Lá eu vivi minha infância
E também a mocidade
Agora aqui tão distante
Relembro a todo instante
Da minha velha irmandade.
Todos cantam sua terra
Por isso é que estou cantando
Pra Colina tão bonita
Que hoje está aniversariando
Morando em outra cidade
Mando-lhe felicidade
Junto com meus conterrâneos.
Na indústria e no comércio
Tem colinense trabalhando
Tem no esporte e no lazer
E muitos jovens estudando
Povo bom e hospitaleiro
Espírito dócil, más, guerreiro.
Bons produtos exportando.
Nessa terra tão querida
Também existe doutor
A cidade é pequenina
Más é bela como a flor
No território paulista
Colina é progressista
E nos acolhe com amor.
De Colina tão amada
Eu tenho muitas saudades
Lá eu vivi minha infância
E também a mocidade
Agora aqui tão distante
Relembro a todo instante
Da minha velha irmandade.
Todos cantam sua terra
Por isso é que estou cantando
Pra Colina tão bonita
Que hoje está aniversariando
Morando em outra cidade
Mando-lhe felicidade
Junto com meus conterrâneos.
17 - 18
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
BOM HOMEM
Foi lá no estado do Rio,
Na cidade de Rio Claro,
Que este bom homem nasceu.
Em Resende ele cresceu,
Pé no chão naquele barro,
Com saúde e inteligência
Naquela linda querência
Tão formosa como jarro.
Seu povo, o avô e os titios,
Numa grande união
Outro Estado procurou.
Ali, um pouco mais ele ficou,
Com os pais e os irmãos
Cuidando da roça e o café,
Com trabalho e muita fé,
Terminando a plantação.
Passado um ano se juntaram
No território paulista,
Na fazenda do Nhô Moço,
Aquilo era um colosso
Que se perdia de vista.
Foi experiência morar ali,
Cidade de Jaborandí,
Onde fez grande conquista.
Onde foi sua mocidade.
No Turvo foi bom lavrador.
Lá conheceu o grande amor,
A sua felicidade.
Maria sua companheira,
Jurou-lhe amor pra vida inteira,
Viver juntos pra eternidade.
Em Colina, sua nova terra,
Onde foi seu casamento,
Na igreja de São José,
Adorou seu Deus Javé
Na alegria e no sofrimento.
Ali nasceram os seus filhos,
Cultivou café, arroz e milho.
No sol quente, chuva e vento.
No esporte se consagrou.
Na bola foi admiração.
Foi um craque de primeira,
No drible ou na carreira,
Não havia marcação.
Fez gol de todo jeito,
De cabeça, pé esquerdo e direito...
Sempre estilo de campeão.
No são Joaquim e Aparecida.
Trabalhou de enxada e rastelo,
Foice, enxadão e martelo,
Junto com a mulher querida.
Na lida enfrentou duelo,
Foi feliz no Monte Belo,
Sempre andou de cabeça erguida.
Na crise do cafezal,
Foi pra cidade grande,
Deixou a Colina amada.
Em Americana industrializada,
Cultura nova, seu saber expande.
Na indústria e na rua
Alimentou a família sua,
Com pulso firme; sem desmande.
Sempre com Jesus na frente
Sua luta teve valor.
Oito filhos, dezessete netos,
Grande prole, onze bisnetos,
Patriarca sim senhor.
Com a força de um herói,
Grande família constrói,
Oitenta e quatro anos. De Amor!
FELIZ 17 / 04 / 2002
(seu filho) Nestor de Oliveira Filho
19 - 20 - 21
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
VOLTANDO ÀS ORIGENS
Nestor de Oliveira Filho e Zenaide Paro Tonus
A família Tonus morava na Itália, na comunidade de Mansué, Província de Treviso. Na via do bosche n.102. Giuseppe Tonus (1879-1951) casado com Giuseppina Barbieri (1885-1970) tiveram 10 filhos; Maria (1906), Santa (1907) Luigi (1909), Vitório (1910), Antônio (1912), Virgínio (1914), Guerino (1916-1996), Anna (1919), Rina (1922) e Platino (1923). Lá eles tinham o seu pedaço de terra, sua casa, suas vacas, porcos, galinhas, etc., e plantavam frutas, trigo, milho. Faziam um bom vinho, com uvas colhidas na videira de sua propriedade. Também tinham criação de bicho-de-seda, e uma boa plantação de amoreiras para alimentar os bichinhos. A casa onde moravam, era como um sobrado. O pavimento térreo servia como despensa, onde armazenavam os tonéis de vinho, lingüiça de carne de porco, e outros tipos de carnes defumadas além de milho, trigo, fubá, sal, azeite e outros gêneros alimentícios. O pavimento superior era, propriamente, onde moravam. Ao lado, encostado na casa, era o estábulo, onde as vacas e outros animais da família dormiam. Em época de muito frio, para se esquentar, a vovó fazia crochê sentada em uma cadeira no meio das vacas. Também era costume, nessa época de frio, neste estábulo, colocar algo no chão para forrar, bem no centro, onde a família se reunia, tendo as vacas deitadas em volta, assim todo pessoal se aquecia. A vovó Pina sempre nos contava que moravam perto da ponte sobre o Rio Piave (a famosa ponte dell Piave), e viviam razoavelmente bem e felizes.
22
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
Nisso surge a primeira grande guerra (1914-1918), aí tudo mudou. Com a situação se agravando, e com os filhos ainda crianças, Seo Giuseppe precisou refugiar-se para não mais ir combater na guerra. Por este motivo foi dado como desertor. Ele cavou um buraco no solo, distante da residência, e se escondeu dentro, onde ficava o dia inteiro, só voltava para casa algumas noites. Durante o dia sua esposa, Giusephina, saia pelos campos, com a carroça, buscar sementes de vassoura, a qual depois de socada no pilão, fazia-se a comida para alimentarem, pois não havia mais nada para comerem. E nessas saídas ela aproveitava, também, para levar água e alimento para seu marido que estava escondido. Quando os soldados alemães invadiam uma aldeia, destruíam quase tudo. Matavam os animais, saqueavam as despensas, estouravam os tonéis de vinho e destruíam as plantações, não sobrava nada. Chegou dia que precisaram comer capim para não morrerem de fome. Para conter os soldados alemães, o então comandante da Itália (Mussolini) mandou bombardear a grande ponte dell Piave. A vovó contava que houve um banho de sangue neste rio, ela dizia que o rio ficou vermelho como sangue. Nossos avós contavam-nos certos causos inusitados, diziam; certo dia um soldado alemão veio roubar uma vaca do senhor Giuseppe, enquanto o soldado puxava a vaca pelo cabresto, o seo Giuseppe tentava segura-la pelo rabo, para que o mesmo não a levasse embora, mas, não teve jeito. Quando terminou a guerra alguns soldados alemães eram capturados, suas calças eram amarradas em cada perna, na altura dos tornozelos, e dando-lhes óleo de rícino o espancavam até terem uma tremenda desinteria que chegava leva-los, muitas vezes, à morte. Um alemão, no final da guerra, chegou perto da senhora Giuseppina, na cozinha, e lhe disse várias vezes (mama copute), quer dizer, mamãe vou matar-me. Em seguida ele foi para o quintal no fundo da casa e se matou.
23
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
Pois bem, foi nesse ambiente de guerra, exatamente no dia (07/04/1916) que nasceu o sétimo filho do casal, um belo garoto ao qual, os pais puseram o nome de Guerino Tonus, na cidade de Mansué. A família também morou em Gorgo All Monticano , cidade vizinha de Mansué.
Os anos pós-guerra foram terríveis, precisava reconstruir tudo, houve muita doença e fome. Inclusive um de seus filhos, o Luigi, foi atingido enquanto brincava com uma granada (que não havia sido explodida), causando-lhe grandes ferimentos. Seo Giuseppe e dona Giuseppina resolveram, então, aventurar nova vida nas Américas. No ano de 1923 partiram como imigrantes para o Brasil. A viagem foi terrível, durou dois meses, conta-se que o navio quase naufragou devido a uma tempestade que durou vários dias. Foram obrigados a ficarem fechados nos porões para não verem o que acontecia na superfície das águas, pois podiam se desesperar e haver grande tumulto, o que seria uma tragédia. Com a fúria das ondas o navio balançava e, lá no fundo, eles eram arremessados de um lado para o outro. Entrou muita água no navio, que era tirada com baldes e dreno. Só souberam de tamanha gravidade quando passou a tempestade e puderam novamente viajar na superfície do navio. Foi também nesta viagem, em alto mar, que nasceu o último filho do casal, ao qual puseram o nome de Platino, (nome este em homenagem ao navio que havia rompido a tempestade e lhes salvado as vidas), pois o navio levava o nome de Plata. Quando desembarcaram no porto, o garoto tinha 22 dias de idade, mas, pelo estado precário da viagem e pelas condições de seu nascimento, adoeceu e, meses depois, morreu em terras brasileiras. Soube-se posteriormente que, esse navio ao retornar para a Itália naufragou-se.
Chegaram ao Brasil, passando pelo porto do Rio de Janeiro antes de chegar ao porto de Santos, onde desembarcaram. E de lá seguiram para São Paulo. Deram entrada no serviço de imigração
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no dia 27/12/1923, e na estação da Luz, em São Paulo , tomaram um trem da Companhia Paulista com destino a Colina (SP). Da cidade de Colina para o Monte Belo, foram de carro de boi, e lá começaram a trabalhar na lavoura de café, na fazenda do senhor Luiz Paro (pai dos srs. Policarpo, Alonso, Carlos, Antônio Luiz Paro (Antônião)).
Em janeiro de 1924 começaram a trabalhar na lavoura velha, e também na plantação de mudas de café para formarem nova lavoura. Em 1931 mudaram-se para a fazenda Estiva que pertencia, se não me engano, a família Pascon, também, para cultivar café e cereais. Em 1935 foram tocar café de colono na fazenda do senhor Antônio Paro, no Monte Belo, moraram em uma casa de tábua, que depois morou a tia Catineta, essa casa ficava em frente ao armazém. Em 1938 mudaram para a fazenda Uriage, pertencente ao Sr. Ernesto Piai (pai do tio Mário e do Sr. Vitório) sendo o Sr. Vitório o motorista da jardineira que fazia a linha de Colina à Monte Azul e depois, de Colina à Barretos. Nesta fazenda moraram até 1940.
A família Paro, também era de Treviso (Itália), chegaram ao Brasil no ano de 1886, e se instalaram no município de Ribeirão Preto (SP), onde havia grandes fazendas de café. Quando os irmãos Paro chegaram ao Brasil, cada um já tinha sua família constituída, eram eles, Benedito, João, Luiz, e mais uma irmã, que não temos o nome, que foi morar na Argentina. (Os pais do Sr. Benedito, que vem a ser tetravôs da Zenaide, chamavam-se (Luiz Paro ?) e Joana Gôbo. Mas, eles não vieram para o Brasil). A fazenda que o senhor Benedito Paro administrava era tocada com a mão-de-obra dos antigos escravos, que foram libertados alguns anos antes. Nas terras de Ribeirão Preto, com o trabalho e fazendo economias, a família Paro guardou um bom dinheiro. Dali se mudaram para a fazenda Estiva no município de Colina (SP),
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também para cultivar lavoura cafeeira, onde compraram um sítio. Depois de muito trabalho e uma acirrada economia, conseguiram guardar mais um bom dinheiro, e já nos primeiros anos do século vinte adquiriram terras (virgens) neste mesmo município de Colina (SP), onde, depois de terem derrubado a mata plantaram enormes lavouras de café. Deram a esta fazenda o nome de fazenda Monte Belo, que depois, por ser muito grande e bonita foi denominada Bairro Monte Belo. Prosperaram nesta nova terra, e exerceram grande influência no crescimento da cidade, tanto na parte financeira como na religiosa, além, das tradições e dos bons costumes; costumes estes que permanecem ainda hoje. O senhor Benedito Paro (21/03/1854-28/09/1930) era casado com a dona Luiza Cardini (01/02/1873-1926), e dessa união nasceram sete filhos, Antônio (18/04/1882), Jácomo, Catarina, Marina, Ângelo, Elvira e Ernesto.
Em suas terras, como gratidão, construíram uma capela em louvor a Nossa Senhora Aparecida, (no dia 15/12/1928 foi celebrada a primeira missa pelo padre Jaime) e ainda está em atividade. Nesse ano, antes da construção da capela, o padre Vítor Coelho de Almeida (de Aparecida (SP)) havia pregado uma missão ali no Monte Belo. Também construíram um armazém (venda), um campo de futebol, e um Grupo Escolar que foi inaugurado no dia 09/04/1954. Foi neste Grupo Escolar que cursamos o nosso primário, onde (no dia 13/12/1957, Nestor e 13/12/1961, Zenaide) recebemos o diploma de 4º- ano.
O senhor Antônio Paro chegou ao Brasil com quatro anos de idade, ele nasceu em Treviso na Itália. O senhor Antônio casou com dona Eugênia Girardi nascida no dia 20/08/1884 em Gênova, também na Itália, e veio para o Brasil com nove meses de idade, filha de José Girardi e Luiza Chapim. Do senhor Antônio Paro (18/04/1882-21/12/1973) e dona Eugênia Girardi (20/08/1884-21/09/1969) nasceram doze filhos. O primeiro chamava-se João,
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que nasceu no ano de 1904 e faleceu em 1920, com 16 anos de idade, vítima de apendicite aguda. Os outros são, Luiz Antônio (25/10/1905), Luiza (1909), Genoveva (1909), Pedro (1910), José Antônio (31/08/1912), Lúcia (12/10/1913), Matilde (31/05/1916), Aurélia (05/05/1918), Joana (1920), João (16/11/1923) e Antônio (11/02/1930). O nome dado à Joana e ao segundo João, foi em homenagem ao primeiro filho da família que havia falecido. A casa construída em alvenaria, que por sinal é muito boa e bonita, e ainda hoje é sede da fazenda, foi inaugurada no dia 13/12/1924. A primeira casa (sede) era construída com tábuas de madeira, e localizava-se à direita desta de alvenaria mais ou menos oitenta metros de distância e cinqüenta metros para baixo.
O senhor Antônio Benedito Paro (depois de adulto ele recebeu o pronome Benedito, para identifica-lo como filho do Benedito, diferenciando-o assim, de um outro fazendeiro que tinha o mesmo nome) foi um homem muito respeitado e muito querido na região, tanto na fazenda Monte Belo como nas cidades da região. Com aquele coração bondoso, ele ajudou muita gente naquela região de Colina, Bebedouro e Barretos. Na capela, além de ajudar celebrar a missa e rezar o terço, ensinava o catecismo da igreja católica para toda criançada daquele bairro. Também alguns de seus filhos fizeram isso, aqui posso citar: a Lúcia, o João e o Tonico. E mais, seu filho João Paro, além de bom vereador, foi prefeito na cidade de Colina, e exerceu com responsabilidade e muita dignidade este alto cargo que o povo colinense lhe outorgou.
Aqui transcrevo, com as próprias palavras do Sr. Prefeito João Paro, parte do documento de acerto de contas com o eleitorado colinense, no final de seu mandato (1963). – Com a consciência do dever cumprido e com imensa satisfação, podemos nos apresentar aos nossos munícipes
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para expor o que por nós foi realizado no quatriênio 1960 – 1963. No dia sete de setembro de 1959, apresentamos ao eleitorado colinense, um programa de 30 (trinta) itens apontados como problemas de Colina, propondo-nos solucioná-los se fôssemos eleitos. Aí está caros eleitores, nosso programa de trabalho totalmente cumprido com exceção de pouca coisa, que não nos foi possível, por certas circunstâncias, embora tivéssemos nos esforçados para isto. Mas, como compensação, realizamos muitas obras que não constavam em nosso programa (totalizando quarenta e seis itens) e, embora exista alguém não querendo enxerga-las, aí estão elas a vistas de todos, e aqueles que ainda não viram, mas que conheceram Colina a quatro (quatro) anos atrás, analise, e vê o que foi feito na atual administração. Colinenses, o cumprimento de um programa de governo conforme o que foi prometido pela atual administração nos credencia a solicitar mais uma vez o seu voto e o seu apoio. E a vocês, isso representa a confiança em João Ademar Paro , meu candidato. (Obs.) E este foi eleito, e o sucedeu-lhe.
Além do senhor João Paro, Colina teve mais três prefeitos Paro, todos João, (e uma imensidade de Paro na vereança do município).
- Segue abaixo uma pequena genealogia desta família Paro, da qual a Zenaide faz parte. Mas há outras, Paro, no município.
Luigi Paro Antonio >> Luiz >> Antonio >> Lupércio.
& { Benedito >> Antonio >> Aurélia >> Zenaide.
Giovanna Gobbo João >> Henrique >> João Henrique >> João Henrique.
Guerino Tônus (07/04/1916-13/11/1996) e Aurélia Paro (05/05/1918-24/06/1990) se uniram em matrimônio no dia 18/11/1939, na igreja matriz de São José em Colina (SP), e dessa união nasceram dez filhos, que são: Maria Terezinha (16/10/1940), José Antônio (01/06/1942), Luiz Aparecido (1943)
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– que faleceu recém-nascido -, Luiza Aparecida (21/06/1945), José Mário (16/05/1947), Zenaide (21/01/1951), Maria do Carmo (29/05/1953), Maria Isabel (26/08/1954), Maria de Lurdes (04/02/1959) e Maria Bernadete (26/12/1961). Eles tinham, no Monte Belo, sua propriedade e trabalhavam na lavoura de café. Também cultivavam arroz, milho, feijão, e no pasto tinham umas cabeças de gado e uns bons cavalos, criavam porco, galinha, pato e peru. Criaram os filhos com boa educação, e sempre orientados na santa religião de Jesus Cristo, tornando-os fervorosos católicos.
Quando o senhor Guerino casou, ele morava na fazenda dos Piai, e a senhora Aurélia morava na fazenda Monte Belo, - o costume italiano era, o filho homem casar e ficar morando na casa dos pais - então continuaram morando na fazenda Piai até junho de 1940. Terminado este ano agrícola mudaram novamente para o Monte Belo, na fazenda do Sr. Carlos Paro, (que é filho do Sr. Luiz Paro que foi o primeiro patrão do nosso avo, quando chegara da Itália) também aqui, continuaram morando juntos na casa do pai. Nesta fazenda nasceram os filhos: Maria Terezinha, José Antônio, Luiz Aparecido, Luiza Aparecida e José Mário.
Em 1948 o senhor Guerino separou da casa de seu pai e foi morar no (Tunim Cípio) sítio do Sr. Antônio Viquini, genro do Sr. Luiz Paro. Neste ano de 1948 o vovô Tônus e a vovó Pina foram morar na cidade, em Colina. No ano de 1950 a família Guerino Tônus se mudou para a fazenda do avô Antônio Paro, onde o Sr. Guerino foi tocar café a meia com o seu sogro. Moraram na casa de tábua, a primeira à esquerda da casa da sede, antes de chegar à colônia dos empregados. Foi nesta casa que nasceu a Zenaide, em 1951. Em outubro de 1952 a família do Sr. Guerino e Sra. Aurélia mudaram-se
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para o seu sítio, propriedade que a dona Aurélia.recebera como herança de seu pai sr. Antônio Paro. Sítio este que o Sr. Antônio havia adquirido do Sr. Luiz Galdino, cunhado dos srs. Antônio Spechoto (Tatão), Fernando Spechoto e outros, ambos, filhos da dona Santa Spechoto. Em março de 1965 a família Tônus foi morar na cidade, em Colina, e construiu a casa na cidade com os tijolos da casa do sítio (onde havia morado o empregado) que fora destruída.
Em 1966 o senhor Guerino vendeu o seu sítio e, no dia 21/04/66, mudou-se para Americana (SP), onde comprou uma boa casa para morar, e aqui trabalhou como charreteiro na praça. Nessa nova profissão, ele ganhou para o sustento da família, e fez boas amizades. Ainda hoje, a maior parte da sua família permanece em Americana, com exceção dos três mais velhos.
A família OLIVEIRA é de origem portuguesa, e veio para o Brasil na época em que Dom João VI, Rei de Portugal, instalou seu reinado no Brasil. O Oliveira era oficial da corte do reinado. Passado a turbulência em Portugal, o Rei voltou para sua terra natal, e lá reinstalou seu reinado. O Oliveira gostou do Brasil, criou raízes no Rio de Janeiro, e aqui ficou. A família foi crescendo e se espalhou pelas cidades do interior do Estado, cidade estas como, Angra dos Reis, Barra Mansa, Volta Redonda, Lídice, São João Marcos, Rio Claro (RJ) etc. Em Rio Claro passava a estrada (naquele tempo era uma espécie de picada que cortava aquele sertão) que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo, ali era a rota feita pelos oficiais e, também, pelo Imperador quando vinha para este Estado. Ali passavam constantemente os mensageiros do Reino, pois, levavam e buscavam ordens e notícias em São Paulo , já que era o Estado de maior progresso do Brasil.
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O tempo passou e vieram novas gerações, até que: Em 1861 Joaquim de Oliveira (1839), descendente de portugueses, casou-se com Leopoldina Rosch (1842) descendente de alemães. - Seu pai chamava-se José Roberto Rosch (Joseph Robert Rosch), um militar de alta patente do exercito alemão, que viera ao Brasil em uma expedição que aquele país mandou para cá. O militar, Rosch, ficou encantado com a beleza da cidade maravilhosa, aqui ficou e tornou-se um cidadão brasileiro -. Deste casamento nasceram, Álvaro, Zózimo Isidoro (11/03/1864) e Gertrudes. Também, com a união dessas duas famílias, misturou um pouco de sangue alemão no sangue português, pois, minha tataravó Leopoldina, era filha de alemão de sobrenome Rosch (?) (não sei se a grafia correta seria esta, mas, era assim que pronunciavam-no).
Joaquim de Oliveira possuía um sítio no alto da serra, bem ao pé do morro mais alto, que eram duas pedras e tinham o formato de um casco de vaca; o conjunto chamava-se unha de vaca, e uma das pedras era chamada de pedra do Bispo. Deram este nome à pedra porque, certa vez caminhando pela encosta, o bispo e sua expedição conseguiram chegar até o topo da montanha.
Mariano Antunes (1842), casado com Inês Gonçalves (1845), era seu vizinho, também sítio lá. Mariano e Inês só tinham uma filha, e chamava-se Gertrudes, e nasceu no dia 16/11/1867. Meu pai conta que por motivos de divisa e de água – se o de cima represasse a água para tocar o moinho, faltava água para o de baixo – estavam sempre em litígio. Certa ocasião, Zózimo, filho de Joaquim de Oliveira, que namorava Gertrudes, (sua prima terceira) filha de Mariano Antunes, viu seu pai e seu futuro sogro discutindo na divisa dos sítios. Um com o dedo no gatilho da garrucha, pronto para atirar, o outro com a foice erguida, pronta para dar o golpe e decepar a cabeça do vizinho.
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Um dizia, pode atirar e o outro falava, pode cortar. Ficaram mais de horas nesta teimosia. Foi aí que Zózimo entrou em ação, se pôs entre os dois, e com sabedoria, paciência, inteligência e com uma santidade fora do comum, com boa conversa convenceu-os a deixarem as armas e irem cada um para sua casa.
Depois do casamento de Zózimo de Oliveira (11/03/1864) com Gertrudes Gonçalves Antunes (22/10/1867) as brigas por motivos de divisas terminaram. Pois, sendo a Gertrudes filha única, Zózimo foi morar e trabalhar com o sogro Mariano Antunes, ai nem precisavam mais de cercas, os dois sítios ficaram quase uma única propriedade, era tudo entre parentes.
Desse senhor Mariano Antunes, conta-se que além de ser sitiante, também, era tropeiro. Tinha suas tropas de carga, mulas e burros. Ele saía de Rio Claro (RJ) e ia negociar animais no Estado de Minas Gerais (comprar e vender), e de lá, além de animais, trazia queijos e doces para vender no Estado do Rio e de São Paulo. Seguia pelo litoral passando por todas cidades beira-mar, subia a serra e chegava em Sorocaba (SP), que era ponto de tropeiros e era um bom mercado de compras e vendas (tudo que trazia vendia), cavalgava mais alguns dias e chegava em Piracicaba (SP), seu ponto final de comércio. Fazia de duas a três viagens por ano, indo e vindo, de Rio Claro (RJ) a minas Gerais e de Rio Claro (RJ) à Piracicaba (SP). Essas viagens duravam de sessenta a noventa dias, desde o dia da saída até o dia em que retornava à sua casa. Naquele tempo não havia estradas, essas viagens eram feitas através das picadas que eram feitas no meio daqueles sertões.
Fato curioso aconteceu em 1970. Meu pai conversando, com um senhor de idade (de sobrenome Toledo), soube que o senhor Mariano Antunes, meu tetravô, talvez tenha vindo aqui em
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Americana (SP), na fazenda Salto Grande comercializar seus animais. Este homem disse ao meu pai, que no seu tempo de criança, ouvia seu avô contar que a vida toda negociou bons animais, e que no seu tempo de moço fez bons negócios com um tal tropeiro que se chamava Mariano, e esse tal homem dizia ter vindo do Estado do Rio de Janeiro. Tudo é possível. Se ele demorava até três meses na viagem para vir à Piracicaba, e Americana é perto de Piracicaba, pode ter sido mesmo o meu tetravô que esteve aqui onde moro hoje, ano de 2002.
Da união de Zózimo Isidoro de Oliveira (11/03/1864-04/09/1939) com Gertrudes Gonçalves de Oliveira (16/11//1867-20/10/1946), nasceram nove filhos, Zozelina (1885), Leopoldina (1887), Antônia (1889), José (1891), Ezequiel (20/04/1894), Maria (1896), Vergília (1898), Antônio (1900) e Inês (1901).
Ezequiel de Oliveira (20/04/1894-11/07/1961) casou-se com Sebastiana Cândida de Oliveira (07/02/1895-26/10/1956), filha de Silvino Rodrigues Soares (1854-05/1938) e Eugênia Cândida de Oliveira (1857-12/1929). Os filhos de Silvino eram; Maria, Bernardino, Avelino, Paulino, Francisco, Manoel, Leopoldina, Sebastiana (1895), Jovelina (23/08/1897), Dora (que, ainda menina, morreu por causa da gripe espanhola), e José. O Sr. Silvino Rodrigues Soares era fazendeiro em Rio Claro (RJ).
Da união de Ezequiel de Oliveira (20/04/1894-11/07/1961) com Sebastiana Cândida de Oliveira (07/02/1895-26/10/1956), nasceram nove filhos; Otília (1916-faleceu com dois anos e meio), Nestor (17/04/1918), Maria do Carmo (1920), Carmelina (1923), José (1925), João (1928), Irene (1931), Luiz (1933) e Terezinha (1940). - Otilia, Nestor e Maria nasceram em Rio Claro (RJ), Carmelina e José em Rezende, João, Irene e Luiz em Jaborandí, e Terezinha em Colina.
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Entre a família de Zózimo e de Silvino há uma coincidência grande, houve cinco casamentos entre as duas famílias. Casaram, José e Ezequiel filhos de Zózimo, com Jovelina e Sebastiana filhas de Silvino, e, Manoel, Paulino e José filhos de Silvino, com Maria, Zozelina e Vergília filhas de Zózimo.
No ano de 1921, Zózimo Isidoro vendeu seu sítio em Rio Claro (RJ), e junto com os filhos, filhas, noras, genros e netos mudaram-se para Rezende (RJ), foram formar uma lavoura de café na fazenda Boa Sorte, à dezoito quilômetros da cidade.
Após o café formado, e com o término do contrato de cinco anos, souberam das famosas terras e dos bons cafezais do Estado de São Paulo, então, resolveram partir para nova aventura.
(Em 1923 o José, seu genro, já havia voltado para Rio Claro morar na fazenda do pai). Entre 1926, 1927 e 1929 saíram de Rezende (RJ) e foram para Jaborandí (SP). – Em 1926 saíram José, Paulino, Zózimo e Manoel, os três primeiros foram para Jaborandí e o Manoel voltou para Rio Claro. Em 1927 o Ezequiel saiu e foi para Jaborandí. No ano de 1929 o senhor Zózimo, morando em Jaborandí, mandou buscar as famílias das suas duas filhas que estavam em Rio Claro (RJ), e assim foram também, o Manoel e o José para as terras paulistas-. Seguiram de trem, primeiro pela Central do Brasil, até São Paulo, depois pela Companhia Paulista de Estrada de Ferro, até Colina (SP) e para Jaborandí seguiram de caminhão.
Antes de fixar residência em Jaborandí, meu bisavô Zózimo morou por pouco tempo em Aparecida (SP). Por serem muito religiosos tanto meu bisavô Zózimo Isidoro quanto minha bisavó Gertrudes, quiseram parar nessa cidade, e lá moraram mais de três meses. Meus bisavós acreditavam que estando em Aparecida, estariam mais em contato com Deus, queriam participar das santas missas todos os dias, e Aparecida era e é o lugar ideal.
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Pois lá é a capital religiosa e a sede da Padroeira do Brasil. Tudo o que eles queriam tinha em Aparecida, só não contavam com a saudade dos filhos e dos netos, que começou amargurar seus corações, então seguiram viagem em frente e se juntaram com os filhos em Jaborandí. .
Nesse espaço de tempo, em que moraram em Aparecida, meu bisavô comprou um pequeno hotel e começou a trabalhar. Mas, por ele não ser do ramo, logo precisou vendê-lo, pois, os negócios não iam bem.
Meu bisavô Zózimo Isidoro foi um homem muito santo, tinha uma paciência de Jó, nunca xingava e nem dizia palavrões. Se ele, por exemplo, tropeçasse em alguma coisa, olhava para o objeto, olhava para o céu e dizia; louvado seja Deus. Com a recitação do Magnificat ele afastava qualquer temporal para longe da sua casa, e quaisquer pragas das suas plantações. Homem de oração, homem de fé, estava sempre ligado a Deus. Na sua vida tudo era oração, tudo acontecia por vontade do Pai celeste, Deus. (Obs: Este homem nunca foi benzedor e nem curador; foi sim, muito religioso e muito ligado às tradições da religião católica. O pároco da cidade, Pe. Ezequiel, era seu compadre, pois, além de batizar, foi também padrinho do meu avô Ezequiel, e ainda mais, este mesmo padre, fez o casamento do meu avô e o batizado do meu pai. – Fato engraçado (para não dizer esquisito) aconteceu no batizado do meu pai. Pelo nome que meu pai foi registrado em cartório, o padre disse que não faria o batizado, pois, não era nome de santo, nunca ouvira falar de São Alcides. Então meu avô sugeriu o nome de Nestor, aí o padre disse: por este nome eu batizo, pois este é nome de santo).
No dia 21/12/1940, Nestor de Oliveira (17/04/1918) casou-se com Maria Pires de Oliveira (12/06/1920-27/08/1998), filha de Joaquim Pires de Oliveira Franco (26/12/1886-27/10/1967) e de Teresa Hermann (02/02/1895-16/07/1971). Os pais de Joaquim Pires eram,
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José Pires (1860) e Maria Mariana de Jesus (1862), que eram de Ouro Preto (MG), também o Joaquim era de Ouro Preto, (que naquela época era capital mineira). No início do século vinte a família Pires mudou-se para a cidade de Araras (SP). – Meu avô, Joaquim, dizia que na família do seu pai eram em vinte irmãos -. Dos filhos dos meus bisavós José Pires e Maria Mariana de Jesus, só lembramos alguns nomes: além do Joaquim, meu avô, ainda tinha, Manoel, João, Antônio, Francisca, Lázaro, Maria, José etc... . A família Pires morou em vários municípios da região de Araras, cidades estas como; Conchal, Cordeirópolis, Leme, Sto.Antônio de Posse... .
E os pais de Teresa Hermann (02/02/1895) eram, José Hermann (1869) e Mathilde Cambher (1870), nascidos em Berlim (Alemanha), também a Teresa era nascida lá, e veio para o Brasil no finalsinho do século dezenove. Os filhos do casal, Hermann, eram, Maria, Verônica, Teresa, José, Nardina, Ana, Mathilde, João e Rosa. Minha avó Teresa contava que o seu avô, pai do José Hermann, chamava-se Augusto, mas ela não o conheceu. Ele faleceu na Alemanha.
A família do senhor José Hermann chegou da Alemanha em 1899 e foram morar em uma fazenda de café no município de Araras (SP). Nesta cidade criaram raízes, saíram algumas vezes para aventurarem em outro município, mas logo voltavam para Araras. Moraram na fazenda São Jerônimo que se situava entre o povoado da Vila dos Americanos (hoje cidade de Americana (SP) e o povoado do bairro Tatú, município de Limeira (SP). Moraram também na fazenda Orlândia que, na época, tinha mais de um milhão de pés de café, fazenda esta que, o proprietário, Sr. Orlando Junqueira doara partes de sua terra para a criação do patrimônio onde se formou a cidade de Orlândia (SP). Lá, ficaram apenas um ano e voltaram novamente para Araras(SP).
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– (Minha avó Teresa dizia que nesta fazenda tinha muito cupim. Como não havia forno nas casas da colônia, seu pai Sr. José Hermann cavou um buraco interno no cupinzeiro, deixando apenas uma porta, pôs fogo dentro para desinfetá-lo, e sua mãe usava-o como forno e ali assava os pães e bolos) -.
Na Segunda década do século vinte deu broca no cafezal, foi uma praga terrível. Esta praga era tão destruidora que acabou com a lavoura cafeeira da região de Araras. Nessa época, em 1924, a família Hermann, juntamente com outras famílias e também a Pires, mudaram-se para a cidade de Colina (SP) e Jaborandí (SP). Nesses municípios a lavoura cafeeira estava em alta, então, lá criaram famílias e viveram felizes. Parte da família ainda vive na região de Colina, parte foi para outras cidades, e uma parte, porém, retornou para Araras, desta vez foram morar na cidade, e não mais nas fazendas.
Da união de Joaquim Pires de Oliveira (26/12/1886-27/10/1967) com Teresa Hermann (02/02/1895-16/07/1971) nasceram nove filhos: José (que faleceu com dois anos de idade), Flora (também esta faleceu pequena), Ana (1918), Maria (12/06/1920), Lázaro (1922), Flávio (25/07/1924), Olívia (1927), Patrocina (1930), Antônia (10/06/1933) e João (02/05/1938). Quando, ainda, eram casados de novo, meus avós, Joaquim e Teresa, mudou-se de Araras para Guarulhos. Meu avô foi trabalhar em uma cerâmica e minha avó cuidava do lar. Nessa época não havia cidade no varjão do rio Tietê, suas águas eram limpas e claras. Minha avó lavava as roupas da família às margens do rio, com águas do próprio Tietê. O único inconveniente que havia eram os jacarés, que na época eram muitos. Certa vez ao colocar uma blusa vermelha nas águas do rio para enxágua-la, um jacaré tirou-a de suas mãos e levou embora para o fundo do rio.
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Pouco tempo, porém, moraram em Guarulhos, não acostumando longe dos parentes, voltaram para Araras. No ano de 1924 foram para Colina (SP) trabalhar na lavoura cafeeira da fazenda Colina, que era propriedade do Sr. Lamouniere de Andrade, genro do Coronel José Venâncio Dias.
Da união de Nestor de Oliveira (17/04/1918) com Maria Pires de Oliveira (12/06/1920-27/08/1998) nasceram oito filhos; Lídia (10/10/1941), José (22/12/1942), Antônio (06/08/1944), Nestor (22/11/1946), Maria Aparecida (27/01/1950), Terezinha (06/10/1952), Sebastiana (26/01/1957) e João Bosco (07/11/1962). – (Agora temos mais sangue alemão misturado com o sangue português, pois minha avó Teresa Hermann é alemã) -.
Meu pai tinha três anos de idade quando se mudou da fazenda de seu avô, em Rio Claro (RJ), para a fazenda Boa Sorte no município de Rezende (RJ), e nove anos, quando saiu de Rezende e foi morar em Jaborandí (SP) na fazenda do Sr. Amauri, filho do Nhô Moço. Morou oito anos no município de Jaborandí e mudaram para o município de Colina (SP) na fazenda Mandaguari, de propriedade do coronel Luciano de Mello Nogueira, nessa época ele contava com dezessete anos de idade. Quando ele tinha vinte e um anos de idade a família do meu avô mudou-se para a fazenda do Turvo, também em Colina.
Meu pai sempre lembra da mudança que fizeram de Rezende para Jaborandí no ano de 1927. Ele conta que saíram da fazenda Boa Sorte de manhã, e, a pé. Andaram dezoito quilômetros até chegar na cidade de Rezende, onde embarcaram no trem. Nessa caminhada, meu avô carregava duas malas de roupas, uma em cada mão, minha avó Sebastiana carregava o João no ventre, o José no colo e puxava pela mão a Carmelina. Meu pai, como já tinha nove anos de idade, foi incumbido de levar a cartucheira (espingarda de estimação do senhor Ezequiel).
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Antes de viajar meu avô desmontou-a, separando o cano da coronha, embrulhou-a muito bem em um papel de jornal, e a entregou-a aos cuidados do meu pai e disse assim: só separe dela quando chegarmos em Jaborandí; (e a ordem foi cumprida).
Minha mãe tinha quatro anos quando se mudou de Araras (SP) para o município de Colina (SP). Sua infância e juventude foram na fazenda Colina - do coronel José Venâncio Dias –, e na fazenda dos Paro – na Gurita – perto da sub estação de Palmar.
Quando moços, tanto Nestor como Maria, moravam na fazenda São Francisco do Turvo em Colina, lá se conheceram e se gostaram.
No dia 21/12/1940, na igreja matriz de São José em Colina, uniram-se em matrimônio. Trabalharam nas lavouras de café, milho, arroz, feijão, algodão e mamona, tinham vacas leiteiras, cavalo, burro e criavam porcos e galinhas. Moraram nas seguintes fazendas: São Francisco do Turvo, propriedade da viúva do Sr. Martiminiano Junqueira (de 10/1939 a 09/1945), onde nasceram os filhos, Lídia, José e Antônio; fazenda Colina, propriedade do Dr. Lamouniere de Andrade (de 10/1945 a 09/1946); São Joaquim, propriedade do Sr. Lucas Duval (de 10/1946 a 09/1947), onde nasceu o Nestor; fazenda Aparecida, propriedade do Sr. Plínio Ferraz Sampaio, que no ano de 1950 vendeu-a para o Sr. Fábio Uchoa (de 10/1947 a 09/1951), ali nasceu a Maria Aparecida; Monte Belo, propriedade do Sr. Henrique Paro (de 10/1951 a 09/1957), ali nasceram a Terezinha e a Sebastiana; Monte Belo, propriedade do Sr. Antonio Paro (de 10/1957 a 09/1962).
No ano de 1962, por causa da queda no preço do café, os cafeicultores arrancaram todas as suas lavouras menos produtivas, deixando apenas os cafezais mais novos,
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diminuindo acentuadamente os empregos na região. Por este motivo, no dia 17/09/1962, a família do senhor Nestor e dona Maria deixou Colina (SP) para aventurar nova vida na cidade de Americana (SP), aqui nasceu o último filho do casal o João Bosco, onde, ainda hoje se encontram todos seus familiares morando.
(Sobre o Sr. Plínio Ferraz Sampaio, meu pai conta um fato pitoresco. Por ser morador na capital paulista, ele ia uma vez por mês em sua fazenda, e lá permanecia até uns quinze dias trabalhando, tanto na administração da fazenda como na representação de uma concessionária de tratores. Na opinião de meu pai, este senhor era o único homem, naquela época e naquela região, que usava bermuda. Nessa época o delegado de polícia de Colina era o Dr. Miguel (muito respeitado por sinal), mas, por ele ter baixa estatura, lhes chamavam de Miguelzinho. Certo dia, vestido com bermuda, dirigindo o seu trator ele foi até a cidade de Colina. Quando o delegado viu aquele homem em cima do trator vestindo calça curta, parou-o e lhe intimou a ir numa loja comprar uma calça comprida e vesti-la, pois do contrário ele iria para a prisão. O Sr. Plínio, que não era bobo, obedeceu ao delegado, mas, continuou usando suas lindas bermudas lá na sua fazenda).
A data da fundação da Paróquia de São José, de Colina, é 30/07/1918, mesmo ano em que nasceu meu pai 17/04/1918. Antes, neste mesmo lugar, havia uma capelinha construída com madeiras. Conta-se que no ano de 1918 houve uma grande geada na região de Colina. Foi devastadora sobre a lavoura cafeeira. Naquela noite, o Cel. Luciano de Mello Nogueira (grande produtor de café) fez uma promessa: Se a sua lavoura de café não fosse devastada pela geada, ele ajudaria construir com tijolos uma outra igreja bem maior, no local da capela de madeira.
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Notou-se que seu cafezal foi o que menos sofreu com a geada naquela região. E assim ele cumpriu sua promessa, dando uma maior contribuição financeira para a construção desta grande e bela igreja.
Os maiores doadores foram: Cel. Luciano de Mello Nogueira 15:739$000. , D. Inácia Junqueira 10:000$000. , Dogelo de Souza 2:500$000. , Benedito Paro 2:500$000. , Mário Lima 2:500$000. , Tenente José Antônio de Souza 2:000$000. . Além desses doadores, houve acima de duas centenas de outras pessoas contribuintes, com parcelas menores. O sino desta Matriz é um dos mais belos que existe no interior paulista, jamais foi encontrado um de igual sonoridade e valor. Seu peso está calculado em 750 quilos. Mede 1,00x1,10m de altura e boca. Mesmo à grande distância, suas badaladas são ouvidas nitidamente, cujo som grave traz lembranças dos tempos da infância. O sino principal foi fundido em bronze e ouro (um quilo deste último), a fim de aumentar a sonoridade do mesmo. O preço total deste sino foi de 10 contos de réis, incluindo sua instalação. Seu doador, também, foi o Cel. Luciano de Mello Nogueira. Na parte lateral há estes dizeres: A PESTE FAME ET BELLO LIBERA NOS DOMINE.
Sobre como começou o seu namoro, meu pai conta que, no dia 06/10/1939, quando ele estava descarregando a mudança de cima da carroça, na fazenda do Turvo, ali, na mesma hora e na mesma colônia à umas dez casas a frente, também a família da minha mãe descarregava a dela. No dia 11/10/1939 quando meu pai voltava com seu pai e seus irmãos de uma inspeção na lavoura, encontraram-se com minha mãe que ia com seu pai e seus irmãos para conhecer a lavoura que iriam trabalhar. Ele lembra que meu avô Joaquim - que foi um homem muito alegre e conversador – parou e cumprimentou meu avô Ezequiel – que era muito extrovertido também -. Nesse primeiro encontro, meu pai olhou para aquela jovem bonita, que por sua vez, também olhou para aquele jovem lindo, e ali, naquele instante,
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começava uma nova e grande família. Passados sete dias ele pedia-a em casamento, e alguns dias mais, foi falar com o pai da jovem, que o aceitando lhe deu um prazo de um ano para fazer o casamento. Namoram até novembro de 1940, casaram-se, e viveram unidos e felizes durante 58 anos. Hoje, em espírito, nossa mãe ainda continua unida com a família; e meu pai continua sua jornada aqui na terra, na mesma união, nos fazendo felizes e nos abençoando.-
Os senhores e senhoras Nestor de Oliveira e Maria Pires de Oliveira, Guerino Tônus e Aurélia Paro Tônus, meus pais e meus sogros (respectivamente), foram, são, e sempre serão exemplos para as nossas famílias, pois, souberam ser fieis ao chamado de Deus. Amaram-se mutuamente, amaram seus filhos, confiaram e souberam amar o nosso Deus todo Poderoso, e Dele receberam as graças necessárias para formarem suas famílias, toda alicerçada, dentro de uma conduta moral e religiosa. São quatro pessoas que, ao olharmos para elas, nos reflete como um espelho a nos indicar, este é o caminho.
No dia 17/05/1969 Nestor de Oliveira Filho (22/11/1946) e Zenaide Paro Tônus (21/01/1951) uniram-se em matrimônio, na igreja matriz de São João Bosco em Americana (SP). Agora, estamos tentando no dia a dia, com a Graça de Deus, continuar esta história. História de fé, doação, desprendimento, resignação, entrega, perdão, paciência, trabalho, amor... e, além de tudo, muito amor a Deus e a Nossa Senhora, Maria Mãe de Jesus.
Rogo a Deus para que isso seja um indicador de rumos para nossos filhos e, gerações futuras, dentro de nossas famílias!...
AMERICANA, ANO DA GRAÇA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO DE 2002.
NESTOR DE OLIVEIRA FILHO & ZENAIDE PARO TONUS DE OLIVEIRA
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Bodas de Pérolas
(TRINTA ANOS DE AMOR)
Conhecemo-nos ainda crianças,
eu menino, você menina,
alegres, descontraídos na amada
e bela Colina, nossa terra natal.
Trinta anos se passaram, daquele 17 de maio.
E esse tempo nos uniu, ainda mais.
Percorremos um longo caminho.
Três décadas não são três dias.
E nesse caminho encontramos muitas
flores, e também espinhos, curtimos
dores e saboreamos alegrias. Entre as
flores que colhemos estão os filhos e
os netos, nossa razão de viver.
Zenaide, vendo hoje você vovó,
lembro-me quando ainda mocinha,
passeando pela avenida, graciosa
e alegre, fazendo desabrochar em
meu peito a semente do amor, mas
o amor que lhe jurava eu juro ainda,
com o mesmo calor.
No futuro, reviveremos essas
lembranças, ambos velhinhos, o
presente amor nos transformando
num casal de passarinhos.
Americana, 17 de maio de 1999
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
CAPELINHA DA MINHA INFÂNCIA
Ao passar naquela estrada,
Que passei quando em criança.
Avistei a capelinha
Tão pequena, bonitinha,
Toda pintada de branca.
Eu parei na frente dela
Já me veio na lembrança,
Que lá aprendi a religião
Juntinho com meus irmãos,
Essa foi minha grande herança.
Que eu ganhei de meus pais,
Há muito tempo atrás,
Na minha saudosa infância.
Ao parar lá na capela
Tive muita emoção.
Eu entrei pra dentro dela,
Abri as suas janelas,
Fui fazer uma oração.
Lá eu vi a santa imagem
Dobrei meus joelhos no chão.
À Senhora Aparecida
Nossa eterna mãe querida
Padroeira da nação,
Fiz uma prece fervorosa,
Pra Santa ofertei uma rosa,
E rezei pra meus irmãos.
Depois disso eu saí
Fui correr no cafezal.
Também fui lá na palhada,
Estava toda formada,
Que beleza o milharal.
Vi o gado e os cavalos
No pasto e no curral.
Eu subi na laranjeira,
Fui também na goiabeira
Que tem muito, nos quintais,
Da colônia que eu vivia
Junto com minha família
Más, já fazem muitos natais.
Os colegas que eu encontrei
Já estão todos formados.
Eles já não me conhecem,
Com o tempo a gente esquece,
Pois também, estou mudado.
Perguntei sobre seus velhos
E fiquei muito chocado.
Vamos te falar companheiro
Nossos velhos já morreram,
Ficou a saudade do passado.
Também, depois me falaram
Que todos eles se casaram
E que têm filhos criados.
E assim querida gente
Falei um pouco da minha vida.
Eu já chorei e já sorri,
Trabalhei e me diverti
Junto com minha querida.
Pois com amor a gente vence
Faz a vida mais florida.
Construímos lar e uma família,
Onde há união, e o amor brilha,
Louvando a Mãe Aparecida.
Eu, minha amada, e as crianças,
Que são nossas grandes esperanças,
Damos a todos, a despedida.
COLINA, 20/04/1980
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
CASA DE PAU-A-PIQUE
Quatro esteio e cumeeira.
Suas estacas e o barrote
Serviu de abrigo pra muita gente;
Seu chão batido de terra dura,
Igual a vida daquele povo.
Grande sinal, de longe se via,
Já se sabia que ali tinha gente:
Da chaminé a branca fumaça
Convidava a entrar, tem café bem quente.
A porta e a janela não tinham trancas
Para fecha-las, tinham tramelas
Mesa de caixão; não tinham cadeiras,
Tinha um banco (tronco) tirado na mata.
No lugar de cama, tinha tarimba...
E para guardar as louças, tinha, prateleira.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
O casamento é sagrado
Foi Deus quem instituiu.
Duas vidas entrelaçadas:
-Não separe o que Deus uniu.
Casamento é doação,
No dia-dia, longa jornada.
Egoísmo, grande empecilho,
Quem não se doar fica na estrada.
Divórcio. Separação.
Duas palavras sem compromisso.
Casamento é responsabilidade,
Tem que saber quem entrar nisso.
De duas almas entrelaçadas
Nasce o fruto do amor.
O milagre da vida acontece.
Criaturas, se fazendo Criador.
A dimensão do casamento
Foi Deus quem determinou.
É um entregar-se mutuamente,
Como Ele, a nós, se entregou.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
DEFENDENDO OS INOCENTES
Agora eu vou falar, preste muita atenção,
Da mulher do século vinte, a era da evolução.
Ela quer ser mais que o homem pedindo sua emancipação,
Esquecendo seu dever sagrado, que é ser mãe da geração.
Essa tal de feminista quer liberar o aborto.
Em vez de dar uma vida, ela quer seu filho morto.
Mas, quando chegar à eternidade, ela terá seu desgosto,
No lugar, reservado para ela, estará seu filho morto.
Seguindo o meu raciocínio vou escrever minha gente,
A mãe que mata seu filho, quando está no seu ventre,
Nunca mais terá sossego, dentro da sua mente.
E quando chegar o mês de maio, não receberá o presente.
Agora me lembro de Maria, que é mãe de Nosso Senhor,
Ela sofreu amarguras para dar luz ao Salvador.
Se Ela fosse igual essas tais, e não agisse com amor,
No mundo só existiria, tristezas, trevas e dor.
Hoje eu peço ao Bom Deus e a Senhora Aparecida,
Abençoai nosso mundo, e às santas mães daí guarida.
Elas sofreram demais para nos trazerem à vida.
Mas serão recompensadas, quando passarem pra outra vida.
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CONCHINHA
Nestor de Oliveira Filho
O rapaz tinha dezoito anos, e o seu sonho era comprar um cavalo bonito, esguio, bom de sela e marchador. Mas a vida naquela fazenda era dura, só compravam através de ordem, uma espécie de autorização dada pelo patrão. Lá ninguém via a cor do dinheiro. Ele só tinha um pangaré que lhe servia, tanto para os serviços brutos da roça, como para montar de sela nos finais de semana. Naquele ano, de mil novecentos e trinta e seis, o patrão autorizou o seu pai para plantar feijão em um terreno (solteiro) de mais ou menos uma quarta de terra, que ficava ao lado da colônia. Era uma terra muito boa, terra preta, perto de um brejo. Pois bem, a colheita de feijão neste terreno foi rendosa, e na venda do produto, também, foi muito bom o preço, assim sobrou um bom dinheiro para a família. Desse dinheiro o rapaz ganhou cinqüenta cruzeiros, como presente, do seu pai. Agora o sonho já não estava tão distante de se realizar, mas ainda não dava para comprar o cavalo. Como fazer? Comprou uma marroa (leitoa na idade de enxerto) do seu primo que ia se mudar para longe. Já na primeira cria (depois de um ano) ela pariu seis leitõezinhos. No segundo ano já tinham mais de dez cabeças de porcos no mangueirão. Quando ele se preparava para vender os porcos para com o dinheiro comprar o tão esperado cavalo, os seus sonhos mudaram, já não sonhava mais no cavalo. É que, naqueles dias, encontrou a mulher dos seus sonhos, e daquele momento em diante empreendeu todas suas forças para ver realizado este outro sonho, que era muito mais maravilhoso que o anterior. Tudo era direcionado, pensando, em arrumar uma casinha com uma boa empreita de café ali mesmo na fazenda. E também os utensílios, alguns móveis e os preparativos para o dia do casamento. Agora a porca era mais importante que o cavalo, pois lhe daria banha e mistura, e de vez em quando, também, vender um porquinho para com o dinheiro comprar remédios e algumas roupas que, certamente (pensava) a família vai aumentar. –Voltemos ao título desta crônica, “Conchinha”, pois é, Conchinha era o nome dessa porca. Não sei porque foi dado este nome. Se era por ela ter as orelhas grandes que iam até ao focinho, ou se era pela mancha que tinha na paleta; as duas, tanto a mancha como as orelhas, pareciam com o formato de uma concha. – O rapaz casou-se com sua prenda amada e, de fato, logo a família aumentou. Iam nascendo os filhos, já era o sétimo, e até este chegou conhecer a famosa Conchinha. No intervalo de quinze anos a família mudou-se de uma fazenda para outra cinco vezes e em todas as vezes levou a porca e a porcada (todos filhos da Conchinha), que durante aqueles anos serviu para alimentar sua família. A Conchinha era uma porca grande, de raça boa, muito mansa, era muito querida pela família. A criançada vivia alisando ela com as mãos. Aquele investimento que o rapaz fez, na flor da sua idade, foi muito bom e certeiro, pois, a porca proporcionou-lhe lucros durante muito tempo. E mesmo depois de velha quando não mais servia para criar, serviu-lhe como alimento. Sabendo que ela não mais criava, mandou castra-la e colocou-a na seva para engorda. Ela engordou tanto que mais parecia com uma bezerra. A banha e a carne sustentaram a família durante seis meses. E assim acabou-se a nossa Conchinha. Essa porca foi tão boa que, mesmo hoje, já passados quarenta e cinco anos todos da família ao lembra-la se emocionam.
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CAÇADA INFELÍZ
Este fato se passou
Na fazenda Boa Sorte
Foi meu pai quem me contou.
Meu pai tinha sete anos
E já entrava lá na mata
Meu avô dava o tiro
E dizia, vai lá e cata.
Na mata grotão da água
Muitas caças tinham, então.
Era só ter pontaria
E bastante munição.
Meu avô saiu caçar
Em um dia impropriado
Não encontrava nenhuma caça
Estava tudo, muito, calado.
Ele achou um pouco estranho
Toda aquela situação
Mas, corajoso como era
Foi entrando no sertão.
Tenho muita munição
Vou caçar o dia inteiro
Não volto pra casa sem nada
Não vou ficar sapateiro.
Derrepente em sua frente
Um serelepe surgiu.
Ele mirou bem a espingarda
E logo o tiro saiu.
O serelepe estava num tronco,
Alto, dois metros do chão,
Seu formato era uma cruz,
Corpo esticado, aberto as mãos.
A cada tiro que ele dava,
Com um gesto inesperado,
O serelepe girava
E votava no mesmo lado.
Depois de muitos tiros
Sem conseguir acertar,
Prometendo que seria o último,
Ele conseguiu derrubar.
Mandou pegar o bichinho
No meio da folharada,
Revirou para todo lado,
Mas ali não tinha nada.
Nesse instante caiu em si
Veio-lhe na imaginação
Que aquilo era um aviso.
Para Deus pediu perdão.
Saiu depressa da mata
Foi para casa rezar,
Passou o resto do dia
Com a família, à brincar.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
AMERICANA, 24 DE JUNHO DE 1999 – DIA DE SÃO JOÃO BATISTA
No dia 24/06/99, o meu filho Nestor veio me convidar
Para irmos na casa do seu cunhado Mário, caboclo bom de admirar
Já eram nove horas, o tempo estava limpo, só se via o sol brilhar
Sem nós percebermos, perto de Tupi, começou uma neblina, não dava para se enxergar.
Os carros vinham com as luzes acesas, e passavam bem devagar.
Chegamos em São Pedro atrasados, e o meu estômago começou a roncar
Aí a dona da casa, a senhora Rosa, que tem um coração franco que faz admirar
Foi na dispensa e logo voltou, trouxe uma cesta com frutas maduras, o cheiro ficou no ar
Colocou a cesta na mesa, eu olhava nas frutas, e as lombrigas começaram alvoroçar
Continuei olhando na cesta, os meus olhos já não podiam nem piscar
Só esperando uma ordem, para poder devorar
Más não demorou a dona Rosa já falou, não demorou à falar
Comam frutas, ta madura, essa banana ta madurinha, veio lá de Minas Gerais.
É doce que faz enjoar; eu que só estava esperando a ordem para saborear
Peguei duas bananas e comi, estavam doces iguais mel de arapuá, foi duro de parar
Más eu já estava pensando na galinha caipira, que começou a cheirar
O colega Eliel picava um maço de couve, que me fez pensar
O rolo de couve era tão grosso que parecia um rolo de fio lá da Distral
Más depois de bem picado e temperado, a couve ficou especial.
Foi couve para todos, não sobrou nem um pouco para jogar
Quando a dona Rosa falou, o almoço está proto, podem se assentar
O Mário veio e falou, encosta este banco e vamos almoçar
A Ni, minha filha, que estava do meu lado para me ajudar
Já pegou o meu prato, enfiou a colher no panelão, parecia até pescar
Pegou um pedaço da caipira, estava tão macio que chegava desmanchar
Estava bom demais, nunca vi coisa igual, comi até enjoar
Até parecia que eu estava numa festa de casamento na hora do jantar
Depois do almoço todos ficamos com o corpo mole, cá e lá, todos querendo encostar
Com a barriga cheia deu moleza que ninguém queria conversar
Tão logo as cozinheiras arrumaram a cozinha, o Mário falou, podem se aprontar
Vamos lá na fazenda do Seo Orlando, muitas laranjas buscar
Saímos com os três carros que eu só via poeira voar
Logo chegamos no pé da serra, más que azar
Iam dois caminhões na frente, carregados, bem devagar
Veio-me no pensamento, se um dos caminhões afogar
E voltar de marcha ré, onde nós vamos parar
De sorte, no meio da serra um caminhão parou, do outro o motor esquentou
Aí o carro ultrapassou, e o meu nervoso acalmou
Eu olhei para o lado direito o meu coração se alegrou
Vi uma imagem, era o Cristo Redentor, verdadeiro
Pensei, este lugar está parecendo o Rio de Janeiro
Acabamos de subir a serra, ali tem uma igreja católica de Santo Antônio o mensageiro
Acho que nós devíamos ter parado para rezar
Aí fui pensando, onde será que vão me levar
Entramos numa estrada de terra era poeira que cobria o lugar
Tinha um prédio bonito ali sozinho na beira da estrada, naquele lugar
A Ni me disse, pai é o laticínio do leite, que na padaria eu vou comprar
Logo na frente um grupo escolar, num lugar sem vizinhos, era de admirar
Naquela estrada de terra andamos pouco, não demorou a chegar
Pararam os carros no terreiro, e a família já nos veio cumprimentar
E já convidou a turma para entrar
Sentamos, tivemos uma pequena conversa e levantamos, fomos ao pomar
As laranjeiras estavam carregadas, com os galhos arcados, peguei a apanhar
Eram maduras e docinhas que davam gosto chupar
Logo depois, novamente entramos e sentamos; um café gosto fomos tomar
A hora passou e estava chegando o momento de voltar
Eu que ainda não conhecia o seo Orlando, com ele eu queria falar
Ele estava dormindo e demorava muito a se levantar
Sua esposa dona Antonieta me falou, vamos ver se ele está acordado
Eu não conhecia a casa então chamei a minha filha para ir do meu lado
Ela não foi, pois não entendeu o que eu tinha pensado
Más como eu tenho um filho muito inteligente, ele logo entendeu o meu recado
Que podia ser constrangedor, então falou pro seu cunhado
Mário vai com o meu pai porque ele está embaraçado
Isso foi o que ele pensou, e é o que eu tinha pensado.
Daí a pouco o seo Orlando levantou-se, pois já tinha descansado
E nós conversamos muito do famoso tempo passado
Eu gostei muito da família, do lugar e do agrado
Eu passei a porta dos fundos e olhei, me representou lá do outro lado
Uma mata derrubada e queimada, e muitos tocos, e o cafezal formado
Tudo isso veio em pensamento, pois fiquei extasiado
Que isso tenha acontecido, à oitenta anos passados
Até me representou quando eu tinha cinco anos, com o papai do meu lado
Na fazenda Boa Sorte no interior de outro Estado
Na cidade de Rezende onde meu pai tinha café formado!!!
Este passeio na cidade de São Pedro foi muito bom
Dia vinte e quatro de junho, dia de São João
Para a grande alegria, foi em nossa companhia, a dona Lúcia Paro
Sua sobrinha Izabel, foi a dona Carmem e o seu esposo Eliel
Foi eu, Nestor, e minha fila Maria – Ni – com muita satisfação
Foi a nora Zenaide e meu filho Nestorzinho, que moram no meu coração
Para o amigo Mário e sua esposa Rosa, que eu estimo, vai meu abração
Para a menininha Natália, Deus derrame a benção
E do bisavô Nestor para o Bruno e Aline, um beijinho no coração.
Americana, 24/06/1999
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E O SETEMBRO CHEGOU!
Setembro, mês bonito, mês que traz esperança.
Agora que terminou o mês de agosto, que é um mês sufocante, não tanto pelo calor, mas pelas queimadas, ventania, poeira e por essa secura que se vê por todo lado; chegou o setembro e tudo começa modificar-se.
Setembro é o nono mês do ano, e podemos comparar como se fosse o final de uma gestação, que irá desabrochar em vida, alegria e esperança. Os campos começam a ficarem verdes e o verde embeleza os nossos olhos. Passou a aridez, o poeirão e as queimadas, com a chuva percebe-se uma brisa refrescante, e com ela a vida.
Com as primeiras chuvas, o campo revive, nascem os primeiros brotinhos, as folhinhas se abrem e a vida se manifesta. Com setembro também chega a primavera, estação das flores. E nessa estação todas elas se manifestam com seus coloridos e perfumes, os jardins ganham nova vida. Chegou setembro, o pólem fertilizante da vida se faz sentir no ar, ao respirarmos. E com este florescer, chegam as borboletas multicores, as abelhas para sugar o mel, e, os beija-flores em revoadas alimentam-se com o saboroso néctar. Neste final de setembro, a orquídea que minha esposa plantou no tronco de um pé de romã, que temos em nosso jardim, floriu exuberante, pois, estão abertas treze flores perfumadíssimas, (sim, essas são perfumadas) tão brancas e puras, tal qual as almas dos anjos do céu. É uma maravilha, parece um ramalhete confeccionado. São tão alvas e radiantes que parecem com os belos e brancos cabelos do meu querido pai, que tem hoje oitenta e três anos de vida bem vividos.
Tanto nas florestas e campos, como nas ruas das cidades, as árvores florescem e se enfolham. Os ipês, as sibipirunas, os manacás e outras espécies com suas flores tornam o mundo multicolorido, embelezando o nosso viver. As árvores frutíferas seguem este mesmo ciclo, florescem e dão frutos que, logo irão nos alimentar.
No setor rural, a primavera marca o início do calendário (ano) agrícola. É o mês de transferência das famílias que desejem mudar-se de uma fazenda para outra, e essas mudanças fazem aumentar as esperanças de dias melhores. Nesse mês percebe-se que o clima muda-se completamente. O lavrador começa à trabalhar a terra, prepara-se o solo e lança-se as sementes. Junto com a semeadura ele lança toda sua esperança, e ao mesmo tempo com muita fé (o sertanejo é um homem cheio de fé) lança-se aos braços de Deus suplicando-lhe que seja abençoado em seu trabalho, para que essas sementes possam lhes trazer boas e abundantes colheitas.
Também para o cristão católico o mês de setembro é especial, nele festeja-se o mês da Bíblia, onde as comemorações da palavra de Deus são mais intensas. Sabemos que quanto mais se estuda a palavra de Deus através da Bíblia, mais aumenta a fé, a esperança e a alegria de viver.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
ESTADO DE SÃO PAULO
Oi! São Paulo
Terra da garoa
Oi terra boa
Adotou meus pais.
Oi! São Paulo
Grande Estadão
O meu coração
Ama-te demais.
O Estado de São Paulo
Do Brasil é o gigante
É o berço brasileiro
Este Estado bandeirante
Sua força e sua glória
Já vem de tempos distantes
Seus heróis desbravadores
Nas lutas foram triunfantes
O teu nome glorioso
Te peço deixe que eu cante.
São Paulo, querido, Estado
De ti falo com amor
Tens riqueza em suas terras
Tem minérios de valor
O teu povo, meus irmãos,
É o mais batalhador
Do nosso imenso Brasil
São Paulo é o motor
O teu nome glorioso
Exaltarei com fervor.
Respeito todos os Estados
Do Brasil federação
São belos como um jardim
Eu faço a comparação
O colibri vai à flor
Buscar a alimentação
A flor é o meu São Paulo
No jardim desta nação
O teu nome glorioso
Eu levo no coração.
São Paulo, Estado-Nação.
Tem sua força no interior
Desta terra em que eu nasci
Serei sempre um defensor
Gosto desta paulistinha
Já lhe dei o meu amor
Bandeira de treze listras
Branco e preto é a cor
O teu nome glorioso
Falarei por onde eu for.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
FESTAS JUNINAS
E já estamos no mês de junho. Que beleza! mês alegre, mês de Santo Antônio, São João e São Pedro. Mês muito festejado aqui em nossa cidade de Americana, pois, além de festejar o nosso padroeiro, também temos a festa do peão boiadeiro. Isso nos traz boas recordações da infância. Pensando nas festas juninas, me transporto em pensamento há quarenta anos atrás na minha querida terra, Colina. Naquelas noites frias, o céu todo estrelado e um lindo luar, e nós, crianças, todos em volta da fogueira. Primeiro era a reza do santo terço, lembro-me que todos se ajoelhavam, depois com a mesma fé, animação e respeito era erguido um grande mastro com o quadro do santo em sua ponta; quanta saudade. ! Naquele espírito de fé, naquela humildade que se via no olhar de nossos pais e avós, com seus rostos queimados pelo sol do meio-dia na lavoura. Rosto rude, molhado muitas vezes pela chuva, e soprado pelo vento frio do mês de junho. Olhando para aquele rosto, parecia que estava vendo um santo ou uma santa. E assim seguia a festa, com muitos rojões, foguetinhos e bombinhas. Em várias vezes, até morteiro meu avô materno, Sr. Joaquim Pires de Oliveira Franco, soltava. Certa vez ele colocou uma carga muito grande de pólvora e bucha, e a explosão foi tão forte que derrubou, de susto, uma mula que estava no pasto a cento e vinte metros de distância do morteiro. Lembro-me também que, quando o dinheiro era pouco e acabavam as bombinhas, pensava-se um pouco e já vinha uma idéia. Íamos até ao quintal apanhar algumas folhas verdes de cana, ou umas porungas (cabaça) e jogávamos tudo na fogueira em chamas, (era aquela alegria) estralava para todos os lados. Nós crianças gritávamos assim: olha nossa bateria, está igualzinha àquela que soltaram na igreja às seis horas da manhã. E assim a festa continuava; tomando quentão, anizete, chá de cravo, chá de canela, leite com chocolate, e comendo bolo de milho verde, de fubá, cuscuz, paçoca de amendoim ou de gergelim socada no pilão, batata doce assada na brasa da fogueira, e daquelas bolachas e bolinhos que só as vovós sabiam fazer. Lá pelas tantas da noite iniciava-se a dança da quadrilha. Como era de costume, colocava-se a cadeira do sanfoneiro em cima de uma mesa, e lá (como se diz na gíria caipira) ele rasgava o fole, aí a poeira levantava. Para participar da quadrilha nem precisávamos de fantasia. Não precisávamos nem colocar remendos na roupa, pois, a nossa roupa já era de caipira, dançávamos com a mesma que trabalhávamos na roça. Quem, que viveu tudo isso um dia, recordando não tem saudades?
Viva Santo Antônio...! E viva Americana...!
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
FESTA DO PEÃO
A viola sertaneja / junto com o violão
Vem fazer grande homenagem / nesta festa de peão
Ela está nos braços fortes / deste que aqui deseja
Aos peões e a platéia / que a bênção de Deus proteja.
Meu povão estou feliz
Hoje é festa e emoção
Tem canção e tem cantor
Tem rodeio e tem peão.
Grande festa de alegria
Hoje tem nesta cidade
Vou cantar e vou dançar
Expandir felicidade.
No ponteio da viola
E no prazer desta canção
Ofereço à platéia
O meu aperto de mão.
Festa linda festa boa
Muita gente animada
O bailão começa agora
Vai até de madrugada.
Pra pegar o boi à unha
Eu não tenho essa destreza
Mas riscando nesta viola
Eu canto a natureza.
Grande festa popular
Essa, do nosso folclore
Relembrando o seu passado
Tem até alguém que chore.
O peão perde seu medo
Quando entra na arena
Com o chapéu na mão direita
Para o povo ele acena
Quando eu vejo um peão no lombo
De um boi que enfureceu
Eu peço que Deus lhe ajude
Cumprir o destino seu.
Eu louvo a mãe do céu
Nos braços desta viola.
E quando estou chorando
As mulheres me consolam.
Vejo que todas são lindas
Tenho uma grande emoção
As mulheres desta terra
Conquistaram meu coração.
Eu canto porque eu gosto.
Essa vida me fascina.
Eu sinto felicidade
No olhar de uma menina.
A menina que eu falo
Vejo nesta multidão
Se eu não posso levar ela
Vou deixar meu coração!
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
FLOR: MULHER
Hoje eu venho em uma oração
Bem aos pés do teu filho Jesus
Neste meu caminhar dorido
Faço a Ele o meu pedido
Quero sempre a sua luz.
Maria no meu peito mora.
Tu que és a mais linda flor...
Receba deste filho teu,
Que embora muito já sofreu,
Esta canção de amor.
Conheço todas as flores do mundo,
A mais bela flor me contagia.
Rosa, cravo, orquídea, margarida
Que embeleza a nossa vida;
Mas eu fico é com Maria.
Maria de Jesus eu venho te implorar
Nesta canção que eu faço com amor.
Abençoe nossas mães queridas
As que passaram e as que estão em vida:
À todas, leve o teu Senhor!
Maria minha mãe, e minha mãe Maria
A saudade, matadeira, vem me torturar.
A Maria aqui da terra foi morar com Deus,
Não teve tempo de dizer adeus
Para teus filhos confortar.
Mãe Maria, eu jamais pensava
Que a tua falta fosse tão doída.
O filho não percebe quanto amor é dado
Quando, ainda, tem ao seu lado
Sua grande mãe querida.
Vou mostrar que no meu peito avesso
Cultivo um jardim em flor:
Plantei um jardim de rosas,
Todas belas perfumosas,
De preces; graça e louvor.
Maria, as flores que hoje eu te dou
São feitas em formas de oração:
Não precisam pétalas nem perfume.
Só com amor a gente une,
Criatura, com o Pai da Criação.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
EXEMPLO DA VIDA
Eu era um rapaz com um ideal,
quando eu namorava falava de amor,
gostava da vida, vivia feliz,
amava a família com muito fervor.
A minha esposa acreditou em mim
pois, minhas propostas tinham valor.
Vieram os filhos, cresceu a família,
vivemos felizes, mas, por pouco tempo.
Perdi o ideal, esqueci da promessa
que fiz para a esposa e a Nosso Senhor.
Os filhos amados que eu tanto queria
ficaram nas ruas quase sem ninguém.
Somente a mãe para lhes cuidarem
mas, ela ia trabalhar também.
Entreguei-me ao mundo com todos seus vícios
e aos falsos colegas que a gente tem.
Fiquei nesta vida, igual um palhaço,
rindo da esposa que tanto sofria.
Mas a bondade de Deus é tão grande,
reencontrei Jesus, que me amou também.
Depois deste encontro com Nosso Senhor,
eu jurei para sempre seguir seus caminhos.
Agora eu vivo feliz no meu lar,
adoro minha esposa e amo meus filhinhos.
Com este exemplo eu vim aprender
cultivar a flor e não os espinhos.
Assim é a bondade do Pai Eterno,
à mim, revelou-Se através dos irmãos.
E vocês, amigos, que estão me escutando
acolham este exemplo, e sigam seus caminhos.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
FOGÃO À LENHA
Minha mãe cozinhava, arroz, feijão-rosinha, virado e batatinha.
Bonito lenço na cabeça, alegria no rosto e avental no peito.
Eu no quintal brincava, corria e tratava as galinhas,
Ajuntava as palhas de milho e catava os gravetos.
Ela cantava e assobiava. Quanta felicidade!
A lenha queimava, o fogo ardia, no peito eu sentia a felicidade
Pulava da cama, mamãe me chamava, descalço e com frio no fogão subia.
Mamãe amorosa na panela mexia, no caldeirão fervia o leite e o café.
Papai e mamãe já me abraçavam, me abençoavam no início do dia
Ela cantava e assobiava. Era o que eu queria!
Aquele cozido naquele calor, era tão gostoso, tinha outro sabor
Além do calor daquele braseiro, tinha o calor do seu coração.
Naquele alimento tinha muito carinho, e o tempero era o amor,
Que mamãe doava pra toda família com entusiasmo e dedicação.
Ela cantava e assobiava. Quanta alegria!
A labareda daquele fogão marcou minha vida naquele sertão
A brasa vermelha aquecia o corpo, e conservava a família na união.
Na cozinha a família alegre falava, e fazia feliz sua refeição
Na chapa quente o queijo eu assava, quanta saudade daquele fogão.
Mamãe cantava e assobiava. Que saudade!
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
FRANCISCO de ASSIS
Eu sou um alguém do tempo de outrora
Também sou agora o mesmo doutor
Curar dos bichinhos a dor e o tormento
Em vez de remédio eu uso o amor.
Ao irmão que chora eu vim acolher
Todo meu viver é mostrar meu Senhor
O Deus do amor que nos deu sua vida
Na cruz o Teu Sangue se fez redentor.
Estou sempre falando dos meus ideais
Promovo a paz entre a humanidade
Amo a mãe natureza e respeito a vida
Faço a justiça com fraternidade.
Às vezes eu fico à beira da estrada
Você vem cansado e nem olha pra mim
Não vê que eu estou de braços abertos
Abençoando os filhotes de um papa-capim.
A onça e o leão com amor eu abraço
A lua, as estrelas, o sol-da-manhã
A fonte, as cascatas e as aves plumadas.
E chamo a morte de minha irmã.
Às vezes eu sigo viajando sozinho
E os passarinhos vêm fazer revoadas
A pomba amorosa, o canário e a andorinha.
Na areia a rolinha com seus pés risca a estrada.
Por onde eu ando carrego alegria
O amor contagia e nasce o perdão
A paz acontece e a justiça impera
Com esperança e a verdade eu prego a união.
Bom Deus eu carrego no meu coração
Não deixo a emoção tomar conta de mim
Adotei a pobreza com fidelidade
Foi sem falsidade que eu disse o meu sim.
Minha roupa é marrom da cor de café
No pé a sandália segue os passos meus
Cordão na cintura, na mão um cajado:
Assim mostro a fé que eu tenho em meu Deus.
Eu prego a clareza com realidade
Toda Santidade de Deus sempre eu quis
Eu sou uma seta indicando o caminho
Eu sou, simplesmente, FRANCISCO de ASSIS.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
FOGO APAGA FOGO
Que estranho dia aquele. De manhã parecia que tudo era uma maravilha. Tempo bom, céu azul, especial para o futebol, que, à tarde ia haver. O nosso time ia enfrentar o time de uma outra fazenda do município vizinho. No início da tarde, logo após o almoço, todos do bairro iam chegando para assistirem o grande jogo; chegavam de carro, caminhão, charrete, bicicleta, a cavalo e a pé. Era uma festa. Logo, no início do jogo, nosso time fez um gol, depois mais um e aos trinta minutos do primeiro tempo já estava três a zero para nós. Que maravilha, não fosse quando alguém chamou meu pai e disse: você precisa ir para casa, pois teu cunhado cortou o pé com o machado e precisa ir ao médico. Fomos para casa, e de lá meu pai foi sozinho para a outra fazenda onde morava meu tio. Só mais tarde é que ficamos sabendo o que de fato aconteceu. É que, ele precisando fazer um coxo para os porcos beberem água, então, cortou um tronco grosso de eucalipto e com o machado estava lavrando. Quando derrepente, numa machadada mais forte, o machado resvalou e veio com o corte bem encima do peito do pé, fazendo um grande corte. O machado atravessou o couro do sapatão e penetrou até o osso, causando grande perda de sangue. Depois de medicado e com um bom curativo no pé, voltaram, cada um para sua casa. Meu pai tomou banho e estava à mesa jantando, nisso, escutamos alguém gritar no terreiro: -É fogo, olha o incêndio, a mata pegou fogo. Saímos correndo para fora de casa, e podemos avistar uma linha vermelha que percorria toda a barra do horizonte; não sei se era bonito se era feio, era excitante, ver aquele vermelhidão que subia até às nuvens brancas no céu. Já rompia os descampados da fazenda. Vinha comendo tudo. O patrão mandou reunir gente. Veio homem de todo lado, até das fazendas vizinhas. Era urgente, precisava defender a fazenda. Não muito distante, podia-se ver o fogo que vinha como um regimento do exército que avançava. Ouvia-se a crepitação do mato ardendo e a respiração da terra sufocada. Logo um gritou: O aceiro! O aceiro! E pegando enxadas e enxadões foram derrubando, arrancando Jaraguá e colonião, abrindo uma comprida clareira entre a linha de fogo e a colônia. E assim fizeram o aceiro. A tulha, coberta com sapé, corria grande risco de pegar fogo, pois, o capim seco chama fogo de longe. Trabalharam firmes durante duas horas e meia, numa animação guerreira, até que o aceiro ficou pronto, aquilo parecia, até, uma estrada de tão largo e limpo. Depois, cansados e menos preocupados, foram lavar-se na bica que há no fundo da colônia, e subiram até o terreirão onde o café em grãos estava posto para secar. Logo a fumaça encobriu a bela lua e as estrelas que brilhavam no firmamento. Um tirava o chapéu de palha da cabeça e coçava-a, outro coçava o queixo, um outro mordia o cigarro de palha no canto da boca, outros andavam de lá para cá, tinha um mais calmo, este se sentou no cabo da enxada e abaixou a cabeça. Nosso vizinho gritou, mande a criançada ficar todos na colônia. Nisso surgiram o gado e a cavalhada correndo no pasto rumo ao curral. E o fogo vinha lambendo tudo. O fiscal da fazenda ordenou; - O contra-fogo! Depressa! Saíram correndo, como quem vai para uma olimpíada, todos com tochas acesas nas mãos, meteram fogo no capim, em vários pontos, no sentido contrário àquela coluna que vinha arrasando tudo. Agora era só esperar este fogo avançar, a partir do aceiro, e ir de encontro à coluna invasora, e lá no meio uma coluna matar a outra. Quando isso aconteceu, foi um belo espetáculo, foi um estralejar tremendo as labaredas (línguas de fogo) ganharam uma altura inacreditável, parecia que o mundo ia ser engolido naquilo. Tive medo. Más, quem não teve? Repentinamente, quando aquilo parecia um fim de mundo, a crepitação começou a diminuir. Era como se o fogo tivesse matado o próprio fogo, e caído morto ao chão. – Vencemos! (disse meu pai). E todos, com a enxada nos ombros e com o rosto sujo de carvão, se regozijaram e voltaram para casa. Nessas alturas já eram quase meia noite. Assim terminou este estranho dia. Fomos todos repousar para, no outro dia bem cedo, recomeçar uma nova semana de trabalho no meio do cafezal.
Colina, 24/09/2001
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
HOMENAGEM AO MEU PAI
(ao senhor Nestor de Oliveira)
Quando eu olho para o meu pai,
vejo seu sorriso no semblante
e fico alegre demais,
pois eu o amo bastante,
eu pego em sua mão,
que com o trabalho já sofreu.
É ela que trouxe e traz o pão
que muito sustento me deu.
Eu sinto como tu és bom,
pois sinto que tu és meu amigo,
ó meu velho tão querido,
meu parceiro e meu irmão.
Quando eu olho para o meu pai
e vejo seus cabelos brancos,
começo a olhar para trás,
como ele trabalhou tanto!
Seus bons conselhos me ensinam
sempre a amar e fazer o bem.
Sua saudade não termina,
pois ele ama também.
Quando eu olho para o meu pai
e ouço sua voz macia,
sinto que ela conforta meus ais
e seu sorriso me acaricia.
Seu passado está presente
nas experiências contidas.
Seu coração está contente,
pois ele sabe sorrir para a vida.
Quando eu olho para meu pai,
vejo na sua vida uma história.
As lágrimas dos seus olhos caem,
recordando suas glórias.
Vejo nos seus olhos já cansados
a mansidão de um mestre.
Com o seu rosto enrugado,
muito respeito merece.
Americana, 14/08/1980
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
Homenagem à Paróquia de São José: Colina SP.
Pela passagem de seu octogésimo aniversário; 30/07/1918-30/07/98
O ano de um mil novecentos e dezoito,
Foi um ano muito feliz.
Naquele ano nasceu o meu pai
E, também, esta grande e bela Matriz.
Meu pai nesta igreja se casou,
E de Maria foi congregado.
Nesta igreja, também, ele levou
Sete filhos para serem batizados.
São José é o padroeiro
Desta paróquia, tão querida.
O santo pai do Filho de Deus
E esposo da Santa Mãe querida.
Em vida ele foi tão puro e santo,
Igual o branco lírio foi seu amor.
Ele protege todos os esposos
E é exemplo para o trabalhador.
Em mil novecentos e quarenta e seis,
Neste altar, eu fui batizado.
E no ano seguinte, aqui mesmo,
Ungido no Crisma eu fui confirmado.
Foi nesta paróquia que, em mim,
Plantaram a semente de cristão.
Papai, mamãe e o Sr. Antônio Paro
Que me ensinaram a religião.
Oitenta anos se passaram,
E este sino sempre a tocar.
Foram muitos momentos de felicidades,
Mas também, muitas vezes apreensões.
Muitos padres aqui passaram, freiras, missionários,
Todos souberam cativar os corações.
Com o tempo houve mudanças,
Mas esta igreja segue fiel em suas missões,
Sempre acolhendo e chamando
Os teus filhos para as orações.
COLINA / SP, 30/07/1998
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
Homenagem dos Ex-moradores do Monte Belo ao Senhor João Paro
Paz e Bem
Quem conheceu e conhece o senhor João, percebe logo que ele é um “iluminado”, uma criatura que veio a este mundo com uma bela missão; e o mais importante, é, ele soube cumpri-la, e ainda hoje luta para que tudo isso se realize, e que seja tudo conforme a vontade de Deus. Homem de muita fibra, inteligência, discernimento, muito brio, bondade, amor e temor a Deus. Já desde menino demonstrava essas qualidades, tanto é verdade, que seu pai, o nosso queridíssimo senhor Antônio Paro (homem de grande alma, formador de cristãos, rocha firme na educação e no ensinamento moral e religioso para as famílias) viu nele a solução para resolver alguns problemas que existia em sua propriedade, e designou-o para ser o administrador da fazenda, quando ele tinha apenas quinze anos de idade. Pois bem, mesmo com essa pouca idade, ele desempenhou com bravura, coragem, honestidade, amor e mansidão a sua tarefa, a tal ponto que, acabou com todas as intrigas que havia entre os empregados e o patrão. João Paro grande homem, grande pai, grande educador. João Paro grande político, más, político com P maiúsculo, um político que balizou todas suas obras sob a luz da fé cristã. Com sua luta incansável conseguiu muitas melhorias para a nossa querida terra natal, Colina. Foi com seu espírito empreendedor e educador que ele levou o grupo escolar para o Monte Belo, onde, nós começamos a aprender o beabá nos livros e cadernos. Nessas suas lutas, sempre teve um grande esteio ao seu lado, a nossa queridíssima e saudosa mestra dona Ercília. João Paro, grande jogador de futebol, seu chute de esquerda, de bicuda à meia altura, era marca registrada do piquira, o senhor fez muito pelo futebol do Monte Belo. Como prefeito, foi aquele que mais amou sua terra, com certeza foi o melhor prefeito que tivemos em Colina. Na sua gestão houve grandes progressos em nosso município. Quem conversa com o senhor João, tem a grata satisfação de sempre aprender mais, pois ele tem lindas, belíssimas passagens em sua vida que vale a pena ouvi-lo. Sua vida é cheia de acontecimentos interessantes, miraculosos; é uma pessoa que sempre põe Deus em suas ações, e esse Deus misericordioso sempre lhe dá respostas, indicando assim, que está no caminho certo. João Paro, homem simples, mas, de refinada educação. Homem humilde, homem brincalhão, homem que sempre deu atenção a todas as pessoas, sem distinção de idade ou de classe social. João Paro, nós colinenses, somos felizes por desfrutar da sua amizade. Senhor João, nós povo do Monte Belo, nos orgulhamos em tê-lo em nosso meio. Senhor João Paro, a cidade de Colina é e ficará eternamente agradecida, por tudo o que o senhor como prefeito e como família Paro fez em benefício do nosso município.
Desejamos que Deus lhe proteja e continue abençoando o seu trabalho e sua dedicação para com o seu povo. Que Deus te dê paz, muita saúde, felicidades e muitos anos de vida !
Seus companheiros e irmãos em Cristo. “OS MONTEBELENSES”
N.O.F. 10/09/2001
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
HOMENAGEM AO VICENTE E A APARECIDA DE OLIVEIRA
“O amor dos esposos, amadurece ao longo dos anos”.
É maravilhoso ver um casal celebrando a vitória do amor.
VICENTE E APARECIDA
20/09/1947-20/09/1997
BODAS DE OURO
Naquele, belo, dia vinte;
Do mês que inicia a primavera,
À cinqüenta anos passados
Começava um novo lar.
Pois, se casavam naquele dia
Vicente e Aparecida,
Dois jovens apaixonados,
Que nasceram para se amarem.
Passados cinqüenta anos
Muitas lutas foram vencidas.
Por isso que nesta data
O Vicente e a Aparecida
Devem muito se alegrar.
Uno-me neste momento
Com os seus familiares,
Mesmo estando distante,
Quero vos parabenizar.
Com esta minha mensagem,
Nesse dia de alegria,
Peço a Deus que vos abençoe
Juntamente com vossa família.
Aceite meus parabéns
E também um forte abraço.
De seus primos, quase, irmãos
Que, desta festa também partilha.
(O CASAMENTO É O QUE RESTA DO PARAÍSO, AQUI NA TERRA).
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
A MULHER E A FLOR
Vou fazer uma comparação entre a mulher e a flor,
A flor tem perfume e a mulher tem amor
A flor é bonita e atrai muita saudade,
A mulher da a vida e traz felicidade.
A rosa é bonita, quando ainda em botão,
A mulher é mais linda, porque tem bom coração.
A rosa é bonita, toda ela tem perfume.
Mas, se ele olha para a flor, a mulher fica com ciúme.
E para terminar este poema, com prazer e alegria,
Toda flor é bonita, mas eu prefiro a flor Maria!
Vicente de Oliveira
Rio Claro RJ, 28/08/88
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
IN MEMÓRIAM
“À Minha Professora do Curso Primário:
Dona Ercília do Nascimento Paro”
Boa idade, oh, saudosa infância,
No grupo escolar a mestra querida,
Ensinou-me a ler, ser bom cidadão,
Amar nossa pátria e respeitar a vida.
Mas se o tempo faz, grande amiga ausente.
A saudade a põe, em meu pensamento.
Relembrando alguém, que eu guardei na mente,
Cujo nome eu ouço no cantar do vento.
Sua voz, igual um clarim de orquestra,
Com clareza e fé, transmitia amor.
Seu olhar garboso no azul do céu,
Deslumbrou-lhe paz, e hoje estás feliz
Com Nosso Senhor.
Hoje, à muitos anos, também estou velho.
Relembrando, agora, a infância querida,
Que bateu na mente como um martelo.
Agradeço a Deus, tê-la como mestra,
Professora Ercília do Nascimento Paro,
Na amada Colina, Bairro Monte Belo.
(De seu ex-aluno: Nestor de Oliveira Filho)
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
LAR PERFEITO
“Senhor, fazei de nosso lar
Uma casa de amor,
Um jardim cheio de flor,
A morada do Senhor”
Que este lar seja puro e perfeito
Onde haja justiça e perdão
Pra que todos convivam na paz
E que reine o respeito entre irmãos.
Vossa Graça, ó Pai de bondade,
É o presente que eu peço aqui.
O trabalho e a clareza da vida
E até na dor, ensinai-nos sorrir.
Faça com que as crianças aprendam
A doçura, que existe, em servir.
Sejam grandes na obra do amor
Para um mundo feliz construir.
A família é a maior riqueza.
Não há ouro nem prata ou poder
Que iguale à, pai, mãe e filhos
Como irmãos, com Jesus conviver.
Oh! meu Deus de bondade infinita
Oh! Maria, bondade e ternura
São José homem justo e fiel
Com Jesus, santa, família pura.
Na família, ó Deus, nós pedimos.
Seja o pai, um lírio em pureza
Que a mãe imite sempre Maria
E, que o filho complete-a em beleza.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
UMA VOCAÇÃO, A SERVIÇO DO REINO
Simples homenagem a uma grande e santa freira,
Minha cunhada e irmã; Irmã Maria Terezinha Tonus.
Pelos seus sessenta anos de idade, dia 16/10/2000,
E seus trinta e seis anos de vida religiosa.
Certa vez o poeta disse:
(Terezinha de Jesus, de uma queda foi ao chão
Acudiram três cavalheiros, todos três chapéu na mão.)
E hoje eu digo, mais ou menos, assim:
Terezinha, mocinha da roça, / muito consciente tomou a decisão.
A Jesus e a Maria Santíssima / entregou o seu coração.
Sua família por ser muito devota / plantou em seu coração o amor a Jesus.
E por viver o amor em família / uni-se, também, com a de São Paulo da Cruz.
No convento em Bebedouro (SP) / ela entrou como juvenista
Para estudar e aprender / na vida, ser PASSIONISTA.
Terezinha é uma freira / fiel à sua vocação
Seguindo os passos de Jesus / vai cumprindo sua missão.
Irmã Maria Terezinha Tonus / faz a vida, de trabalho e oração
Pregando a Santíssima Trindade, / o nosso Deus, em união.
Terezinha é boa filha / vive feliz em comunidade
Ama todos os seus irmãos (ãs) / é boa irmã e boa Madre.
No seu caminho, em sua missão / venceu barreiras com sacrifício
Unindo seu modo de viver / à paixão de Jesus Cristo.
Missão bela e abençoada / levar a paz e pregar o amor
Anunciando Jesus Cristo / nosso irmão e Redentor.
De Colina (SP), para Bebedouro, / deixou o bairro Monte Belo,
Sua terrinha natal / foi viver, quase um Carmelo.
Porém, pouco tempo ali ficou, / Jesus Cristo lhe queria no Estado de Paraná.
Curitiba; colégio N.S. Menina, conservatório, asilo. / E São José dos Pinhais,
Colombo, Jandaia do Sul, São José das Palmeiras / e outras cidades mais.
Foi para a Itália, terra de seu pai, / reuniu-se com a mãe Madre.
Roma, Vaticano cidade santa / encontrou-se com o Santo Padre.
Árdua tarefa essa missão, / quem não conhece que não se iluda,
Levar ensinamento no Caribe, / lá viu um povo sofredor, nas terras do país Cuba.
O grande Estado do Paraná / ela o conhece como a sua mão.
Já visitou todas as cidades / no seu trabalho de evangelização.
Há mais de trinta anos, lá ela vive, / tornou-se uma curitibana.
Mas visita com freqüência / seus irmãos em Americana.
O filho de Deus nos prometeu, / aqui na terra, quando passou
Preparar um lugar no céu / para quem amar, como Ele amou.
Quem conhece a Irmã Terezinha / sabe bem o que eu digo.
Com sua humildade, trabalho e amor / lá com Jesus tem, reservado um abrigo.
Parabéns a irmã Terezinha, / ao comemorar uma nova idade.
Parabéns pela sua vida religiosa, / muita paz, saúde e felicidade!
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
LEMBRANÇAS
Lembro-me, ainda, do meu tempo de criança
Papai e mamãe lá na roça a trabalhar,
Viver juntinhos é o prazer de uma família,
Tudo o que tinham, ensinavam a partilhar.
Lá na cozinha reuníamos todas as noites
A lamparina sobre a mesa clareava.
Como era belo, papai com mamãe falando,
Lindas histórias do passado ele contava.
Histórias lindas do seu tempo de menino
Quando entrava com seu pai lá no sertão
Caçar cutia, pomba, paca e jacu.
Ver na ramagem o macaco e o pavão.
Ele falava do saci e o boitatá
Branca de neve, da yara e o lobisomem.
Daquela mula que não tinha mais cabeça
Grande emoção que até tirava a nossa fome.
O tempo passa e a saudade amontoa
Os filhos crescem e cada um segue seu rumo
Mas a semente que é plantada na infância
É a essência pra ninguém sair do prumo.
Hoje eu vejo como tudo era sagrado
Aqueles gestos de ternura de meus pais
Vivo lembrando desta graça a todo instante
Como eu queria reviver aquela paz.
Olho para céu e vejo as estrelas e o luar,
Ainda é belo como outrora era em criança,
Mas, eu não tenho os meus pais me abraçando,
Sinto apenas, seus afagos na lembrança.
Para esquecer as desilusões e desenganos
Para aliviar meu coração enfraquecido
Abraço os filhos e os netos, meus amados,
E louvo a Deus por estes meus anos vividos.
87 - 88
Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
LINDO SERTÃO
Eu tenho um sítio, bem longe da minha terra,
fica bem no pé da serra,
e tem flor de manacá.
No meu sítio eu plantei maracujá,
tem um pé de jatobá,
e tem canário da terra.
Neste meu sítio tem uma bela cachoeira.
Tem mamão e tem mangueira,
e um pé de jambolão.
E também tem o cultivo de algodão,
uma roça de feijão,
melancia e macaxeira.
Neste pedaço do meu chão tem alegria,
onde eu ouço a sinfonia,
do maestro sabiá.
Tem capoeira, tem cipó e tem cará,
um pé de jacarandá;
tudo lá me extasia.
Tem água limpa e o riacho é cor azul,
não é norte e nem é sul,
é no meio do sertão.
Tem harmonia entre toda a criação,
o macaco e o pavão,
o dourado e o jaú.
Aqui eu vejo o sol nascer mais cedo,
aqui não existe medo,
o sertanejo é guerreiro.
À noitinha vou sentar lá no terreiro,
e a conversa, companheiro,
é leal não tem segredo.
Minha tapera com sapé à beira chão,
onde eu canto uma canção,
para a vida se alegrar.
De madrugada ouço o galo a cantar,
vejo estrelas e o luar,
neste meu lindo sertão!!!.
89 - 90
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
MÃE
Mãe, você é aquela em que eu posso falar abertamente e honestamente sem temer e estar segura de que você é minha melhor amiga, e não importa o que aconteça, e que estaremos sempre uma do lado da outra.
Cresci em sua compreensão e aceitação, nas diferenças, encorajando-me a alcançar e repartir tanto amor e beleza quanto for possível encontrar.
Compreendemos que ninguém é perfeito, mas, o amor é perfeito, e é portanto ferramenta básica para o nosso relacionamento pois só ele pode resolver quaisquer problemas que surgirem.
Vejo em você que se pode confiar, com quem se pode contar, e de quem se pode gostar. Seu silêncio me oferece conforto e confiança, e sinto admiração e felicidade no estar junto. Oferece-me forças e suporte limitados, nos quais posso me apoiar.
Nosso lar é um lugar onde podemos ser nós mesmas e explorar nossos mais profundos sentimentos, desejos, esperanças, medos, alegrias, sem medo de sermos condenados, rejeitados ou abandonados. É um ambiente que podemos relaxar, onde somos confortados e de onde retiramos as forças necessárias para a batalha diária. Onde me sinto amada, aceita, e é força com que eu posso compartilhar meus sentimentos, sonhos, fracassos e sucessos, os mais profundos.
É um dar e receber originado num profundo respeito, e coberto de muita dignidade, onde lágrimas e sorrisos são de igual importância, é aquele que nutre e sustenta continuamente o crescimento. Enfim, com você mãe me sinto aceita, compreendida e respeitada como um ser de valor.
Obrigada pelo seu carinho, atenção e segurança, pois sem eles não seria possível compartilhar juntas esses cinqüenta anos de sua vida. Parabéns.
Foi por amor que expressei meus sentimentos nesse papel.
A senhora é um indivíduo único e bonito que para mim se tornará eterno.
Não importa o que está aqui escrito importa sim, o que está escrito em nossas mentes e corações, pois, à aceito como a melhor mãe do mundo e quero o comprometimento de faze-la feliz. EU TE AMO...!!!
AMERICANA, 21 DE JANERIRO DE 2001
MARIA AUXILIADORA DE OLIVEIRA BASTOS
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
MAMÃE
De junto de Deus, homenageio minha mãe,
por Nestor Ezequiel de Oliveira,
Viviane Franciérica Sperque de Oliveira.
Para a senhora parece que vivemos pouco tempo, juntos, mas para mim foi o suficiente para saber a mãe verdadeira que a senhora foi para mim.
Foram nove meses em seu ventre e pouco mais de três meses em seu seio, mas foi uma vida completa para mim. Sei que não fui eu quem que escolhi a senhora para ser a minha mãe, mas se eu tivesse como escolher pode ter certeza que eu teria escolhido a senhora mesmo, com toda convicção, para me gerar, cuidar e amar como fui amado até os últimos minutos da minha vida.
Continuo vivendo feliz, e agora sem o sofrimento de meu coraçãozinho doente que fez com que nos separasse de corpo da face da terra, mas o que vem de Deus temos que aceitar.
Continuaremos juntos até a eternidade e sempre terei orgulho de ter nascido neste lar maravilhoso que a senhora forma com o papai. Obrigado por me amarem tanto eu estarei no céu sempre abençoando vocês dois para que dêem vários irmãozinhos para mim. Serei sempre o anjo da guarda de nossa família e estarei rezando para a mamãe, papai e irmãozinhos.
Não fiquem tristes porque eu não estou na terra, mas fiquem felizes, pois eu moro no coração de todos vocês.
O Amor nos aproximou e irá permanecer para sempre...
07 de fevereiro de 1998
+ VINÍCIUS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
MARIA, ENSINA-ME O CAMINHO
Mãe do Céu,
Mãe da Graça.
Mãe de ternura,
Teu filho abraça.
Mãe carinhosa,
Mãe da Luz.
Mãe de amor,
És mãe de Jesus.
Querida Mãe Maria
Eu Te peço proteção
Do povo tenha dó
Acolhei de coração
Pra que ninguém se perca
Venha logo nos atender
Carrega-me em teus braços
Teu filho eu quero ser
Mãe de Jesus Cristo
Maria de meu Deus
Anjo escolhido
Salvai os filhos Teus
Glória celeste e pura
És Tu Santa Maria
Ó grande Mãe bondosa
Eu Te rogo noite e dia
Mãe dos aflitos
Tenha dó e compaixão
O teu amor imenso
Nos trouxe a salvação
Jesus, como um cordeiro,
Por nós Se imolou
Morreu por meus pecados
Do mal me libertou
Maria graciosa
Tu és minha Rainha
À Ti vivo à implorar
Protegei a vida minha
Ensina-me o caminho
Do amor e a santidade
Santa Mãe do meu Senhor
Abençoai a humanidade
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
MARIA, FLÔR DA ROÇA
Maria flor da roça
Com o seu chapéu de palha
Falta sol ou falta chuva,
Mas, a Maria não falha.
Na capina da lavoura
Lá vai ela do seu jeito
Manejando a sua enxada
Sai na frente com seu eito.
Os seus lábios são vermelhos
Igual um café maduro
Ela ama de verdade
Seu amor é sempre puro.
Na colheita ela vai
De rastelo e de peneira
Vai colher o ouro preto
A riqueza brasileira.
Sempre pura e muita santa
Envergonhada demais
Com saiote bem comprido,
Não da chances pro rapaz.
Tem trabalho e tem descanso
Tira a chita e veste a renda
Pra animar as brincadeiras
Tem o baile na fazenda.
Uma vez por mês, Maria,
Na cidade vai também
No domingo vai à igreja:
Mostra a Deus a fé que tem!
A sertaneja é bem forte,
Muita fibra, e é ordeira.
Boa mãe, fiel e bonita,
Essa mulher brasileira.
Pras Marias flor da roça
Dou os meus abraços, mil.
São orgulhos desta terra
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
MARIA APARECIDA
Minha irmã, em sua vida,
Tem muito merecimento
Pois, segue o seu apostolado,
E não reclama um só momento.
Todos nós aqui sofremos,
Ela também teve um calvário.
Suportou tudo com paciência
Não mudou seu itinerário.
Seguiu em frente o seu caminho
Transpôs barreiras e venceu a dor
Foi sempre muito injustiçada
Mas venceu a luta com amor.
Seu nome é Maria Aparecida
Como é, o da Rainha da Nação.
Eu desejo muita sorte e saúde
A você, minha, irmã do coração.
Com Maria e Jesus no seu viver
Segue sempre sua luta para frente
Parabéns, minha irmã, felicidades.
Abraço-te no amor fraternalmente.
Americana, 27/01/2002.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
MENSAGEM / HOMENAGEM À MEUS PAIS
PELA PASSAGEM DO 55. ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO (21/11/1940) E TAMBÉM, FELICITANDO-OS PELAS FESTAS NATALINAS, PRÓXIMAS.
AMERICANA, 08/12/1995; DIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO, MÃE DE JESUS. PAPAI E MAMÃE – NESTOR E MARIA – SAÚDE E PAZ.
Hoje eu estive lembrando como era gostoso a chegada do natal. Em todos os natais ganhávamos roupas e calçados novos, era uma alegria, representava para nós que o menino Jesus estava, realmente, nascendo no meio daquele povo. As pessoas eram mais alegres e viviam, de fato, o espírito natalino. Como era gostoso ir na casa da avó madrinha, e ver ela fazendo aquelas bolachas tão gostosas; e todas com belos desenhos para nos deixarem bem contentes. Como era gostoso beber guaraná; daqueles que a gente bebia através de um furinho na tampa, furo este, que fazíamos com um prego pequeno. Que saudade daquelas comidas gostosas e diferentes que mamãe fazia nessa época; o manjar – algumas vezes misturava-se vinho, parecia mesmo uma coisa divina para nós - e outras, que dá água na boca só em lembrar. E esse banquete repetia, também, no dia de Ano Novo e no dia de Santos Reis.
Como éramos felizes...! Papai e mamãe eram para nós crianças, sinônimo de herói e heroína, rei e rainha, eram os que mais sabiam e podiam. Nós sentíamos segurança, sentíamos protegidos ao estarmos todos juntos. Quantas saudades daquele tempo! O que hoje nos conforta, é a certeza que guardamos no coração, de ainda sentir essa mesma felicidade, essa mesma segurança, e achar mesmo, que nosso pai e nossa mãe venceram e são mesmo rei e rainha, herói e heroína.
Porém, sabemos que eles não sabem tudo, mas, temos um orgulho, pois tudo o que somos e sabemos, foram papai e mamãe que nos ensinaram e nos transmitiram com seus exemplos de vida. Sim, uma vida não só de flores, mas flores e também espinhos. O importante é que, no decorrer dos anos, souberam colher muitas flores e deixar os espinhos de lado. Acreditem pai e mãe, nós teus filhos, orgulhamo-nos de tê-los como pai e como mãe. Eu sempre digo, às pessoas, que meu maior orgulho é meu pai e minha mãe, e, orgulho-me também, por pertencer a uma família tão boa e santa como a nossa...!
Feliz aniversário de casamento, Feliz Natal e Próspero Ano Novo. Que o Deus menino lhes conceda muita saúde, paz, compreensão e amor, para que possam viver muitos anos.
Seu filho, que vos ama muito; Nestor.
08 / 12/ 1995
99 - 100
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
MAMÃE QUERIDA
Peço-te mamãe querida
Ouça com muita atenção
Quem vai te falar agora
É teu filho do coração
À minha mãezinha amada
Ofereço este meu canto
Isto é o menos que eu posso dar
Para quem eu amo tanto
Mamãe você é uma flor
Uma flor bonita demais
Mas você é uma flor eterna
Que o tempo nunca desfaz
Você é uma flor viva
Que Deus colocou no mundo
Para desabrochar na vida
Com este amor tão profundo
Por isso querida mãezinha
Que agora você é saudada
Pois se você não quisesse
Eu hoje não seria nada
Agora mãezinha querida
Que ouviu com muita atenção
Quem te falou nesta hora
Foi teu filho do coração.
101
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
MATANDO A SAUDADE
Menino, daqui, eu saí
Rumo a outras paragens
Rumo a outras paragens
Boa educação eu levei
Dentro da minha bagagem.
No meu sonho de criança,
Conhecer outras cidades.
Desvendar os horizontes
Buscar novas amizades.
Eu olhei nos verdes campos,
Da minha casinha amarela,
Dei o meu último adeus
Debruçado na janela.
Eu deixei meu cão, tiziu,
Cachorro de estimação.
Nos teus olhos eu vi lágrimas
Que caiam pelo chão.
Foi tão grande a minha dor
Distante do povo meu
Deixando uma cicatriz
Daquele saudoso adeus.
Não sabia que a partida
Fosse assim tão dolorida.
Quem parte sofre a saudade
De sua terra, mãe, querida.
Hoje eu volto aqui contente
Rever tudo o que foi meu
Muito alegre eu agradeço
A chance que Deus me deu.
Tudo é festa, é quermesse!
Frango assado pro leilão.
A alegria é contagiante
Eu só vejo animação.
Na estrada, bem atento,
Eu ouvia muita prosa
Um dizia, eu levo cravo
Outro falava eu levo rosa.
Pra enfeitar lá na capela
O altar da Mãe querida
E prestar nossa homenagem
À Senhora Aparecida.
Aqui eu venho abraçar
Estes meus irmãos queridos
E rever os verdes campos
Que sempre estão floridos.
Gosto do meu Monte Belo
Sou feliz neste rincão.
Pra todos os Colinenses
Dou meu aperto de mão.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
MENINO & MOLEQUE
Menino furor
Moleque sapeca
Levado da breca
Que rouba fubeca
Que rasga a peteca
E estraçalha a boneca
Que é um terror
Menino bonzinho
Que vai jogar bola
Que vai à escola
Que é bom da cachola
A lição não cola
O professor, não amola
É um amorzinho
Menino sem jeito
Moleque brigão
Sem educação
Vive dando empurrão
Sempre sujo no chão
Fala só palavrão
Nunca teve respeito
Menino educado
Que vive estudando
Seus pais respeitando
Não vive chorando
Está sempre brincando
E às vezes rezando
É bem humorado
E às vezes rezando
É bem humorado
Menino moleque
Moleque menino
Arteiro moleque
Amorzinho menino
Bonzinho ou terror
Sempre está carecendo
Moleque menino
Arteiro moleque
Amorzinho menino
Bonzinho ou terror
Sempre está carecendo
Um pouquinho de amor
104 - 105
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
MEU JOVEM PAI
Eu, via-o ali sentado na soleira.
Para acalmar a sua grande canseira
Depois de um dia trabalhado
Com os olhos fitos para o céu
Tirando da cabeça o seu chapéu
O teu corpo, com o suor, todo molhado.
Nós, teus filhos, um a um aconchegava
Mamãe bondosa, ansiosa lhe abraçava
E nós, por ele, éramos sempre abençoados.
Se por acaso alguém fizesse estripulia
Com um jeitinho mamãe já nos defendia
E na família grande amor era notado.
Uma história, um causo ou um fato
Num instante nos dava o seu relato
Muito esperto, a criançada toda alegrava.
Sua mente sempre rumo ao infinito
Ensinava-nos a rezar pro Rei Bendito
E deste jeito o bom caminho nos mostrava.
Os teus olhos viam além do horizonte
Como o sol que sobrepõe à qualquer monte
E retorna novamente com maior luz.
Se fosse noite com o céu bem estrelado
Nos falava de uma a uma bem explicado
Mostrando o amor do grande Deus, Pai de Jesus.
Dia dos Pais, 12 de agosto de 2001
106
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
Mercado Trabalhista, Hoje:
Perspectivas Para o Novo Século
Nesta última década do século, com a abertura desenfreada do mercado de trabalho, as relações trabalhistas ficaram muito confusas. De um lado, o empregado sem forças e perdendo quase todos os seus direitos que, com duras penas, havia conquistado. Do outro, os patrões que sempre foram duros nas negociações, - e neste final de milênio com um agravante a mais, pois, boa parte das empresas foi à falência, - e agora complicou ainda mais. E por falar em lados, temos ainda um terceiro, este sim, parece-me que ele sempre foi inoperante, e quando tenta fazer alguma coisa complica ainda mais; este é o governo. Ele só pensa em arrecadar impostos. Vejo que as entidades de classes estão falidas.O trabalhador precisa se reorganizar, achando novos meios para uma boa relação com os empresários. Acredito que no século vindouro haverá muito mais desemprego. A tecnologia cada vez mais aperfeiçoada exigirá muito menos mão de obra. Só terá vez nessa luta desumana, os “privilegiados”, ou, aos que de fato tiverem muita força de vontade para alcançar o seu objetivo. Acredito que precisarão muitos estudos e muito mais aperfeiçoamentos nas diferentes especialidades à cada setor, nas quais, cada um irá atuar. Em síntese, o mercado trabalhista será muito exigente, e muito seletivo, no aspecto tecnológico.
Americana, 16/11/2000
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
MÃE (MARIA PIRES DE OLIVEIRA)
UM ANO DE SAUDADE...
Mãe, no dia 27/08/98, você partiu e deixou um grande vazio em nossa família.
Sabemos que não há ninguém neste mundo para ocupar este lugar vazio, esta lacuna, deixada por sua ausência.
Mas temos a alegria em acreditar, que a senhora está junto de Deus. Isso nos dá uma grande esperança, pois de lá a senhora estará sempre nos abençoando. E por assim acreditar, logo desaparecerá essa angústia, de órfão, que desde o início quis se instalar em nosso coração. Nós continuaremos pedindo a sua bênção, porque acreditamos nisso.
Seu coração de mãe recebeu ao nascer, a grandeza do amor. A senhora foi bondosa, responsável, foi mãe dedicada, esposa e mulher exemplar. Foi um anjo guardião dos seus entes queridos.
Tu foste, e deixaste na terra saudades infinitas. Tua partida foi triste para nós, más para a senhora ela foi bela; não que quiseste nos deixar, más, porque recebeu do grande Pai o prêmio que tu sempre mereceu.
De lá, junto de Deus, seu coração de mãe continuará velando por nós, teus queridos, na terra.
Mãe, a senhora nos deixou muitas recordações queridas. Mãe, a senhora nos ensinou a ser gente e filhos de Deus. Mãe, nos momentos de saudade sentiremos a sua ausência. Mãe, nós teus filhos pedimos a tua bênção.
E que Deus te abençoe no Céu...!!!
Teus filhos: Lídia, José, Antônio, Nestor, Maria, Terezinha, Sebastiana e João.
Americana, 27/08/1999
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
TRISTEZA
Estou com saudade da mãe, uma saudade dorida, que me arde. Estou como palha, no paiol, em tarde de calor. Tanto ressecado como uma roça de milho depois da colheita. Vislumbro na amplidão o tremular do calor do sol em contato com o chão duro. Isso traz mais saudade, e aumenta ainda mais o ardor do ressecamento da minha alma, causado pela ausência saudosa, daquela, de quem eu sou parte. Hoje tudo está triste, meu rosto me envergonha, ao olhar no espelho. Procuro amparo em meu Deus , assim triste, tenho saudade da alegria. Olho o crepúsculo no horizonte e vejo o sol que se vai embora, vai repousar na casa de meu Deus. Como ele traz saudades dos velhos tempos! Pois é naquela casa que, hoje, mora minha saudosa mãe!
12 de junho, dia de seu aniversário.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SAUDOSA MÃE (Maria Pires de Oliveira)
Mãe hoje visitei, no cemitério
Seu túmulo simples, mas bem cuidado.
Sobre ele, sua foto e seu nome bem gravado.
Ajoelhei-me e meditei este mistério.
Lembrei-me do seu tempo já passado...
Com suas mãos, a me fazer carinho.
À noitinha, com sua voz assim baixinho
Embalava-me num sono sossegado.
Cuidava bem do lar, fazia a roupinha nossa
Na lavoura trabalhava, naquele sol escaldante.
Até nas privações era lindo o teu semblante
Mãe, com muito amor zelava da vida nossa.
Ao meditar não estranhei, é tão singela
Sua sepultura sem flores e sem a luz de vela.
Neste encontro de amor, bem mais profundo
Senti que a tua luz é o maior lume,
E de todas as flores, você é o maior perfume,
Alma santa, da melhor mãe deste mundo.
Americana, 27/02/99
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
Oh! Senhor, abençoe a nossa família. Abençoe todas as mentes para que não haja discórdia, não haja inveja, más, que todos se renuncie ao seu orgulho para o bem da família. Abençoai todos os passos, as decisões, para que todos vivam unidos. Retire da nossa família toda disputa, toda discórdia, a separação; e que todos pensem e trabalhem para o bem comum. Peço à Virgem Maria que é mãe amorosa e bondosa, que interceda junto à Deus, para que Ele nos dê bastante força e luz a cada um de nossa família, e com essas graças possamos superar essa crise que abateu-nos neste momento. Peço ao Senhor da Vida, nosso Pai Eterno que olhe com carinho todos os méritos, -- de bondade, de carinho, de paciência, de trabalho, de amor doação, e pelo seu sofrimento causado pela doença que desde nova ela experimentou; más soube suporta-lo, e com ternura e dedicação nos criou e nos educou --, da nossa querida mãe dona Maria, que certamente já vive na glória celeste, e pela força desses méritos nos conceda paz, nos abençoe e nos guarde para sempre. Isso nós Te pedimos Senhor Deus Pai de Misericórdia, à Vós que viveis e reinais na unidade perfeita entre O Pai, O Filho e O Espírito Santo. Amém !
No 39o- aniversario de nossa chegada à Americana, 17/09/2001.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
MEUS PASSOS
Caminhando pela estrada desta vida, calma, parada, empoeirada,
Segue lento, vai vencendo a tua jornada.
Hoje lento, sim, mas outrora foi esperto, ávido corredor,
Sempre buscando uma nova caminhada.
Pois o tempo destruiu, o trabalho consumiu
Pouco a pouco as forças tua.
Caminhou por muita estrada, na planície e na encruzilhada,
E no espigão perto da lua.
Todos contam sua história, todos querem sua glória.
Boas vidas, amores e trabalhos.
Todos querem progredir, caminhar e prosseguir
Caminhos retos e atalhos.
Vai seguindo as pegadas dos avós, papai e mamãe,
Que no chão foram cravadas.
Vai andando passo forte, tão feliz buscando a sorte,
Sentir a vida realizada.
Bem cedinho ainda escuro caminhas passos seguros,
E vê à frente o sol raiar.
O galo faz sua alvorada deixa mais linda a madrugada,
E tu caminhas sem parar.
Caminheiro ao sol ardente, vê a estrada pela frente
E a conquista desejada.
Olha ao alto o astro luz, pede auxilio a Jesus,
E sente as forças renovadas.
Passo leve qual um menino, sempre rumo ao teu destino
A medalha conquistar.
Não é prata e não é ouro, nem é bronze o tesouro,
Que ele vive a procurar.
Não é a guerra nem tristeza, não é o ódio ou incerteza,
Poder, ilusão, trapacear.
É a paz, a caridade, muito amor felicidade,
Sua vida partilhar.
Com a fé e a coragem segue firme tua viagem,
O destino que Deus deu.
Vai avante companheiro, pois Jesus é teu parceiro.
Foi por ti que Ele morreu.
Segue firme o caminho a frente, sua missão é viver contente
E amparar o teu irmão.
Pois Jesus que está contigo te carrega bom amigo.
Ele é o caminho, verdade e vida. E a tua salvação.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
NOSSO SALVADOR
Nosso Senhor pra salvar as nossas vidas,
Por amar-nos tanto-tanto se entregou aos judeus.
Mas, mesmo assim, muita gente não entende,
Procurando simplesmente coisas que não vem de Deus.
Vivem brigando com os próprios seus irmãos
Contrariando os mandamentos da sagrada religião.
E vão caindo sem querer se levantar
E, nem mesmo procurar seus defeitos consertar.
Mas Jesus Cristo está vendo tudo isto
E em sua caderneta Ele está sempre a marcar.
Se tu arrependes, Jesus um dia te leva.
Mas se tu faz o contrário, vem o diabo e te carrega.
Paulo R. Vargas e Nestor de Oliveira Filho
NT. Esta letra pode ser cantada na melodia sertaneja,
da música O JOÃO DE BARRO.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
O ORVALHO
No orvalho de uma linda manhã
Que ficou sobre a grama e o capim
Vejo a graça de meu Deus sempre caindo
Aumentando esta fé dentro de mim.
O brilho, e mansidão destas gotinhas,
Representa uma criança ao nascer
Vai criando uma alegria na minha alma
E me da mil razões para viver.
Orvalho, poesia, numa manhã encantadora
Ao ti ver sinto no peito uma emoção
Lembro-me criança, eu menino pés descalços,
Tu me molhavas, ao entrar na plantação.
Tu és silêncio num coração contemplativo,
Inspiração em uma alma apaixonada.
É o remédio de um coração amargurado,
Festividade pro cantar da passarada.
Orvalho meigo vem molhar a minha terra,
Pois sua seiva, o sol bem quente às levou.
Neste orvalho há carinho e ternura
De um Deus, presente, que tudo aqui criou.
Ele vem como uma brisa refrescante
E toda terra vai molhando de mansinho.
É tão suave como o bálsamo do amor,
É Deus, na terra, fazendo-nos carinho.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
O CAMINHO
Jesus é o Caminho
O Santo Caminho é Jesus
Seguir este Caminho é doação
Pois quem caminha, leva a sua cruz.
Jesus disse, Eu Sou o Caminho e a vida
A verdade e a vida é Jesus.
Só os fortes, seguem este Caminho
Na fé, perseverança e muita luz.
Este Caminho é de trabalho
Este Caminho é de labor
Se você encontra o irmão caído
Levanta-o, e cuide com amor.
Este Caminho é estreito
Este Caminho é a verdade
Ao encontrar um irmão com fome
Alimenta-o, por caridade.
Caminho cheio de esperança
Caminho cheio de alegria
Sempre ao lado de Jesus
Caminhemos noite e dia.
Caminho cheio de amizade
Caminho cheio de ternura
Vivendo em paz com nosso irmão
Construiremos, a humanidade pura.
O Caminho é o amor do Pai
O Caminho é o Bom Jesus
O Espírito Santo é quem nos dá força
Para caminharmos com tua luz.
O Caminho é a Eucaristia
O Caminho é a graça de Deus
Para nos alimentar nesta jornada
Seu corpo, o Cristo nos ofereceu.
Quem anda neste Caminho
E prega a paz e pratica o amor
Encontrar-se-á no seu final
Com Jesus Nosso Senhor.
Quem anda neste Caminho
Alcançará a salvação
Seu prêmio é morar no céu
Por ter cumprido sua missão
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
O BURRO E O PORCO
“Estória (do tempo que os bichos falavam) que meu pai conta”
Havia em um sítio um burro e um porco, os dois muito espertos. O porco era gordo, não fazia nada, não trabalhava. Vivia em um chiqueiro com boa cobertura, não tomava o sol quente e nem chuva forte, e era tratado em hora certa. Comia do bom e do melhor, tinha água fresca o dia todo. Não fazia nada para merecer tanta mordomia.
Mas o burro, coitado, vivia magro e cansado, pois, só trabalhava, e pouco comia. Trabalhava de sol à sol, ora puxando carpideira ou arado, ora puxando carroça pesada, sobrando-lhe pouco tempo para comer e beber. Era somente uma vez no período de trabalho, ao meio dia, que seu dono lhe tratava. Se quisesse alimentar bem até encher a barriga, tinha que pastar à noite, quase toda, em vez de dormir, vivia cansado e angustiado.
Certa vez ele encontrou com o porco e disse: veja como este mundo é cheio de injustiças. Olha como você é bem tratado, está gordo, sadio, come do bom e do melhor, portanto você nada faz! Não trabalha, vive deitado, só quer sombra e água fresca, enquanto eu vivo só trabalhando, derramo o meu suor o dia todo e ainda apanho. Quando o trabalho é muito duro e eu não suporto o peso do arado, o patrão me bate de chicote e ainda me xinga, dizendo que sou vagabundo e estou fazendo corpo mole. A semana inteira é assim, e quando chega o Domingo, que seria o dia do meu descanso, vem o patrão, bem de manhã, bota o arreio nas minhas costas, me aperta com aquela barrigueira que quase me sufoca, monta encima de mim e, às vezes, coloca até os seus filhos juntos no meu lombo, me chicoteia e soca as esporas nas minhas virilhas. Eu vejo a morte todos os dias. Quando vamos para a cidade ele sempre pára em algum bar, ali me deixa amarrado no toco, o dia quase inteiro, sem comer e sem beber, esquece que eu existo. Veja se não é mesmo injusto este mundo!
O porco pensou, pensou e falou: olha amigo burro, pra você não pensar que sou ruim, vou lhe dar um conselho. Amanhã cedo você escolhe um canto no pasto, cheio de ramagens, e lá você fica bem quietinho meio encorujado, quando o patrão for te buscar para trabalhar, finge que está doente. Fique bem triste, com as orelhas caídas, os olhos fechados e de cabaça baixa. Ele chega e você não reage. Na hora que ele te puxar pela corda, você sai devagar, mancando de uma perna e arrastando a outra, tropeçando e quase caindo. O patrão pensará que você está doente e te deixará no pasto. Então, você comerá à vontade.
Naquela noite o burro foi dormir bem mais contente. E na madrugada do outro dia, foi escolher um bom lugar para esperar o seu dono. Ao longe ele enxergou o patrão que chegava, e fez exatamente como seu amigo porco lhe ensinara. O patrão chegou, e ao olhar o estado do burro ficou com dó e o deixou no pasto.
Quando o marido chegou de volta em casa sem o burro sua mulher lhe perguntou; que foi que aconteceu no pasto que você não trouxe o animal? O marido explicou; o burro está doente, está muito mal, então resolvi deixa-lo no pasto para descansar e restabelecer as forças. Neste exato momento a mulher disse para o marido; mas como que neste mundo as coisas são mesmo certas ontem mesmo acabou a banha e a mistura, já que você não vai na roça porque o burro está doente, então vamos matar o porco.
E assim, nem deu tempo para o porco saber com o seu amigo se deu certo a sua estratégia.
Americana, 26/09/2000
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
O CASAL DE TICO-TICO, E SEUS FILHOTES
Antes que alguém pense o contrário, quero deixar bem claro, gosto muito de todos os animais. Jamais viveríamos sem eles, mas, cada qual tem que ter o seu próprio espaço. Cavalo no lugar de cavalo, gato no lugar de gato, cachorro no lugar de cachorro, bicho no lugar de bicho, gente no lugar de gente etc. Me perdoem os que se dizem protetores dos animais. Acho que eles se exageram um pouco. Não se pode ofender um cão ou um gato, que já vem eles com inquirição. Mas, e as rolinhas nos seus ninhos, os canarinhos, e os tico-ticos com seus filhotes, quem é que vai os defenderem? Não pode dar maus tratos aos bois e aos cavalos; mas, quem vai defender o órfão ou a viúva do infeliz motorista que morreu após chocar-se com o carro num quadrúpede, bem no meio da rodovia? Não vale mais um ser humano, do que um animal irracional? Parece que não! Pois vemos alguns seres humanos (meu irmão, seu irmão) comendo lixo e morando na rua, sem vez e sem voz, sem remédio e sem oportunidades na vida. E por outro lado vemos animais bem tratados, tem do bom e do melhor, e até clínica veterinária a qualquer hora. Algumas vezes lemos nos noticiários casos de maus tratos a animais, e o infrator sendo processado. E muitas vezes, encontramos também nos noticiários, que cães bravos mordem e estraçalham crianças e pessoas idosas, (e o pior, tudo isso na rua, lugar de gente andar) e seus donos dão aquela desculpa amarela, que não convence mais ninguém. Só que, tudo fica por isso mesmo, nem o cão é preso e nem o dono do cão processado.
Pois bem, no jardim de minha casa um inocente casal de tico-tico fez um ninho em uma ramagem, `a um metro e pouco de altura do chão, porém, bem escondido. Assim, construíram seu lar e viviam felizes, a tico-tico fêmea botou quatro ovinhos, e ali naquele ninho de amor, passados alguns dias nasceram quatro filhotinhos. Era lindo ver como os pais tico-ticos cuidavam com amor dos seus filhos. Os filhotes iam crescendo, faziam dez dias e já haviam algumas penas sobre a penugem, era só alegria e felicidade naquele ninho... Mas derrepente, o imprevisto, a catástrofe, a desgraça. Naquela noite o gato do vizinho trouxe a morte, veio à traição e atacou esta família, acabando toda alegria daquelas criaturas de Deus. Não sobrou nenhum filhote, o gato derrubou o ninho e comeu-os todos.
Os “protetores” vão dizer assim: os animais são assim mesmo, os maiores comem os menores só para matar a fome, isso é coisa do instinto. Agora eu te digo: lá na mata, na capoeira ou na selva isso é verdade, mas aqui na cidade, isso não é verdade. Todos aqui sabemos que, os gatos que vem roubar, sujar, e atrapalhar o nosso sono são gatos bem tratados, não passam fome, comem carne, boa ração e muito mais, vivem tranqüilos dormindo em sofás, e até nas camas, em certas casas. Resumindo, o gato matou os passarinhos só por maldade. (Não sei se todos sabem, mas, o gato é um dos animais que jamais será domesticado totalmente, ele sempre carregará os traços de predador.) Com quem vou reclamar? Com os “protetores” de animais? Quem vai me indenizar? Se por acaso eu matar este gato ladrão, o que vão fazer comigo? Vou ser processado! E, talvez, até preso porque matei um simples gatinho malvado. Outra coisa intrigante é quando os gatos e os cachorros vêem sujar os nossos quintais e nossas calçadas. Não seria obrigação dos seus donos, virem limpar e lavar toda a sujeira? Se não querem fazer isso, que pelo menos respeitem os seus vizinhos, façam com que seus animais defequem em suas próprias casas. Garanto que, agindo assim, não infernariam a vida de seus vizinhos. Assim fosse, existiria muito mais amizade entre as pessoas que moram na mesma rua.
Obs. Seria bom os órgãos públicos, competentes, promulgarem uma lei obrigando a todos os proprietários a colocarem uma identificação em seus animais. Com uma pequena cisão no couro do animal, colocaria um chips pré numerado à cada animal com a identificação de seu dono. Assim, quando acontecesse uma infração – exemplo, o assassinato de um motorista ou de toda sua família, causado por um cavalo na pista, ou em simples estrada – seria fácil identificar o proprietário. E garanto, após uma ou duas condenações, todos que tem animais poriam suas barbas de molho.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
O GALO E SEUS “COLEGAS”; Pato, Peru, Gato do mato, Gambá e o Carneiro.
No tempo que os bichos falavam, vivia naquele sertão o caboclo Zé Mulato, com sua mulher, Maria Chiquita e seus três filhos, o Zezinho, o Juquinha e a Rosinha. Eram felizes na sua casinha de pau-a-pique coberta de sapé. Tinham um belo roçado que lhes dava o sustento. Tinham uma bela galinhada e um galo índio puro, que era o rei do terreiro. Certa vez deu uma seca muito grande, não chovia, e com isso começou faltar a comida. Para não ver os filhos passando fome, Zé Mulato e Maria Chiquita começaram a cada dia, matar uma galinha, e assim foram vários meses, e nada de chuva para fazer a plantação. Certa noite o galo índio viu-se só, no poleiro, e pensou assim. Amanhã com certeza será a minha vez de ir para a panela, preciso me livrar dessa. Pensou, pensou e disse para si mesmo, vou-me embora, e já, quando amanhecer o dia eu estarei longe, são e salvo. Saiu, andou, andou, bem adiante encontrou um pato. Foi correndo ao encontro e gritou, oi compadre pato, que alegria em vê-lo aqui, pois, estou tão sozinho, o que fazes você por aqui ? Aí se abraçaram calorosamente e começaram conversar. O galo contou sua história, o que havia acontecido em sua casa, coincidentemente o pato contou a mesma história, dizendo que também ele ficou sozinho no terreiro e resolveu fugir de casa. E assim saíram andando, agora com mais entusiasmo, pois, encontraram um companheiro e foram conversando, pensando num meio de achar uma nova morada. Andaram o dia todo e bem à tardinha encontraram um peru, depois de cumprimenta-lo falaram de suas vidas, e o peru disse que com ele aconteceu a mesma coisa, e assim seguiram os três andantes. Quase na boca da noite encontraram um gato do mato, que após ouvir as histórias do galo, do pato e do peru, contou que sua história era bem semelhante à deles, pois no seu sertão tinha muitos caçadores que, com suas espingardas havia matado todos da sua família, só restou ele, por isso estava fugindo. Aquela noite os quatro “amigos” passaram encostado em um grande pé de angico, que tinha uns cipós enrolados no seu tronco. No outro dia, cedinho, saíram na esperança de encontrar uma nova casa para morar. Iam conversando pelo caminho e ao raiar o sol, avistaram um gambá, triste, sentado bem ao lado da picada onde eles iam passar. Chegando perto o galo já foi falando, o que foi compadre gambá, por que está tão triste ? Então o gambá falou da sua vida, disse que estava com muita fome e sede, que estava ficando velho e já havia perdido os seus parentes, vivia na mais triste solidão no meio daquela floresta. Depois de ouvi-lo convidaram-no para seguir juntos na caminhada, e ele topou. Foram seguindo o caminho e iam conversando, cada um queria contar uma estória melhor e isso os faziam felizes. Segue estrada, muda de estrada, entra na picada, sai da picada, atravessa floresta, sobe morro, desse morro, atravessa rio e vão alegres. Ao cair da tarde daquele segundo dia de caminhada, iam atravessando uma bela campina, nisso, encontraram mais um solitário, dessa vez era um carneiro, que como os outros também havia perdido todos de sua família, dizendo que seu dono fora muito cruel, pois, além de tirar toda a lã dos seus, ainda lhes matavam para comer a carne, e por isso resolveu fugir. Sendo convidado pelo galo para juntar-se ao grupo, ele aceitou e seguiram. Ao cair da noite os seis “companheiros” adentraram à grande mata a procura de um abrigo. Não precisaram andar muito para encontrar um rancho de sapé. Ao entrar já perceberam que ali moravam os lobos, pois viram os seus apetrechos, então o galo falou vamos nos esconder, já está escurecendo e os lobos logo voltam, bateu as asas e assentou-se na cumeeira encima do sapé. O mesmo fez o pato e o peru. O gato do mato bateu as unhas no esteio e subiu lá no alto, o gambá pulou de galho em galho e subiu no sapé. Agora só faltava o carneiro subir, como fazer isso? , questionaram. Ele não tinha asas para voar, nem garras para subir nos troncos, como fazer então. O galo pensou, pensou e disse, compadre carneiro afasta-se bem longe até aquele morrinho e vem correndo, no embalo você pula e nós aqui encima vamos te segurar e puxa-lo aqui para cima. E assim se fez. Duas ou três vezes o carneiro pulou e caiu no chão, mas na quarta ele tomou mais distancia, correu e conseguiu. Mal acabaram de ajeitar o carneiro na cumeeira chegaram os lobos, na maior algazarra. Um dizia que tinha comido um carneiro, outro que havia pegado um gato do mato, outro um galo e assim por diante..., e os bichos encima da cumeeira tremiam de medo. Mas o carneiro, sendo um animal que urina a toda hora, e os amigos não deixavam ele urinar, (pois a urina podia atravessar o sapé, cair encima dos lobos e denuncia-los lá encima, e os lobos os comeriam), então começou a passar mal. O carneiro gemia e fazia barulho, o galho mandava-o ficar quieto, até que não deu mais. Então os bichos deitaram o carneiro de pernas para cima, assim a urina cairia sobre a sua lã e ela absorveria toda a urina, assim não cairia nada sobre os lobos. Foi aí que o carneiro desequilibrando-se caiu na porta do rancho, o barulho foi tão grande que os lobos acordaram assustados e saíram correndo sem saber para onde ir. Nesse instante os bichos todos pularam encima dos lobos e fizeram o maior barulho para assustar ainda mais os lobos. Um lobo que passou espremido na porta saiu cambaleando e se enroscou num cipó bem comprido que havia na primeira árvore após o rancho. Nisso o carneiro foi correndo e dava cabeçadas no lobo enroscado. A cada cabeçada que o carneiro dava, o lobo virava cambalhota e se amarrava ainda mais no cipó, o galo pulava e lhe enfincava as duas esporas nas costelas, o peru beliscava e torcia, o gato do mato mordia e arranhava-o com as unhas afiadas, o gambá mordia e exalava odor, o pato rodeava e dizia paz. Por sorte do lobo, na terceira cabeçada do carneiro o cipó quebrou e ele fugiu todo machucado mata adentro, se juntando com os outros lobos que tiveram melhor sorte. Lá, ele contou como foi torturado, e disse, um pulava enfiava-me dois punhais nas minhas costelas e ainda pedia o trabuco, outro mordia e passava uma navalha na minha cara que me cortava todo, um outro me dava um beliscão, dava uma volta e fazia glu, glu, glu, tinha outro que me mordia e largava um fedor, que eu não aguentava, pior era o grandão, ele vinha correndo dava-me uma cabeçada que eu ia lá para alto e caia no chão todo quebrado. Porém, nem todos eram ruins, tinha um bom, somente um, este andava para lá e para cá, me rodeava e dizia, paz, paz, paz... . Vejam como estou machucado. E assim, com muito medo, os lobos ficaram muito tempo sem voltar naquele rancho. O galo e seus “amigos” apoderaram do rancho, fizeram grande festa e viviam felizes.
Passado um bom tempo, após o lobo machucado se curar, então resolveram voltar ao rancho para ver quem eram os que lhes haviam causado tanto mal. Escolheram uma noite sem lua, bem escura, e devagarzinho, pé por pé, foram chegando e viram quem eram os que haviam roubado o rancho. Depois da descoberta os lobos voltaram para a toca, e lá traçaram um plano. Combinaram assim: cada noite eles iriam ao rancho e pegariam um bicho para comer. E deste jeito se fez. O primeiro a ser devorado foi o carneiro, na segunda noite foi o gato do mato, depois o peru, o pato... . Quando o galo deu por si, naquela noite só estava ele e o gambá dentro do rancho para dormir. Então o galo pensou e falou para o gambá, vamos embora pois nessa noite é um de nós dois que os lobos virão buscar, você vai para um lado que eu vou para o outro, assim eles não nos pegará. Saíram na escuridão mata à fora, correndo o mais que podiam, e nessas circunstâncias o galo estava em desvantagem, pois, além de fugir dos lobos, agora, precisava fugir também do gambá. Ele sabia que a qualquer momento o gambá viria atrás dele para lhe pegar. Sai correndo, voando, pulando, atravessando rio, mudando de picada, tentando a qualquer custo enganar e despistar o gambá. Correu o dia inteiro. No escurecer encontrou um lugar seguro para dormir, subiu no mais alto galho daquela árvore e adormeceu. Lá pelas tantas da madrugada ele ouviu um borbulho nas folhas secas, e esse barulho foi subindo, subindo, cada vez mais perto do galho que ele estava acomodado. Foi aí que ele abriu os olhos e cacarejou. O gambá que já estava para dar o bote no pescoço do galo, falou assim, oi compadre galo o senhor ainda acordado até essas horas? O galo respondeu, pois é compadre gambá, no mundo dos incertos a gente tem que dormir com um olho fechado e o outro aberto, deu mais uma cacarejada e pulou num outro galho. O gambá vendo que o galo era muito esperto e que sabia da sua intenção, desceu da árvore e foi-se embora. O galo passou o resto da noite ali e no outro dia bem cedo seguiu caminho rumo à sua casa. Atravessou a mata virgem e à noitinha avistou sua velha morada. Foi chegando mais perto, meio desconfiado, e qual foi sua alegria ao ver, que havia nos poleiros e nas árvores tantas galinhas e aves, iguais nos seus velhos tempos. Muito alegre, procurou logo um lugarzinho bem no topo da árvore. E lá dormiu tranquilamente. Na madrugada deste novo dia às quatro horas, ele estufou o peito, abriu o bico e soltou o seu belo cântico, tal qual fazia nos tempos passados. Esse canto foi tão belo, forte e longo que acordou todo mundo. A dona Maria Chiquita pulou da cama e gritou pro esposo Zé Mulato, Zé escuta o nosso galo, ele voltou, escuta ele cantando! Levantando-se, saíram correndo para o terreiro e foi aquela festa, jogando milho e vendo a galinhada comer, e o galo fazendo festa no meio delas.!
NESTOR DE OLIVEIRA FILHO & NESTOR DE OLIVEIRA: 17/09/2000.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
O HOMEM QUE SE PERDEU NO MATO
Este fato aconteceu na fazenda do Amauri, que fica no município de Jaborandí SP, mais ou menos no ano de 1925. Antônio Simeão, homem alfabetizado, gostava muito de ler o livro de Cipriano. Ele não tinha religião (era ateu). Gostava de fazer algumas malandragens que aprendera com a leitura desse livro. Certa feita, ele deixou a esposa e filhos, e fugiu com a mulher de um tal Emiliano; ela, também deixou filhos e filhas. Mas, essa façanha não durou muito, logo voltaram para suas casas.
Desse senhor Emiliano transcrevo aqui um fato triste. Emiliano teve um fim trágico: conta-se que ele, num dia de sábado, foi pedir ao patrão, Seo Nhô Moço, uma ordem de compra, pois sua intenção era ir à cidade fazer as compras do mês. O patrão disse que só daria a permissão mais tarde, porém, antes, obrigou-o a ajudar os camaradas da fazenda a recolherem o café que estava secando no terreirão, pois o tempo ameaçava chover. Obedecendo ao patrão ele foi trabalhar, com a esperança de receber a ordem. O trabalho era, pegar o saco de café nas costas ou na cabeça, subir o viaduto que liga o terreiro com a tulha e lá dentro, no alto, caminhar sobre estrados até chegar no salão, indicado, e despejar o café. Nesse intervim, não se sabe se alguém o empurrou ou se, ele desequilibrou-se e caiu do alto no piso de tijolos. Por causa da queda, com grandes ferimentos, meses depois ele morreu, sem ter recebido a tal ordem.
Voltemos ao primeiro assunto, que é o senhor Simeão. Pois bem, esse homem (cipriânico) juntamente com o Cristóvão seu amigo, certa vez entrou na mata para tirar cabo de enxada. Mal entraram na mata, antes de cortar os cabos, suas mentes embaralharam-se, não conseguiram tomar rumo certo e se perderam. Quanto mais queriam sair, mais entravam na mata e sempre escutando vozes, que diziam: vai buscar colher; traz o que puder, vai vazia e volta cheia, chispa bicho, desenrola fumo, ta danado eu ponho dois. Vai buscar colher; vai vazia e volta cheia... . Isso lhes assustava muito, e corriam desesperados para lá e para cá, entre os cipós e espinhos. Ficaram perdidos naquela mata sem comer e sem beber, andando como loucos, sem rumo, machucados e desesperados.
Com o desaparecimento dos dois, a notícia foi longe, todos começaram procurá-los. Reuniram-se os moradores da fazenda e de fazendas vizinhas com buzinas e cachorros e começaram as buscas. Somente depois de três dias e três noites é que conseguiram encontra-los, estavam machucados, com toda a roupa rasgada; feios, pareciam bichos. Trouxeram roupas, vestira-los de novo, só assim puderam sair e irem para casa.
Alguns anos depois Seo Antônio Simeão converteu-se ao catolicismo, tornando um homem muito religioso. Aos domingos ele ensinava o catecismo para as crianças católicas, e como ele tinha uma razoável escolaridade, também dava aula de alfabetização para algumas crianças daquela fazenda, ensinando-as ler, escrever, e até algumas continhas, com as quatros operações mais fáceis. Nessa época pós-conversão meu avô Ezequiel já morava, também, na mesma fazenda, e tinha grande amizade com a família dos Simeão, chegou a ser padrinho do José, irmão do Antônio, que foi batizado já na idade adulta.
Este fato me foi transmitido pelo meu pai - (que na época deste acontecimento tinha 12 anos de idade) - no ano de 2001.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
O MILAGRE NO RIO PARAÍBA
Rainha do Paraíba; abençoou os pescadores.
Homens de fibra e muito brio,
bem lá na curva do rio, a tua imagem pescou.
Para provar que Ela é santa, primeiro só veio um pedaço
E eles não demonstrando cansaço do outro lado, a rede jogou.
Ao puxar a rede fora com alegria, fé e coragem,
a outra parte da imagem, dentro dela apareceu.
Pegando a cabeça e o corpo, uniram as duas partes.
Viram na Santa uma bela arte, e o milagre aconteceu.
Daquele instante para frente vinha peixe amontoado,
muitas espécies, curimbatá, traíra e dourado,
acabou o sofrimento e a dor.
Pois, aqueles homens humildes, pelo chefe foram intimados
a trazerem bons pescados, para a côrte e o governador.
O povo que era escravo viram na negra imagem,
do céu uma grande mensagem, altar com flor e vela construiu.
E Deus que é pai de todos, uniu a terra e o céu,
e pra Santa fizeram um véu, e a liberdade ressurgiu.
Ó nossa querida mãe, Rainha do Paraíba,
és mulher engrandecida, do povo tem dó e paixão.
Abençoai todos os teus filhos, rico, pobre ou miserável,
atendeu-nos ó mãe amável, padroeira da nação.
Ó Maria, de Jesus, o fruto de Ti nascido
que por Deus foi prometido, àquele povo hebreu,
interceda lá no céu, no bom caminho nos conduz
o grande Mestre da luz, que por nós na cruz morreu.
No dia doze de outubro, celebramos a festa Tua.
No santuário, capela, ou na rua,
pedimos muitas graças, paz e amor.
Todos juntos congregamos, o Brasil de passo-a-passo,
brasileiros num só abraço, caminhamos com fervor.
Ó Senhora Aparecida velai pelo povo Teu.
Os filhos que Jesus te deu, na hora da grande dor.
Virgem Santa mãe de Deus, Nossa Senhora Aparecida
nossa eterna mãe querida, mãe de Nosso Salvador.
AMERICANA, OUTUBRO DE 2000
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
OBRAS DE DEUS
Lá do alto da montanha
Eu contemplo a imensidão
Uma paz me extasia
E me alegra o coração.
Sinto meu Deus, tão, presente
Na grandeza do amor.
Desta obra onipotente,
É meu Deus, o criador.
Campos belos e florestas
Num verdor de esperança
Tudo é graça, tudo é glória
Deste, meu, Deus que é bonança.
Vislumbro alegre no horizonte,
Tudo está bem azulado,
Vejo que o Senhor é grande
No grande mar ondulado.
Meditando esta grandeza
Sinto a minha pequenez
Mas a minha fé me diz
Foi Deus que, assim, me fez.
E esta mesma fé me leva
À enxergar um maior plano
Deus gostou de sua obra
Quando fez o ser humano.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
OS AVÓS DE MEUS FILHOS
À minha mãe querida
Presto minha homenagem
Por seu trabalho e sua alegria
E sua enorme coragem.
Sua vida, à família se entregou,
Esteve com Deus, a seu favor.
A mão de Deus não se negou,
Para quem sempre deu amor.
Sempre presa ao seu fogão
Cercada de uma filharada,
Mãe de grande coração,
Transportou carga pesada.
Bem casada foi Maria
Com meu pai o Seo Nestor,
Casal de grande valia,
Fiéis na glória e na dor.
Duas vidas alicerçadas
No trabalho e oração.
Cinqüenta e oito anos entrelaçadas,
Só com a morte, a separação.
Vidas iguais, minha sogra e sogro,
Dona Aurélia e Seo Guerino.
Com Deus não existe malogro,
Foram felizes em igual destino.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
PARABÉNS; AMERICANA (27/08/2000)
Americana cidade minha, ó princesa hospitaleira
Com seu trabalho e seu progresso, foste tu sempre a primeira.
Hoje és feliz em nossa terra brasileira
Vêndo teus filhos hastearam tua bandeira
Teu aniversário comemoramos com amor
Do nosso estado você é a mais linda flor
No chão paulista, o americanense é acolhedor
Aqui há progresso, pois trabalhamos com fervor
Exuberante tu és, ó cidade tão querida
É invejada pela beleza de tua grande avenida
Praças, flores, bom jardim, palmeiras, vida
Parque ecológico, bichos, pavão, arara colorida
São três rios cortando suas terras, Atibaia, Jaguari e Piracicaba
Valoroso é teu povo, no infortúnio, sua esperança não acaba
Cidade acolhedora, coração de mãe, quero que tu saiba
Recebe todos os irmãos, sulistas, nortistas, do centro-oeste e capixabas
Acompanhando minha família, eu saí de peito aberto
Enxuguei as minhas lágrimas e tomei o rumo certo
Americana, cidade jovem, me acolheu de braços aberto
Aqui nasceram os meus filhos, meu irmão e os meus netos
Tu acolhes muitos filhos vindo do leste, oeste, sul ou norte
Que junto aos teus, Americana, teu nome exorte
Hoje e sempre cantemos, desejando-lhe boa sorte
Filho natural ou não, unidos, queremos uma Americana forte
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
PARABÉNS, MINHA IRMÃ
Bonita como uma flor,
é minha irmã caçulinha,
É um colibri no jardim,
a minha irmã Tianinha.
Ela herdou o nome da avó,
que é bonito e bacana.
Ela nasceu em Colina,
criou-se em Americana.
Safira é uma pedra bonita.
Diamante é uma pedra cara.
O Ouro é quem embeleza.
Minha irmã é uma jóia rara.
Esta é uma homenagem,
que eu faço a você neste dia.
Deus te abençoe e te guarde,
com as graças da Virgem Maria.
26/01/2002
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
PARABÉNS, ZENAIDE
21/01/2001
Hoje está aniversariando
Quem eu amo de verdade.
Boa festa em família,
Muito amor e alegria,
À toda nossa irmandade.
Ao colher mais uma flor,
No jardim da sua vida,
Te desejo mil saúde,
Que o pai de céu lhe ajude
A ter paz e felicidade.
Vinte e um do mês primeiro,
Data linda para ela.
Todos querem lhe abraçar
Teu coração só sabe amar,
É a grande virtude dela.
Eu lhe dou a minha vida
Faça o que você quiser.
Também rezo ao Bom Jesus
Mande sempre muita luz
Ao coração desta mulher.
Ela com quinze e eu dezenove,
Dois jovens, grande esperança.
No jardim, aquele beijo
Saciou nosso desejo
E não saiu mais da lembrança.
Tanto tempo se passaram
E é fiel o nosso amor.
Hoje, olhando o calendário
Vi que é seu aniversário,
Cinqüenta botões de flor.
Eu à vejo bela e pura
Como a linda flor da rosa.
Igual a flor do cafezal,
Linda aurora matinal,
Dedicada e amorosa.
Seu nome, na Grécia antiga,
A consagrada à seu deus.
E ao Deus de Jesus Cristo
Mande do céu, eu peço isto,
Amor e luz pros passos teus.
Na verdade esta mulher,
Sem fazer comparação,
É uma noite estrelada,
É uma lua prateada
Numa noite de verão.
É o cantar de um passarinho,
É uma águia no espaço.
Tua força me anima.
Dou-te amor e muita estima,
Parabéns, e um forte abraço!
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
ANIVERSÁRIO (TERE)
06/10/2001
Vislumbrando a imensidão,
E vendo o azul do céu infinito,
Emocionou meu coração,
Pois, Deus fez tudo bonito.
Lembrei-me da Terezinha,
Veio-me à imaginação,
É aniversário da irmã minha,
Aumentou minha emoção.
Voou distante o pensamento,
Para a infância, muito longe.
Era Tide naquele tempo,
Tide ou Tere: é meiga ainda hoje.
Muito alegres festejemos,
Hoje é seis do mês de outubro.
Glória a Deus no céu; louvemos,
De lá mande Amor em dobro.
Para abençoar a minha irmã
E trazer luz, pros dias seus.
Renová-la, (como as manhãs),
O Santo Amor de Deus.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
Patriarca, o tronco de jacarandá!
O dia 22/11/99 foi para mim muito festivo, mas também de muitas reflexões. Nesse dia fez aniversário o meu quarto filho. Fomos todos convidados, tanto por parte do meu filho Nestor como por parte da minha nora Zenaide. Houve churrasco, cerveja, música boa e danças. Lá pelas três horas da tarde, eu, sentado, olhando as crianças brincarem, vi uma algazarra na rua e todos correndo para o local em que eu estava. Levantei-me depressa, sem saber o que acontecia. Fui ver se alguém tinha se machucado. Vi também meu filho correndo para a rua. Saí atrás dele. Só quando lá cheguei é que descobri o que estava acontecendo. Chegava, naquele momento, o carro de som festejando o aniversariante. Muitos pegaram o microfone para o homenagear. Eu quase não consegui falar, pois a emoção era grande. O aniversariante, mesmo emocionado, falou um pouco mais. Agradeceu a família que tem, tantos os ascendentes como os descendentes seus e os da família da sua esposa. Duas famílias alicerçadas no amor a Deus.
Nessa hora, eu ali rodeado de crianças, olhei e vi que só eu tinha os cabelos já bem branquinhos. Então me veio um pensamento, uma comparação. Comparei-me a um jacarandá muito velho, que deu muitos frutos, e desses frutos as sementes caíram no chão e nasceram como sementeiras, e cresceram, e outras arvorezinhas estão crescendo, formando uma mata. E eu estou no meio dela. As árvores são tantas que logo chegará a quarta geração.
Ali no meio, com os olhos em lágrimas, senti-me como se eu fosse o tronco velho do jacarandá, que com o tempo perdeu os seus galhos bonitos, os galhos fortes que tantos frutos deram e que são motivos de alegria. Neste meu devaneio, quase sonhando acordado, olhei mais uma vez ao meu redor, pensando encontrar outros troncos idosos para me consolar. Mas não vi nenhum. E isso me entristeceu. Não vi aquele tronco forte tal qual o tronco de jacarandá que caminhou comigo durante 58 anos e que foi a seiva que deu vida a todas essas arvorezinhas. Também não vi do lado da outra família os troncos de cerejeiras, que iguais aos jacarandás também produziram frutos, de cujas sementes nasceram muitas árvores que formaram uma outra mata.
Assim me vejo um tronco velho quase sem folhas, rodeado de arvorezinhas de jacarandás e cerejeiras, as duas famílias aliadas, unidas, misturadas na maior alegria e prazer.
Esse momento de alegria e emoção, eu digo a vocês, foi uma graça de Deus.
Americana, 15/03/200
NESTOR DE OLIVEIRA
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
PEÃO SOLITÁRIO
Vou caminhando, passos lentos, pela estrada
No meu cavalo alazão que é marchador
Levo a esperança de encontrar a minha amada
Para aliviar meu coração de tanta dor.
Eu sou vaqueiro, eu sou peão, eu sou caubói
Levo a boiada pela estrada do sertão
Eu vou cantando, espanto a saudade que dói,
Quero encontrar a mulher do meu coração.
Oilê..., oilá..., oilê, oilê, oilê, oilê, oilê, oilá.
Oilê..., oilá..., eu vou pro mundo esta mulher procurar.
Eu vou seguindo e levo comigo a certeza
Sigo as estrelas e a lua faz seu clarão
Toco a viola e entôo um canto de nobreza
Pra afugentar a grande dor da solidão.
Eu calvago o dia inteiro com a boiada
Chego à noitinha na pousada dos peões
Toco o berrante e ajunto toda a manada
Deito na rede e faço as minhas orações.
Oilê..., oilá..., oilê, oilê, oilê, oilê, oilê, oilá.
Oilê..., oilá..., meu Deus é bom sei que vai me ajudar.
Ave Maria Mãe Sagrada, Mãe do povo
E o meu Deus é o Pai nosso, Glória Amém.
Assim eu durmo e começo a sonhar de novo
No sonho eu vejo a figura do meu bem.
Até parece que tudo é a realidade
Penso que sou o mais feliz deste sertão.
Ao acordar, só tenho a dor da saudade,
Monto no macho e vou cantando esta canção.
Oilê..., oilá..., oilê, oilê, oilê, oilê, oilê, oilá.
Oilê..., oilá..., a sorte é grande, meu amor vou encontrar.
AMERICANA, 19 DE NOVEMBRO DE 2001
141 - 142
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
PEQUENO, MENINO GRANDE
Raiou uma esperança
Nova luz resplandeceu
Nasceu-nos um menino
Jesus, Filho de Deus
A sua estrela guia
No céu fez um clarão
Os anjos anunciaram
Já nasceu a Salvação
Na plenitude dos tempos
Por amar sua criação
Deus do céu mandou seu Filho
Pra fazer a redenção
Ele veio tão humilde
Numa noite calma e bela
Nunca mais no mundo houve
Outra noite como aquela
Os anjos cantaram hinos
Os pastores foram avisar
Vamos todos a Belém
Um menino visitar
O seu nome é Emanuel
Deus conosco, vem ficai
Sua mãe chama Maria
E José, é o seu pai
Noite bela noite santa
Mansidade prateada
Lua clara, estrela d’alva
Manjedoura abençoada
Os pastores ajoelharam
E adoraram com carinho
Os três Reis também chegaram
Vêndo a estrela em seu caminho
Longe do povo e da cidade
Este fato aconteceu
No meio dos animais
O menino Deus nasceu
Jubilosos, adoremos...
O menino que é Senhor
Comemorar seu jubileu
Dois mil anos de amor
Pequenino, menino grande
Este Rei que agora temos
Rei do céu, da terra e do universo
Teu aniversário festejaremos
143 - 144
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
POR ISSO, ESTOU AQUI !
Quando eu ouvi a palavra de Deus
Que alguém me falou, lá do evangelho
Senti uma vontade de amar meu irmão
Ao ver meu corpo emotivo a tremer
Neste momento eu vi renascer
E encher de amor o meu coração!
Daí em diante, é que eu fui compreender
Qual a razão do meu nascimento
Eu, antes queria ser livre no mundo
E não pensava em amar meu irmão
Mas, recebendo esta grande lição
Eu vim compreender o meu erro profundo
Hoje aprendi o que é felicidade,
Pois, eu caminho com Jesus Cristo!
Com Ele aprendi a levar minha cruz
Agora eu sinto que é leve meu fardo
Com meu irmão eu sigo lado a lado
Com a graça de Deus hoje eu vivo na luz
Americana, 21/08/1980
145
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
Plantando, você terá
Você gosta de flores?
Plante uma árvore.
Você gosta de sombra!
Uma árvore, você plante.
Você gosta de fruta.
Boa árvore tem que plantar.
Você gosta de ar puro.
Vá plantar um arvoredo.
Você gosta desta vida!
Plante; colherá também, na outra.
Caminhando na floresta
Ouve o som, qual uma orquestra
Do vento, os galhos a balançar
Estufa o peito e sai pro mundo
Tu respiras tão profundo
Perfume e flores a cheirar
Quando sai tu viandante
O sol à pino escaldante
Tu encontras a caminhar
Vê à margem da estrada
Uma sombra abençoada
De uma árvore a te chamar
No fraquejo da tua vida
Não te faltará comida
Se uma árvore você plantar
Lindos frutos madurinhos
Você colherá com carinho
Pro seu corpo alimentar
Em tua vida vai e vem
Muitas curvas ela tem
E você pára ofegante
Teu respiro é imperfeito
Parece não ter mais jeito
Com ar puro tu segue avante
Depois desta exaltação
Te desejo meu irmão
Vá colher os frutos teus
Raça humana e plantação
Tudo isso é criação
Do Santo Amor de Deus.
Americana, novembro de 2000
146
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
QUEM TEM FÉ E TRABALHA, DEUS AJUDA
Lendo uma folhinha do calendário do Sagrado Coração de Jesus do dia 17/06/99, veio-me à mente, fato acontecido com o meu pai quando ele era agricultor em nossa querida terra natal, uma cidade acolhedora, que se localiza no norte do Estado de São Paulo. Fato este, acontecido nos bons tempos da minha infância.
(Aqui transcrevo o artigo da folhinha, mencionado acima.)
ANIMAIS NO ALTAR: escrito por Frei Clarêncio Neotti OFM (Roma Itália)
A figura do boi, além de aparecerem em tantos quadros bíblicos, aparece nos altares também, ao lado de alguns Santos. Entre eles, Santo Isidoro, padroeiro de Madri e veneradíssimo em toda a Espanha. Quase sempre é pintado com uma junta de bois, arando o campo, porque foi agricultor por opção, tanto que na história dos Santos ele é chamado de “Santo Isidoro, o Agricultor”. Nascido de família pobre, em torno de 1.110, morreu em 1.170. Foi casado com Maria Torribia, também ela canonizada. Levaram vida simples e piedosa. Dizem que suas mãos seguravam o arado, mas sua mente estava sempre em Deus. E que os bois, como que respeitando a oração contínua de Isidoro e trabalhando sem berros e sem aguilhão, aravam mais que os bois dos outros. Homem de grande fé. Homem de grande caridade. É o padroeiro dos agricultores.
Meu pai tinha um animal muito bom. Tanto de carroça como de arado. Era forte, robusto e bonito. Esse animal era da família dos eqüinos, que, aqui na região, o conhecemos por burro, isto é, filho de cruzamento de jumento com égua; - em algumas regiões é conhecido por mulo, e acredito, que seria o mais correto -. Este burro atendia pelo nome de Diamante, era uma jóia.
Todos os moradores da fazenda tinham animais, com raças diversificadas. Lá tinha mula, cavalo, égua e, até boi puxava o arado ou o carroção. Meu pai sempre foi um homem muito religioso. Com paciência, trabalhava muito bem com o nosso animal, ora puxando arado, ora puxando carpideira ou carroça. Podia lotar a carroça com feijão, arroz, milho, mamona ou abóbora que o animal puxava-a. Na carpideira ou arado então nem se fala, o burro ia quase correndo, nem percebia o peso da terra. Mas, com alguns dos outros roceiros, era diferente, os animais puxavam o arado ou a carpideira com dificuldade, muitas vezes até empacavam, afastando enrolavam-se nas correntes do arado. Ouvia-se aqueles homens gritando e batendo nos animais, falavam que não tinham sorte, que tudo dava errado.
Acontecia que, com o serviço atrasado, o mato crescia e a lavoura produzia menos.
CONCLUSÃO:
Com esta comparação, não pretendo dizer que meu pai é mais santo ou menos santo que o Santo Isidoro. Mas acontece que, sendo o meu pai um homem muito religioso e honesto, cumpridor do seu dever e que nunca deu motivos para que, nem fiscais, nem encarregados, muito menos patrões, pudessem lhe advertir por falta ou desobediência, - isso tanto na roça com seus quarenta e quatro anos de idade, como também na indústria, onde trabalhou até se aposentar aos seus sessenta e cinco anos -, e até hoje com oitenta e três anos ele não mudou em nada, continua sendo o mesmo homem disciplinado. É que, - por ter nascido com este carisma - ele desde moço cuidava muito bem da sua roça, não perdia hora e nem dia, estava sempre atento. Durante uma temporada (um ano) ele capinava sete vezes, ou mais, toda sua lavoura. Quando o burro ia puxar a carpideira só havia alguns pequenos pés de mato, pois, mal acabavam de nascer já eram cortados. Enquanto que, na roça de alguns outros era um pouco diferente; o mato crescia, florescia e dava sementes, e ao serem cortados, suas raízes grudavam na ferramenta da carpideira, tornando-a mais pesada para os animais, e por isso iam devagar. Terminando esta pequena homenagem ao meu pai, peço que me desculpem se não concordarem com o meu pensamento, mas, sou franco no que digo. Eu acho e acredito que meu pai é um dos homens mais perfeito, honesto, sábio, prudente, bom, e que ele é um homem santo: Acredito e tenho fé!
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
RECONSTRUIR
Não é a formiga que vai impedir que eu colha o milho
Não é o carrapicho que impedirá eu colher o arroz
Não é o espinho que atrapalhará eu cheirar a rosa
Não é a vingança que vai me tirar do trilho
Nem a lagarta comerá a minha roça
Nem a geada queimará meu cafezal
Nem a abelha me negará teu doce mel
Nem vendaval derrubará minha palhaça
A picada da formiga não me assusta
Pro carrapicho, eu uso bota e uso lona
Colher a rosa, mesmo sangrando, vale à pena
Não tem vingança no coração deste batuta
Pra lagarta, eu benzo e faço oração
Meu cafezal, lá no espigão, geada não pega
Não tem ferrão, pra quem tira o mel com amor
A palhoça é firme, quando Deus é a proteção
Somos sementes germinando entre o povo
O amor é a seiva, a caridade é o alimento
O que foi ontem já ficou no esquecimento
Vamos irmãos, reconstruir um mundo novo
Americana, 20 de novembro de 2000
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
REFLEXÃO, NO ESPELHO
Amigo, estou chegando amargurado,
Sente-se aqui bem do meu lado,
Nossa história eu vou contar.
Já faz tempo, muito tempo mesmo,
Que eu vivo no mundo a esmo
E só agora pude enxergar.
Quando menino, no teu rosto eu via
A figura de um grande guia,
Nos teus exemplos eu aprendi.
Mais idade, um rapazola, rebeldia.
Já não mais lhe obedecia,
Segui meu rumo, desprezei à ti.
O tempo voa, a gente embala uma corrida
Não percebe que essa vida,
Como uma nuvem, logo, se esvai.
Ao olhar num espelho, recentemente,
pareceu na minha frente
A figura de meu pai.
Olhando, senti que eu era o herdeiro,
Daquele que eu não quis como parceiro,
Mas o tempo ensinou-me a meditar.
A minha imagem que surgiu no aço
Me diz e mostrou no meu cansaço,
Um rosto, que um dia, cheguei negar.
Aquele rosto que eu amei e admirara
Que eu temi e criticara
Na juventude de um rapaz.
Hoje sou eu, amado e admirado.
Precisei ser temido e criticado
Para entender meu velho pai.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
RESSURREIÇÃO
Surgiu uma nova aurora, neste dia, no amanhecer...
Uma grande e bela Glória vêm dar forças pra viver.
Resplendeu no azul do céu o clarão da Sua Luz
É o Divino Rei bondoso, é o Senhor Jesus.
Ressurge Glorioso e deixa a morte para traz
Vem ao nosso encontro e anuncia a Tua Paz
- Diz; Eu vos quero, todos, numa grande união.
Eu Vou para a Galiléia encontrar com meus irmãos -.
Anuncie na cidade e anuncie no sertão,
Hoje veio o Rei da Glória, é a Santa Ressurreição.
- Vá às praças e nas ruas, vá aos montes e planícies;
Dai exemplo deste Amor como Eu sempre vos disse.
Aos pequenos lá da rua acolhei com muito amor
Carregai-os em teus braços sem nenhum temor.
Saciai a sede e a fome destes meus pobres inocentes
Praticai a caridade e viveis sempre contentes.
Hoje a vida renasceu vá pro mundo anunciar
Esta vida vem dar forças para o vosso caminhar -.
Anuncie na cidade, e anuncie no sertão
Hoje veio o Rei da Glória, é a Santa Ressurreição
Este fato comprovou, tudo, o que Ele dizia.
- Eu Sou a Voz do Pai, antes, do primeiro dia.
Quando tudo era um caos nosso Amor fez claridade
Um só Deus em três pessoas, a Santíssima Trindade -.
Vamos todos imitar o Amor do Bom Jesus
Receber a Tua Graça pra no mundo sermos luz.
Essa Graça é muito grande é maior que o nosso amor
Pois nela está a essência do Amor do meu Senhor.
Anuncie na cidade, e anuncie no sertão
Hoje veio o Rei da Glória, é a Santa Ressurreição.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
“RETALHOS” em PENSAMENTOS
ROÇA
No orvalho, menino, cachorro, cavalo e gato.
Todos no trilho, juntos, atravessavam o pasto.
Depois do menino, com muito olfato,
Um após o outro, comia no mesmo prato.
AMANHECER
O galo encima do poleiro, bate as asas, estufa
o peito e abre o bico, anunciando madrugada,
as galinhas saltam ao chão, cacarejam querendo
milho. A vaca berra (muge) chamando o bezerrinho
para mamar . Os passarinhos gorjeiam fazendo
algazarra, anunciando um novo amanhecer.
AMOR; NO CASAMENTO
Amor mútuo, dedicação, renúncia, entrega. A qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer lugar, é bom estar juntos. Na cozinha, sozinhos, ajudando ela, os braços se esbarram, e os olhares se cruzam. No jardim plantando as flores, os corpos se esfregam e dá uma sensação maravilhosa, tão gostosa como os perfumes que das flores exalam. À noite a conversa toma um tom de enamorados.
Derrepente, o silêncio, igual quando nos vimos pela primeira vez. Este silêncio atravessa nossos corpos como um raio de luz. Por fim, as carícias; vamos dormir. Acontecem coisas maravilhosas; somos noivos eternamente! .
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
REZANDO COM MARIA
1) Oh Virgem pura, Rainha do povo
Um caminho novo ensinai-nos seguir.
Teu filho Jesus verdadeiro caminho,
Oh Mãe, com carinho, ajudai-nos à ouvir.
2) Meu canto, minha voz é de amores
Senhora das Dores quero te louvar.
Seguindo Jesus através de Maria,
Minha estrela-guia, aprendi a amar.
3) Eu sou teu filho, Maria mãe santa
Tua beleza me encanta, me faz refletir.
Contigo Maria sempre ao meu lado,
À ti consagrado, aprendi a servir.
4) Rainha da luz, Estrela brilhante
Num gesto triunfante, à Jesus concebeu.
E Cristo Jesus nosso bom Salvador,
Num gesto de amor, tua Mãe nos deu.
5) Senhora Assunção, mais pura que o mel,
Deus abriu o céu pra te receber.
Anjos e Arcanjos num cortejo celeste
Livrou do terrestre, quem soube viver.
6) Por isso é que eu louvo com todo fervor,
Com todo amor a Ti mãe querida.
Aprendi com Teu Filho, amar os irmãos.
Mandai as bênçãos, pra nós nesta vida!
(NT. Este poema eu memorizei, participando da coroação de Nossa Senhora da Assunção, na igreja matriz do Distrito de Cascalho em Cordeirópolis (SP) em 15 de Agosto de 2001).
Quando o Pai Eterno vier me buscar
_________________________________________________________________________________Tua beleza me encanta, me faz refletir.
Contigo Maria sempre ao meu lado,
À ti consagrado, aprendi a servir.
4) Rainha da luz, Estrela brilhante
Num gesto triunfante, à Jesus concebeu.
E Cristo Jesus nosso bom Salvador,
Num gesto de amor, tua Mãe nos deu.
5) Senhora Assunção, mais pura que o mel,
Deus abriu o céu pra te receber.
Anjos e Arcanjos num cortejo celeste
Livrou do terrestre, quem soube viver.
6) Por isso é que eu louvo com todo fervor,
Com todo amor a Ti mãe querida.
Aprendi com Teu Filho, amar os irmãos.
Mandai as bênçãos, pra nós nesta vida!
(NT. Este poema eu memorizei, participando da coroação de Nossa Senhora da Assunção, na igreja matriz do Distrito de Cascalho em Cordeirópolis (SP) em 15 de Agosto de 2001).
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
RIACHINHO DA MINHA TERRA
Eu voltei na minha terra
Fui rever como é que era
O rincão onde eu nasci.
Tudo estava tão diferente
Não encontrei àquela gente,
Grande dor então senti.
Vi o riacho correr mansinho
Vi no poço alguns peixinhos,
A saudade aumentou.
Relembrei meu velho pai
Pois ali, tempos atrás,
Neste poço ele pescou.
Água boa, bela e clara
Refletiu a minha cara:
No passado, um menininho.
No reflexo, qual um mergulhão,
Mostra o rosto de um ancião,
Hoje, as águas do riozinho.
A água corre entre o capim
Deixando um sulco dentro de mim
Das lembranças de menino.
Oh riacho, com seu fio-d’água,
Vem lavar a minha mágoa,
Depois segue o seu destino.
Mas nem tudo é sofrimento.
A vida tem bons momentos
Para quem cultivar o amor.
Então, eu olhei para frente
Vi meu neto brincar contente
No riacho do bisavô.
Essas águas vão pro mar
E unidas vão levar,
Com certeza, a minha dor.
Minhas lágrimas lavaram
Os meus olhos clarearam,
Já não sou mais sofredor!
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SANTA MARIA, MÃE DE JESUS
Maria, Ave Maria,
Salve Maria, Santa Maria
Maria, Ave Maria,
Salve Maria, Santa Maria
Maria, que nasceu em Nazaré
Maria nasce Santa, porque é
Maria, graciosa filha de Javé
Maria cultivou a sua fé
Maria, prometida pra José
Maria, diz sim ao Anjo, isto é
Maria vai gerar o Emanuel
Maria conturbou-se, e via tudo sob véu
Maria, coração doce qual um mel
Maria acredita e não joga nada ao léu
Maria foi ao encontro, do Batista e Izabel
Maria, seu coração uniu a terra com o céu
Maria sofreu tanto como quem
Maria, com teu povo andou também
Maria, da montanha, foi muito além
Maria, Te hospedar, não quis ninguém
Maria pôs no colo o seu neném
Maria, jovem mãe, lá em Belém
Maria, com o profeta, Ele, foi bendito
Maria, com o seu coração aflito
Maria, para fugir do rei maldito
Maria, família santa, foi para o Egito
Maria, Jesus fez a obra que seu Pai tem dito
Maria, entre os doutores, o teu Filho fez bonito
Maria, Ave Maria,
Salve Maria, Santa Maria
Maria, Ave Maria,
Salve Maria, Santa Maria
Maria, a teu pedido, viu Jesus abençoar
Maria, a água pura em bom vinho transformar
Maria sentiu uma espada de dor à transpassar
Maria, teu coração, que viveu só para amar
Maria, com grande dor viu o Seu Filho passar
Maria, na via sacra, com uma cruz a carregar
Maria, em Jerusalém foi o teu calvário
Maria abraça o Filho envolto num sudário
Maria acolheu o apóstolo que estava temerário
Maria recebe o Espírito Santo, qual um Sacrário
Maria, Tu ensinas eu ser mais solidário
Maria, Oh Virgem Santa do rosário
Maria, Santa Mãe do Cristo Jesus
Maria transforma em amor, essa grande dor da cruz
Maria, a intercessora, para o cristão é uma luz
Maria, aurora radiante, nossos males reduz
Maria congrega o teu povo, ao bom caminho conduz
Maria, nossa mãe bendita, nos leve à Jesus
Maria da Graça, da Glória e Assunção
Maria é mãe dos aflitos, e é consolação
Maria rogue pelo pobre e por meu irmão
Maria, mãe da igreja, e da evangelização
Maria, amor e carinho, ternura e afeição
Maria proteja teu povo, criança, adulto e ancião.
158
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SANTOS REIS
Santos Reis aqui chegaram, ai, ai
Cansados de viajar, ai, ai
Na bela e longa jornada, ai, ai
Vem sua casa visitar, ai, ai
Vem pedir a sua esmola, ai, ai
Veja lá se pode dar, ai, ai
Vem trazer a alegria, ai, ai
E também te abençoar, ai, ai
Deus menino hoje nasce, ai, ai
Na cidade de Belém, ai, ai
Mas eu sei que hoje aqui, ai, ai
Ele vai nascer também, ai, ai
Deus menino sempre nasce, ai, ai
Na cidade ou no sertão, ai, ai
Na manjedoura do teu peito, ai, ai
Dentro do teu coração, ai, ai
Vinte e cinco de dezembro, ai, ai
A santa hora chegou, ai, ai
Os Anjos anunciaram, ai, ai
Até o galo cantou, ai, ai
Bem longe da povoação, ai, ai
Nasce Deus na noite fria, ai, ai
Nasce a Sagrada Família, ai, ai
Jesus, José e Maria, ai, ai
Santos Reis abençoaram, ai, ai
Jesus seja o vosso guia, ai, ai
Deus proteja o ano inteiro, ai, ai
Sua distinta família, ai, ai
Santos Reis agradeceram, ai, ai
A oferta recebida, ai, ai
Deixa a paz na tua casa, ai, ai
Da Senhora Aparecida, ai, ai
A mensagem que deixamos, ai, ai
Guarde no teu coração, ai, ai
Proteja órfãos e velhos, ai, ai
Cumprirás tua missão, ai, ai
Santos Reis vão despedindo, ai, ai
Já vamos nos retirando, ai, ai
Vamos seguir o caminho, ai, ai
Pra voltar no outro ano, ai, ai
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
Saudade da infância
Quanta saudade eu tenho da infância
Pois, com ela vive a saudade de meus pais
Quanta saudade eu tenho dos campos
Quando eu relembro dos animais
Hoje eu choro por esta saudade
Porque aquele tempo, não volta jamais.
De madrugada, cuidava do gado
E a cavalo eu ia montar
Meu pai seguia para lavoura
E com meus irmãos eu ia brincar
Bem à tardinha meu pai voltava
E lindos causos pegava contar
Lá na igreja daquele bairro
A casa de Deus que nos confortava
Sempre aos domingos, dia abençoado
A família inteira juntinha rezava
Para agradecer ao Bom Deus do Céu
E à Virgem Mãe, que nos ajudava.
Com meus colegas, na pescaria
Quantas belezas naquele regato
A turma brincava e armava arapuca
Como era gostoso o cheiro do mato
Na minha velhice, tudo isso é um sonho
Mas sinto alegria, porque foi de fato.
Como eu queria voltar ser criança
Pois a saudade ainda vai me matar
Agora com minha idade avançada
Com meus netinhos, voltei a brincar
Mas logo, também, eu vou deixar saudade
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SAUDOSA MÃE (AURÉLIA PARO TONUS)
Mãe hoje visitei, no cemitério
Seu túmulo simples, mas bem cuidado.
Sobre ele, sua foto e seu nome bem gravado.
Ajoelhei-me e meditei este mistério.
Lembrei-me do seu tempo já passado...
Com suas mãos, a me fazer carinho.
À noitinha, com sua voz assim baixinho
Embalava-me num sono sossegado.
Cuidava bem do lar, fazia a roupinha nossa
Na lavoura trabalhava, naquele sol escaldante.
Até nas privações era lindo o teu semblante
Mãe, com muito amor zelava da vida nossa.
Ao meditar não estranhei, é tão singela
Sua sepultura sem flores e sem a luz de vela.
Neste encontro de amor, bem mais profundo
Senti que a tua luz é o maior lume,
E de todas as flores, você é o maior perfume,
Alma santa, da melhor mãe deste mundo.
Zenaide.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SAUDOSO PAI (GUERINO TONUS)
Pai hoje visitei, no cemitério
Seu túmulo simples, mas bem cuidado.
Sobre ele, sua foto e seu nome bem gravado.
Ajoelhei-me e meditei este mistério.
Lembrei-me do seu tempo já passado...
Com suas mãos, a me fazer carinho.
Se eu chorasse já me dava um docinho.
Com minhas artes, nunca vi ficar zangado.
Cansado nos trazia o pão da roça
Calejado da ferramenta, no sol escaldante.
Mesmo nas privações era lindo o teu semblante.
Pai, com muito amor zelava da vida nossa.
Ao meditar não estranhei, é tão singela
Sua sepultura sem flores e sem a luz de vela.
Neste encontro com amor celestiais
Senti que a tua luz é o maior lume,
E de todas as flores, você é o maior perfume,
Alma santa, deste que é o melhor dos pais.
Zenaide.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SUAVE COMO UM BÁLSAMO
A tarde termina. O dia expira, a noite desce. Ave Maria.
A natureza veste-se das cores belíssimas do crepúsculo. Vai formando uma brisa suave, tanto quanto é suave as carícias de uma mãe. O ar parece impregnado de uma calma e é um refrigério sobre as almas igual um bálsamo. Ouvem-se os sons melodiosos que, convidando à meditação, brotam do campanário. Essas ondas melodiosas têm o poder divino de animar as forças do espírito abatido. Essa suavidade celeste penetra os lares dos abastados que acostumaram esquecer do céu e com a mesma intensidade adentra os lares dos pobres vergados para a terra pelo sofrimento. Suavidade refrigeradora que visita, tanto o intelectual no seu escritório, como o operário que deixa a oficina ou a indústria alquebrado pela canseira do dia. Essa paz suave do anoitecer percorre os campos, as roças e as moradias dos lavradores e desliza pelo horizonte até chegar ao mar para falar do céu aos pescadores que voltam com seus barcos. Ave Maria, hora sagrada, fonte de fé, de amor, e de certeza para todos que acreditam em Jesus e recorre à proteção e intercessão de Sua Mãe Maria Santíssima. Ave Maria, calmaria suavizante, fonte de esperança para os habitantes desta terra ingrata que se sentem abatidos porque não se refugiaram no manto da Virgem Santa. Ave Maria, brisa que passa pelo grande descampado carregando consigo vozes melodiosas de Anjos à nos lembrar; Deus é grande, é poderoso, é o dono do sol, da lua e das estrelas. Dono do dia e da noite. Meu dono, meu Deus e meu Pai!
Americana, 27/11/2001
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SESSENTA ANOS DE VIDA
A vida segue, segue, corre sempre,
Não pára nunca um só momento.
Tem hora que é festa e alegria,
Mas tem hora que é dor e sofrimento.
Lembro-me bem, até parece ontem,
Nós irmãos, na família, ainda crianças.
O pai e a mãe eram também jovens.
Muito trabalho; mas, saúde e esperanças.
A Lídia, moreninha muito linda,
Vestia sempre uma boa e linda chita.
Atraente e cobiçada pelos jovens.
Daquele bairro, ela era a mais bonita.
Ela é a primeira da irmandade,
No dia dez de outubro ela nasceu:
Na sua vida colheu muitas primaveras,
A de sessenta, neste dia floresceu.
Que o Pai celeste agora te abençoe,
Muita saúde e alegria, eu te desejo.
Que a Virgem santa te proteja e ampare.
Parabéns, felicidades e um grande beijo.
Americana, 10 de outubro de 2001
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SONHO DE PAPEL
Muita linha já gastou
Meu papagaio de papel
Vai subindo, vai subindo
Está pertinho do céu.
Eu fiz ele colorido
Pra subir lá nas alturas,
Pois no sonho de menino
Há também, grande aventura.
Nos meus sonhos de criança,
Vou subir até ao céu,
Junto com meu papagaio,
Papagaio de papel.
Vou subindo pela linha
Pois eu tenho a esperança,
Lá no céu eu vou brincar
Com Jesus, o Deus-criança.
Nas alturas sou feliz
Sou igual um papagaio,
Com Jesus me protegendo,
Lá do céu sei que não caio.
O papagaio está voando
Tão sereno e sem labéu,
Deus menino, dá mais linha
Para ele entrar no céu
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SONHO LINDO
Na estrada da minha vida,
Eu parei para descansar.
Num relance eu recordei a minha infância.
Quantas saudades eu senti,
Revivendo aqueles tempos.
Eu brinquei no monjolinho e no riacho,
Ao lado do vovôzinho.
Era o tempo de criança.
Meus avós eu vi conversando
Lá na casa, na varanda.
Lá na curva do caminho,
Onde todos com seus lencinhos,
Davam sempre a despedida.
Eu brinquei lá no terreiro
Junto com meus coleguinhas,
Na grande roda de ciranda.
À tarde no pátio, a brincadeira,
Girando-girando, a gangorra em suas asas.
Nuvens brancas florindo o horizonte.
No esplendor, ao ver o sol chegar nos montes
Traçando seus raios avermelhados,
Misturando com aquele pó
Da velha estrada boiadeira.
Num instante eu acordei,
Com a brincadeira, sorrindo.
Alegre, triste, sorri, chorei.
Nessa hora eu me vi rodeado de crianças.
Aquele velho avô era eu,
Que dormindo até sonhava
Com os tempos já passados.
Este sonho foi tão belo,
Pois ainda sou criança.
AMERICANA, 07/07/1981
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
TEREZINHA
Terezinha, nome que eu gosto
Terezinha é minha irmã.
Com minha idade, hoje, sou noite
Idade dela, ainda, é manhã.
Da casa, sou o filho primeiro
E ela é a irmã caçulinha
É tão linda como uma flor
Esta minha irmã Terezinha.
Moramos sempre distantes.
A vida sempre assim quis.
Mas, no coração e pensamento
Nunca apartamos da nossa raiz.
Ela é um anjo e me respeita
E eu sempre lhe tratei bem.
Em mim, ela vê papai.
E nela vejo, mamãe também.
Ela trova uns bons versos
E me manda com carinho.
A peteca não deixo cair
E lhe mando um trovadinho.
Com alegria ela me disse
Que vai mudar lá pra Cravinhos
Quem sabe, Deus ajudando
Poderemos ficar pertinhos.
Da mamãe Sebastiana, amor e saudade
Lembrança e saudade, do papai Ezequiel
Com a graça de Deus, eu peço pros dois
A nossa família abençoe do céu.
Nestor de Oliveira.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
CÃO TISIU
Um menino com esperança
E um cão cor de carvão
Lado a lado nas andanças
Eu tenho recordação.
À roça era o destino
Os dois naquele estradão
O cão protegia o menino
E o menino estimava o cão.
Tão bela, nossa amizade:
Dois seres da criação.
Quando eu ia pra cidade
Me esperava no portão.
Valente e amoroso
Era este cão tiziu
Pra defender foi corajoso
Ladrão nunca insistiu.
Comer e beber na roça
Na marmita e garrafão.
O cão bebia na poça
E comeu na minha mão.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
PARECE, MAS NÃO É...
Eu tenho um serrote
Que não serve para serrar
Na sua vida inteira
O que ele fez foi só nadar.
Eis agora me perguntam
Que serrote que ele é,
Eu respondo pra vocês,
É “costa-de-jacaré”.
Passou bem na minha frente
Um pé grande sem sapato
Fez um poeirão na terra
Mas não deixou nem seu rasto.
Levou tudo no seu peito
Foi bravio e violento.
Eu não pude segura-lo
Porque era um “pé-de-vento”.
Eu vi uma boca linda
Sem batom e sem pintura
Ela envolveu o dia
Com carinho e com ternura.
Tão calma, tão bela e meiga
Foi chegando sem açoite
Quando eu pensei em beija-la
Vi que era “boca-da-noite”.
Tive um sonho, interessante:
Lá no céu não pude entrar,
Ele era tão pequeno,
Não havia mais lugar.
Ia falar com São Pedro,
Acordei com a voz rouca.
Foi aí que eu percebi:
Machuquei o “céu-da-boca”.
Moça bonita é gatinha,
Moço lindo é um pão
Trabalha, muito, o relógio.
Grande pulo é do sapão.
Quando chega no açougue
Carne do boi vira vaca.
Pobre brigando com rico
“Da murro em ponta-de-faca”.
Americana, 15/06/2001
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
COMIDA BOA
Eu hoje vou comer, comer,
Comer até enjoar,
Comer comida boa
Pois não quero engordar.
Comer feijão com arroz,
Batatinha e jabá
E pra acalmar os nervos
Eu tomo maracujá.
Pra mim comer eu quero,
Um peixe que vem do mar,
O peixe é alimento bom
Pra saúde conservar.
Vou comer abobrinha,
Mandioca e cenoura,
Comer milho cozido
Que eu trouxe da lavoura.
Vou comer muita raiz,
Muito grão e a semente,
O fruto da terra é bom
Não deixa eu ficar doente.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
AMOR E PAIXÃO
Se a paixão é um touro bravo
No amor sou campeão
Dou amor e quero amor
Eu não quero só paixão
Nesta vida de peão
Do seu lombo eu não caio
Burro xucro pula muito
Mas de cima eu não saio
Com o chapéu na mão direita
E as esporas nas virilhas
O bicho pula e sai fungando
E eu suporto vários dia
Quando um touro é valente
Eu prendo dentro da xiringa
Pra mansar eu uso reza
Não preciso de mandinga
Estou no lombo, o couro é liso
Mando abrir bem a porteira
A Mãe de Deus está comigo
- Aparecida; do Brasil é padroeira
O que machuca o coração
É o olhar desta menina
Seus olhinhos são bem claros
E sua pele é cristalina
Seu corpinho de boneca
Está me deixando louco
Ela só me dá paixão
Seu amor é para outro
Pra mansar um touro bravo
É preciso ter talento
Todo amor desta loirinha
Eu tenho merecimento
Vou lutar e vou vencer
Ganharei teu coração
Vou ficar com o teu amor
E meu rival com a paixão.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
Usina Carioba ll
Acompanho-o há muito tempo, e gosto do seu modo de pensar e de formar opiniões. Lendo o editorial de hoje (25/04/2001) senti-me, também, no dever de, como americanense (por opção) que sou, fazer uma pequena exortação aos meus concidadãos.
Parabéns Dr. Jessyr Bianco!
Americana está precisando de vários homens, honestos, atuantes e de bom senso como o senhor. Acredito que, mais uns dez homens honrados levantando a mesma bandeira que o senhor levanta, bastariam, para levar o povo a formar uma única e verdadeira opinião (consciência) que varresse de vez a corrupção que volta e meia quer imperar em nosso meio.
Um povo unido e consciente, também, desmantelaria a falsa ideologia de alguns que querem entregar (?) o nosso ar, nossa saúde, nossa santa (e escassa) água, privando assim, nós, nossos filhos, netos e bisnetos etc. destes bens e dons que Deus nos dá gratuitamente pelo seu Amor.
Talvez, esses “idealizadores” irão possuir propriedades em outras cidades bem longe de Americana, onde, desfrutarão de ar puro, e descansando em suas poltronas assistirão o noticiário da TV mostrando nossos filhos, netos e gerações futuras morrendo asfixiados com várias doenças pulmonares; e outras mais que, com certeza, virão.
Americanenses, acordem! para não chorarem depois, de arrependimento!!!.
Americana, 25 de abril de 2001
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
CHÃO MOLHADO
Preparei todo o roçado
Da minha grande seara,
Ajuntei toda a coivara
E botei fogo pra queimar.
Já arei todo este chão
Vou lançar logo a semente,
Este ano estou contente
Não vou mais desanimar.
Sei que vai haver fartura
Neste ano, estou prevendo,
Do jeito que está chovendo
A colheita vai ser boa.
Já sofri muito desgosto
Com a seca no sertão
Mas, este ano vai ser bom
Eu sei que vou rir à-toa.
Já passou o sofrimento,
Hoje a mesa será farta.
Não tem fome; terá pão.
Não tem fome; terá pão.
É bem grande o sofrimento
Do caboclo lavrador,
Que trabalha no calor
E vê a terra ressecada.
Mas, assim, no chão molhado
A semente vai brotar,
Vai dar fruto e vai granar,
Nem a dor será lembrada.
A colheita sendo grande
Vai encher o terreirão,
Será festa no sertão
E haverá grande louvor.
Com a safra no celeiro
O lavrador, um homem forte,
Que na luta enfrentou a morte
Louva a Deus Nosso Senhor.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
As Cores da Minha Tropa
Vou dizer nestes meus versos
Coisas simples e diferentes.
A idade de um bom cavalo,
O comprador vê pelos seus dentes.
Variadas são as cores
Dos cavalos que eu conheci.
Tem o branco inteirinho,
Mas poucos desses eu vi.
O preto, inteiro, é uma cor bonita.
Mas não é fácil de se encontrar.
Sempre surge uma cor no meio,
E vem com o preto misturar.
O pêlo castanho, nos cavalos,
É a cor que mais se manifesta.
Cavalos de pêlos de cor castanho
Têm uma estrela branca na testa.
O tordilho quando é novo
Tem o pêlo acinzentado.
E se transforma em pedrês
Quando fica mais erado.
Tem o pêlo acastanhado claro,
O bom cavalo alazão.
Toda sua crina é amarelada,
É um baita cavalão.
Cavalo pinhão é quase preto
Com uma listra branca na testa.
Ele chega e ganha a atenção,
Pode crer, ali tem festa.
O pedrês é chumbadinho
Bonito pra se olhar,
Quando novo ele era tordilho,
É muito bom pra trabalhar.
Branco e castanho é o pampa,
Seu corpo é todo malhado.
Forma desenho, a sua cor,
Parece que ele foi pintado.
O cavalo come capim
E gosta muito de milho.
É preto chumbadinho de branco
Esse aqui da cor rosilho.
Castanho claro com manchas brancas
É esse o cavalo bragado,
Com listra branca na testa,
É um cavalo afamado.
Igual a cor de um rato grande
É a cor do cavalo libuno.
Montar no cavalo e passear,
Com esta alegria eu me uno!
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
VAIDADE
Vaidade, nada é mais
Que uma bexiga de vento,
Quando sobe demais
Desaparece ao relento.
É como bexiga pomposa,
É toda oca por dentro,
Basta um espinho de rosa,
Para um estouro violento.
É um sorriso safado
Que sorri pra não chorar,
Mostra um bem camuflado
Para o mau não mostrar.
Vaidade é bolha de sabão
Com sua cor disfarçada,
Apenas um assoprão,
Some sem deixar nada.
Vaidade é como rojão,
Para brilhar ele sobe.
Melhor, ficasse no chão,
Porque lá encima ele explode.
Vaidade é camaleão
Não sabe como ficar.
Não ama nenhum irmão,
Só pensa em nele pisar.
Não deveria existir
Essa tal de vaidade,
Ela não deixa evoluir
A santa fraternidade.
Vaidade das vaidades
Vê se tu vai embora,
Vaidade das vaidades
Vá logo e não demora.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
VEJO DEUS
Vejo Deus, na terra / vejo Deus, na água / e vejo Deus, no ar.
Vejo Deus, no coração humano / e vejo Deus, no respirar.
E também na brisa mansa / e na furiosa onda do mar
Na chuva fina caindo / e nas cores viva de uma flor
Tudo é benção de Deus / demonstrando o Seu amor.
Vejo Deus, no canto de um pássaro / e na alegria de um irmão
Na semente germinando / na sabedoria de um ancião
No sorriso de uma criança / e num belo amanhecer
Nas águas, calmas, de uma lagoa / ou num rio, grande, a correr.
Vejo Deus, na abelha sugando a flor / e na imensidão do mar
Num bonito entardecer / ou vendo a noite chegar
Também nas altas montanhas / e na amplidão de um vale
No perfume de uma flor / e no bem vencendo os males.
Vejo Deus, nas flores do jardim / na grande árvore da floresta
Vendo o gado ruminando / ou nos passarinhos fazendo festa
Numa noite enluarada / ou vendo as estrelas brilhar
No vento gemendo nas árvores / e num sertanejo à cantar.
Vejo Deus, na noite escura / e no piu-piu dos pintainhos
Numa roda de crianças / ou num casal já bem velhinhos
Também no fogo quente / ou quando olho para o sol
Ao vislumbrar no horizonte / vejo Deus, ser meu farol.
Vejo Deus, na fonte borbulhando / e no correr de um riozinho
No cantar de um sabiá / e no berro de um bezerrinho
Numa grande cachoeira / ou olhando o cruzeiro do sul
No amor-doação de um casal / e quando eu olho o céu azul.
Só não vejo Deus, no homem matando homem!!!.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
PAZ; NA GRAÇA DO SENHOR
Se você perdeu a graça de viver
E não tem ninguém, nem mesmo um irmão,
Que aceite amenizar a tua dor.
Venha para mim deixe-me ajudar-te.
Vem pra relembrar, que eu não te esqueci,
E que jamais te negarei o meu amor.
Se você não tem aquela doce paz,
E não tem ninguém, nem mesmo um amigo,
Que possa lhe trazer a graça que ela traz.
Venha pros meus braços, vou te carregar,
E descobrirá numa oração,
Que tens um Deus, e que jamais te esquecerá.
Ouçam filhos meus, vós que estais angustiados
E já sem esperança de encontrar a paz.
Ouçam todos vós que ainda não confiam,
Na cruz vos prometi; e vos trair: isso jamais!
AMERICANA, 22/01/2002
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
VISLUMBRANDO A FÉ
A fé é como o cantar de um pássaro em noite escura, você não o vê, mas escuta.
A fé é como a dor intensa, você não a vê, mas você sente.
A fé é como a confiança que um filho (criança) tem ao pular nos braços de seu pai.
A fé é como a energia elétrica, você não a vê, mas senti o resultado.
A fé é como uma jornada em noite escura, mas, com a certeza que horas depois o Sol raiará à sua frente.
A fé é um Dom de Deus, que lhe é dado, para você entender a razão de sua existência.
A fé é encorajadora, animadora e prudente; não é medrosa e nem covarde.
A fé é confiar e esperar tudo
Como um riacho leva a água para o mar, assim também, a fé levará o homem para Deus.
Como brilham as estrelas em noite escura, igualmente brilhará, as obras daqueles que tem fé
Americana, 22 de novembro de 2001
-Hoje estou completando 55 anos de idade-
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SABEDORIA DE UM ANCIÃO
A alegria da cansada velhice
É olhar nos seus frutos e dizer isto:
Estou a um passo da vida gloriosa,
Viverei juntinho ao meu Jesus Cristo.
No livro sagrado o salmista diz:
A tarde será dominada pelo pranto,
Mas quem domina a manhã é a alegria.
Por isso é, meu Deus, que eu Te amo tanto.
O Senhor me dará as asas da pomba
E eu voarei para o lugar da quietude.
Meu corpo está cansado e arquejado pelos anos,
Mas, meu espírito goza, hoje, boa saúde.
O Senhor me ensinou neste caminho,
Que vos agrade mais ser amado do que temido.
O amor torna doce mesmo às coisas ásperas
E leves de carregar o que não foi prevido...
Mas ao contrário, se tu for sempre malvado,
Maldade é coisa que fazer não deves,
Pois neste caso se de ti tiverem temor,
Tornar-se-á intolerável até as coisas leves.
Árduos são os dotes dos que vão guiar o povo
Nos bons caminhos para chegar até a Deus.
Sábio é o guia que usa a humildade e a bondade,
E na oração souber reger o povo seu.
Saiba usar com firmeza suas palavras,
Como Cristo ensinou a ser cristão,
Seja calmo e paciente ao ordenar,
Use a prudência, a afabilidade e a compreensão.
Porque não é na força de um vento poderoso,
Nem no abalo do terremoto achará,
Mas no sussurro de uma brisa tão suave,
É onde o meu Senhor e Deus está!
Americana, 22/12/2001
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
AO (A) MESTRE (A); COM CARINHO
Quinze de outubro é, assim, proclamado
Ao mestre querido e batalhador.
Operário fiel, professor dedicado,
Faz da profissão sua oferta de amor.
Todo saber tem que ser repassado,
À quem nada sabe; disse um dia Jesus.
Sublime missão é, a do professor,
No escuro da mente ascender uma luz.
Brilhante idade, fantástica infância.
Na sala da escola, a mestra querida
Ensina-nos a ler, ser bons cidadãos
Amar nossa pátria e respeitar a vida.
Sua voz é igual um clarim de orquestra,
Com clareza e fé, transmitindo amor.
Nos mostra o caminho e desvenda horizontes.
Transforma o inculto em futuro doutor.
Garboso e valente é o, herói, professor.
Sua arma é a caneta, o giz e a fala.
Na luta diária vai abrindo idéias,
Sua trincheira é o livro na sala de aula.
Aos professores, minha oferta, meu canto.
A eles dedico minha gratidão.
Heróis desta pátria, sem farda ou medalha,
São bravos soldados da educação.(15/10/02)
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
MELODIA & PAZ
A viola e o pandeiro
A sanfona e o seresteiro
Boa cantiga de amor
O violão e o teclado
Um piano bem tocado
Num acorde animador
Vem alegre o bandolim
Chega assim perto de mim
E a música acontece
Também vem o violino
E o sineiro toca o sino
Anunciando a grande prece
Este som melodioso
Deixa a gente mais garboso
Pois alegra o cantador
Nossa paz não é quimera
Só alcança quem espera
Diz assim o trovador
A cantiga eleva a alma
Como um bálsamo ela acalma
Ela é suavidade e luz
Vamos juntos irmanados
Todos somos convocados
Para a orquestra de Jesus.
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SER COMO CRIANÇA
Eu era um sonho, e fui semente.
Um dom divino, e um sonho humano.
Grande esperança de um amor recíproco
Eu, papai, mamãe; e Jesus nos completando.
Foi sofrimento, grande dor e muita lágrima.
Longa espera, angústia e incerteza.
Depois da dor; ouve o choro, que alegria.
Eu nascia, tão robusto; que beleza.
Eu quis ser luz e caminhei neste caminho.
Deus faz a estrada, mas não faz o destino.
Mamãe bondosa abençoou-me e pôs-me brilho
Sou caminheiro, mas, ainda sou menino.
Papai me disse: seja forte e lute sempre
Mas, seja um menino, como a rosa em botão.
Promova a paz, a liberdade; seja uma seta.
Faze tua vida ser exemplo a teu irmão.
Pra que ser grande (?), melhor é ser menino!
Grande, somente, deve ser minha esperança.
Jesus me disse: lá no Reino do meu Pai
Para entrar, tem que ser como criança.
NESTOR DE OLIVEIRA FILHO
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
A BOA PLANTA, BOM FRUTO DÁ
Velho querido senta-se um pouco aqui comigo. Vamos, eu sei que você tem muitas coisas para contar da nossa vida. Dê-me sua mão, me deixe aperta-la, deixe que ela me abençoe mais uma vez. Olhe como é bela a sua mão. Sabia? Quantos poemas esta mão já escreveu...! Poemas de amor, de sacrifício, de gratuita doação. Você sabe, querido velho; os versos mais belos e cheios de vida, se escreveram nas areias calmas das praias abertas dum jovem coração, como o seu. Vejo seu lindo rosto, velho querido, que o tempo tantas rugas nele plantou. Deixe minhas mãos sentirem o contato de seus cabelos brancos, num gesto de carinho e gratidão, pelos muitos carinhos que você me deu. E esses seus olhos brilhando, parece sonhando acordado, em um sono cochilado em tardes de outono. Com quem sonham teus olhos? Com coração, com pessoas queridas, companheiras de caminhada? Com corações amigos, num sonhado abraço! Com almas irmãs, tão longe, talvez, mas, sempre tão perto. Perdoe-me por eu profanar, assim, o sacrário de suas coisas mais íntimas... . Sabe, velho querido, você é sabedoria acumulada, é caminho que nos leva ao rumo certo. Da família você é o ontem, mas, também o hoje, pois você é a história viva, e da sociedade a viva memória. Você é hoje o que amanhã serei. Agora vamos, deixe-me colocar a mão no teu ombro e coloque a tua no meu, vamos abraçados querido velho, caminhar juntos lado a lado como amigos, num só abraço como irmãos. Vamos, ainda há muito chão, há muita gente esperando a boa semente da sua vida, da sua fé e do seu amor.
Vamos querido PAI...!
- Vamos querido filho, com DEUS na frete!
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SAUDADE
Onde eu morei é Monte Belo
Doce rincão verde e amarelo
Venci na enxada um bom duelo
E dancei baile no terreiro
Eu trabalhei com braço forte
Com ferramenta de fino corte
Deus me ajudou e tive sorte
E fui feliz como roceiro
Na minha terra eu fui feliz
Separei dela, a sorte quis
Mas lá ficou minha raiz
Distante eu choro a orfandade
Quem já viveu naquele mato
Tem sempre em mente o seu retrato
No peito, a dor é qual infarto
Não tem remédio, choro a saudade
Pra minha vida ser o que era
Vou voltar logo pra minha terra
De braços abertos ela me espera
Chão abençoado é o meu rincão
Flor e floresta sinto o teu cheiro,
Vou partir hoje, sou caminheiro.
Pra ser feliz não há dinheiro
Vou ser mais eu no meu sertão
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
NOSSA SENHORA
Ave Maria vou cantar, venham comigo.
A estrada é longa, muita pedra e espinho.
O sol é quente, a força acaba; vem amigo
Da-me as mãos, já não posso andar sozinho.
Quero falar, vem comigo, me ajude
Falar com fé da Mãe de Cristo, o Jesus.
Mãe caridosa é a Senhora da Saúde.
Nos abençoe Nossa Senhora da Luz.
(Refrão)
Vamos rezar, vamos cantar, venham irmãos,
Pra Mãe do Cristo que nos trouxe a salvação.
Nossa Senhora mãe do povo sofredor,
Maria, Santa, de Deus é a mais linda flor. (bis)
Nossa Senhora também esteve no calvário,
Com fé e dor assistiu a redenção.
Venha curar-me, neste meu triste fadário,
Maria das Dores confortai meu coração.
Numa manhã, ao olhar no calendário
Recordei-me da Senhora Estrela Guia,
Fiz uma prece à Senhora do Rosário,
Oh! Mãe de Deus, nossa grande mãe Maria.
Vem livrai-nos, Mãe querida, da maldade
Que nos corrói, e oprime a nossa alma.
Vem, Te rogo; oh! Senhora da Piedade!
Trazer a paz, oh bonita Flor de Palma.
Bálsamo suave é a Senhora do Rocio,
Maria, Santa, nome doce qual um mel.
Aparecida, veio das águas de um rio,
Pra congregar-nos ao caminho para o céu.
Por minhas forças, sei que eu não conseguiria,
Com minha fé fraquejada pela dor.
Mas, minha esperança reviveu naquele dia,
Orando à Mãe de Jesus Nosso Senhor.
Brisa suave, o pensamento voa, embala,
Viajando ao léu vou ao encontro de uma Luz
Cena divina, tudo em volta ali se cala,
É a Mãe das mães, me levando até Jesus.
Hoje eu sei, a força que tem esta Maria
Que se doou toda inteira ao Teu Senhor.
Ela é a parte maternal de nosso Deus
Que é, Pai e Mãe, todo inteiro puro Amor.
A Paz é tanta quando se encontra este Deus,
Não mais se fala em sofrimento e amargura.
Sinto-me agora amparado aos braços Teus.
É o Criador, acolhendo a criatura.
Americana, 05/02/2002
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
TROPEIRO
Eu fui tropeiro no meu tempo de rapaz
Viajava pras Gerais, conheci o sul e o norte.
Sempre andando com o meu burro alazão
Foi este um tempo bom, nas viagens tive sorte.
Tocando a minha tropa hei, hei, hei, hei lá
Cortei muitas picadas, hei lá.
Eu enfrentava a chuva e o temporal,
No meio do matagal eu seguia sempre em frente.
Cruzava os rios, transpunha qualquer montanha
Gostava desta façanha e vivia tão contente.
Tocando a minha tropa hei, hei, hei, hei lá
Cortei muitas picadas, hei lá.
Descia a serra, em Angra beirava o mar
No céu um belo luar, a estrela me guiava.
Chegava logo na linda terra paulista,
Rezava pra Mãe Bendita que sempre me abençoava.
Tocando a minha tropa hei, hei, hei, hei lá
Cortei muitas picadas, hei lá.
Sempre cantando chegava ao berço tropeiro,
Querido chão brasileiro, cidade de Sorocaba.
Negócio bom saia nessas paragens,
E seguia com a viagem pra linda Piracicaba.
Tocando a minha tropa hei, hei, hei, hei lá
Cortei muitas picadas, hei lá.
No meu cargueiro, em todas essas andanças
Eu levava a esperança, meu Deus vai me ajudar.
Chegava alegre no destino derradeiro,
Ganhava muito dinheiro, e voltava pro meu lar.
Tocando a minha tropa hei, hei, hei, hei lá
Cortei muitas picadas, hei lá.
Chegando em casa depois de um mês inteirinho
Bem na curva do caminho meu amor já me esperava.
Pros meus filhinhos eu trazia bala e mel,
Para esposa um anel, e ali mesmo festejava.
AMERICANA, TERÇA-FEIRA, 26/02/2002
NESTOR DE OLIVEIRA FILHO
Nota: Esse tropeiro foi meu tataravô (Mariano Antunes), no ano de 1880, na cidade de Rio Claro (RJ).
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
CRIANÇA
Criança, com você a nossa vida é só alegria
Criança você bem sabe, tu és o fruto do amor
Criança você é a imagem do Deus menino
Criança é que faz os pais terem mais amor
Criança com os seus olhos molhados
Criança faz do coração do pai, o que querer
Criança com o seu jeitinho de inocência
Criança alegre faz seus pais sentirem prazer
Criança é como o orvalho de uma manhã
Que brilha quando a luz do sol vem aquecer
Assim é o coração de uma criança
Recebendo o amor do pai, vai florescer
Criança você é a paz do nosso mundo
Também no dia do amanhã, quando você crescer
Criança, hoje, é a ternura dos nossos dias
Amanhã, o que o pai plantou, você irá colher.
Americana, 12/10/1981
199
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
SOPAPO DO SAPO
Na conversa que eu ouvia
Era assim que eu entendia
Na lagoa, os sapos-boi
Alguém dizia: que era um
Outro: que era um mais um
Somando assim, ficavam dois
É um, é dois, é dois, é um, é um, é dois...
Mais adiante, no Iguaçu
Eu vi dois sapos cururu
Numa grande discussão
Foi sopapo para lá
Foi sopapo para cá
Mas não houve solução
Foi, não foi, não foi, foi, foi, não foi...
Engraçado foi outro dia
Eu encontrei um sapo-jia
No meio do taboal
Ele deu um pulo derrepente
Livrando-se de uma serpente
E se afundou no lamaçal
Desta vez não foi, não foi, não foi...
Não sou sapo-toleireiro
Sou apenas um brasileiro
No meu da corrupção
Pra sair da lamaceira
A minha nação brasileira
Tem que pular qual um sapão
Quem foi, não foi, não foi, quem foi...
200 - 201
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
PLEONASMO
Tem palavras esquisitas
Que são mesmo um marasmo.
Esta aqui é uma delas,
Essa tal de pleonasmo.
Porque eu entrei pra dentro,
Precisei sair pra fora.
Vi um cardume de peixes.
Nadando, eu nadei embora.
Percebi que estava sonhando
Num meu sonho sonhado,
Só quando eu acordei,
Depois que eu tinha acordado!
Depois de entrar pra dentro
E ver o sonho que sonhei,
Precisei sair pra fora
Com o choro que chorei.
Essas linhas que escrevi
Parece mais um sarcasmo.
Nada daqui eu entendi,
Nem essa tal de pleonasmo.
Não se sobe para baixo,
Nem se entra para fora.
Não falo o desnecessário,
Perdoe-me; já vou-me embora!
202
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
O MISTÉRIO DAS FLORES
Com as flores, sempre, estou a meditar,
Na Onipotência, transbordante de Amor.
O solo, a semente, a água e o calor,
Qual sangue, a seiva vai alimentar.
Eu sinto o perfume das flores no ar.
Tanto eu gosto, da flor de cravo ou canela.
No meu quarto eu posso olhar da janela,
E ver meu amor no jardim passear.
Ela é rosada igual um carmim,
O perfume da rosa é o perfume dela.
Qual à margarida minha amada é bela,
E às vezes parece com a flor de jasmim.
O espectro da cor, misturado, dá o encanto.
Amarelo com azul faz o tom verdejante,
Branco, azul e vermelho dá o rosa brilhante.
Mais vermelho; é a púrpura do sagrado manto.
Nesse mistério é que a vida aparece,
Porém, só compreende quem tem humildade.
Demonstra a essência do Amor de verdade,
De um Ser maior, que a promessa não esquece.
Americana, sexta-feira, 15 de março de 2002
203
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
ANIVERSÁRIO DA FAMÍLIA
Nestor de Oliveira Filho
Agradeço a Jesus Cristo pela grande família que nos deu.
Minha esposa, doce amada, grande companheira deste meu viver.
A família segue unida, numa grande luta, neste grande amor,
Existe a dor e o sofrimento; mas a alegria vai prevalecer.
Hoje é a grande festa e vai brilhar a luz da felicidade.
Bem unidos cantaremos o grande louvor desta nova idade!
Eu Nestor , ela Zenaide, e os quatro frutos desta união.
Nossos filhos são os prêmios que o Grande Deus nos presenteou,
Ezequiel, grande profeta; Maria, a maior, nos trouxe Jesus;
Nome santo é o de José; João e Paulo , em Cristo, evangelizou.
Bem unidos cantaremos o grande louvor desta nova idade,
Hoje é a grande festa e vai brilhar a luz da felicidade!
Deus que é todo poderoso é amor e graça desde o princípio,
À nós mostra o caminho, pra colher os frutos, nos dá esperança.
São os netos nossa glória de um grande amor que frutificou,
Gabriel, Vítor, Vinicius, Estêvão, Aline e Bruno : nos fazendo voltar na infância.
Americana, 17 de maio, 1o-ano do terceiro milênio.
204
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
CARIDADE = AMOR
A CARIDADE é, uma das maiores, DÁDIVA de Deus.
Ela supera a ciência, a fé, o entendimento etc...
Ela é uma parte de Deus manifestando-se através da criatura.
Esta dádiva eleva o humano à condição divina.
É através desta dádiva que se conhece o verdadeiro filho de Deus.
É impressionante e até assustadora: mas é ela que oferece a vida eterna.
Ela é um processo que leva à completa afirmação do Deus em você.
É uma interdependência no amor de Deus que envolve as pessoas.
O Amor é o mais forte do que tudo, até da morte.
O Amor de Deus estava à sua espera antes de ter nascido e o aguardará depois da morte.
Existem certas pessoas que são verdadeiras dádivas de Deus.
Maria foi uma das criaturas mais agraciada com esta dádiva.
Com esse espírito; aí sim; poderemos cantar aquela música de louvor (USA), que diz assim:
“Esta é uma dádiva para ser simples,
Esta é uma dádiva para ser livre,
Esta é uma dádiva para chegar onde deveríamos estar.
E quando encontrarmos no lugar exato,
Habitaremos no vale do Amor e das delícias.”
Americana, quarta-feira-santa, 28/03/2002.
205
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
CADEIRA DE BALANÇO
Nesta cadeira de balanço
Vi meu avô balancear
Sorridente, meigo e manso;
Contando causo e cochilar.
Eu o vi ali rezando
Traçando o sinal da cruz,
Todo o mal ia expulsando,
Sempre em nome de Jesus.
Na cadeira balançando,
Felicidade e alegria,
Era a vovó nos abençoando,
Do romper ao fim do dia.
Vi mamãe lá costurando
Balançando na cadeira:
- O seu rosário desfiando -
Foi uma grande bordadeira.
Também vi meu pai amado
Nela lendo o seu jornal,
E escrevendo o seu passado;
Grande obra, monumental.
Hoje eu vivo balançando
Na centenária cadeira.
É o filme recomeçando!
Protagonizo a brincadeira.
206
Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
A GRAÇA
(REFRÃO)
Como a água que corre,
Como a fonte jorrando,
É a graça de meu Deus
Sempre nos abençoando. (bis)
Esta graça é divina,
Ela é tão cristalina,
Ela vem do meu Senhor.
Ela é força que constrói,
Faz do fraco um herói,
É fraternidade e amor.
Este amor sacrossanto
Deste Pai que ama tanto
É suavidade e luz.
Gesto nobre tão sublime,
Grande Dom que nos redime,
Enviai a nós, Jesus!
Vem do céu este alento,
Penetra no pensamento
E enriquece o coração.
É tranqüilidade e calma,
Alimenta a nossa alma
À buscar a salvação.
207
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
TREM DA ILUSÃO
Nestor de Oliveira Filho
1)
O trem-de-ferro chegou na estação
E o maquinista começou apitar
Matei a saudade do meu coração
Pois, de trem-de-ferro eu fui viajar.
(refrão)
Funk, funk, funk o trem saiu mansinho.
Rangendo nos trilhos e soando o apito.
Desaparecendo nas curvas do caminho,
Nas belas paisagens daquele infinito.(bis)
2)
Alegria e festa eu levei na bagagem,
Mamãe e papai ao meu lado vão.
Assim memorizei esta bela imagem
Naquele comboio houve grande emoção.
3)
Tudo é fantasia, o sonho é de criança.
A realidade eu ainda não falei.
Antes de chegar no destino esperado,
Que infelicidade, neste instante acordei.
Americana, 04/05/2002
208
Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
CAMINHO DO AMOR
Foi por amor aquele olhar tão penetrante
Foi por amor que eu pensei em conquistar-te
Foi por amor aquele encontro lá na festa
Foi por amor aquele aceite de você
Foi por amor, naquela roda de ciranda...
Foi por amor que eu entrei em sua casa
Foi por amor aquele beijo, o primeiro
Foi por amor que em minha casa eu te levei.
Tão grande amor, foi aquele amor.
Foi por amor que nós entramos lá na igreja
Foi por amor que o padre nos abençoou
Foi por amor aquele ato com a aliança
Foi por amor aquele abraço caloroso
Foi por amor que lhe entreguei a minha vida
Foi por amor que tu me deste o coração
Foi por amor a formação de um novo lar
Foi por amor que fomos juntos lá viver.
Tão grande amor, foi aquele amor.
Foi por amor que foi chegando os filhinhos
Foi por amor que um a um alimentamos
Foi por amor, ao balançar eles ninaram
Foi por amor quando, ao rezar, abençoamos
Foi por amor que mãe e filhos me esperavam
Foi por amor que, envolta, à mesa nós sentamos
Foi por amor e acalento paternal
Foi por amor que ao chegar eu os beijavam.
Tão grande amor, foi aquele amor.
Foi por amor que algumas vezes, até, brigamos
Foi por amor que passo-a-passo nós seguimos
Foi por amor que durou tanto esta união
Foi por amor que conseguimos aqui chegar
Foi por amor que nós vencemos essa luta
Foi por amor, à graça da velhice santa
Foi por amor que eu adorei o meu Senhor
Foi por amor que eu aprendi ter esperança.
Tão grande amor, foi aquele amor.
Americana, 09/04/2001 / NESTOR DE OLIVEIRA FILHO
209 - 210
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
HERÓI LAVRADOR
Nestor de Oliveira Filho
Eu vi, quando ia, o caboclo matuto,
Caminhando no trilho do seu roçado.
Percebi como ele é bem absoluto
Sem um dia, na escola, ter estudado.
Tem na cabeça o chapéu de palha
E levando no ombro a sua enxada.
É o seu troféu, é a sua medalha.
Grande herói, da sua roça plantada.
Homem valente que vive na terra,
Faz revolução, na paz, sem a guerra,
Lançando a semente a fecundar no chão.
Olha pra chuva e põe toda esperança,
Vai alimentar o teu filho criança,
Pois vê o teu fruto transformar-se em pão.
05/07/2002
211
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
NAVEGAR; É PRECISO!
Nossa vida é um barquinho a navegar,
Nas águas correntes e nas águas do mar.
Há tempos que as águas são tão mansas,
Que fazem inspirarmos vitórias e esperanças.
Noutros tempos são águas bravias, torrenciais...
Que o barquinho não consegue sair do cais.
Transformando, neste tempo, a nossa vida
Numa angústia tão penosa e dolorida.
Quando o barco em águas mansas vai remando
E um bom vento, a favor nele soprando,
O leme é leve, o barco vai a alto mar.
Sempre em busca, a nossa vida vai em frente,
O importante é lançar boa semente,
E no regresso, trazer amor para ofertar.
212
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Nestor de Oliveira Filho Poemas de um sonhador
FILHO
Dos pais: Nestor e Zenaide
Para o filho: João Paulo de Oliveira
Meu filho, Deus que lhe proteja,
e onde quer que esteja eu rezo por você.
Eu quero ver você sorrindo,
sempre caminhando, enfrentando a vida.
Nunca se esqueça que tu tens uma advogada,
A Santa Mãe de Deus, Nossa Senhora Aparecida.
Ela sempre estará de braços abertos para receber os seus pedidos,
e apresenta-los a seu Filho Jesus. E Ele que é Pai,
lhe concederá todas as Graças necessárias para que tu sejas feliz.
Ame a Deus, às pessoas e a natureza.
Esteja sempre em contato com Deus, em orações.
Pratique a religião, (a santa religião CATÓLICA),
participe da santa Missa e da sagrada Eucaristia todos os Domingos. Deus te dará ânimo e forças necessárias para vencer. Seja prudente, honesto, corajoso, estude bastante. Reze muito. Evite os lugares onde o teu Eu achar perigoso, ou mesmo duvidoso, para uma pessoa de bem estar naquele lugar, naquela hora. Leve Deus na mente e no coração.
Seja sempre você mesmo.
Nunca deixe outra pessoa influenciar no seu proceder, no seu caráter. Tenha sempre o propósito firme de ser um vencedor.
Ao encontrar barreiras, que não serão poucas, ultrapasse-as, com coragem e determinação. Você é um vencedor: pense sempre nisso. Seu pai e sua mãe estarão todos os dias rezando e pedindo as Bênçãos de Deus sobre você. DEUS TE ABENÇOE!
Maio, Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, 2002...
213
Continua:
http://nestoroliveirafilho.blogspot.com.br/2017/09/continuacao-do-livro-poemas-de-um_7.html
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